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Fundada em maio de 2021, a Lastro nasceu para transformar o mercado imobiliário com seu software de gestão de imóveis. Por trás da proptech, estão as mentes de ex-executivos da GoWork, Blackstone e Nubank – entre eles, Allan Paladino. Nascido em São Paulo, o empreendedor iniciou sua carreira no mercado financeiro, com uma passagem de cinco anos no banco Credit Suisse e, como ele mesmo diz, caiu no mundo imobiliário meio por acaso.

“Aluguei uma estação de trabalho em um escritório compartilhado para trabalhar em alguns projetos e gostei muito do modelo. Conheci os fundadores de empresas neste setor, me aproximei de um deles e me juntei à empresa de coworkings GoWork para organizá-la internamente e prepará-la para uma captação”, conta Allan, em conversa com o Startups. No entanto, ele já sabia que queria empreender em algum momento.

“Fui uma criança meio nerd, sempre gostei de tecnologia e de ficar mexendo em sites. Então, fazia sentido fazer algo relacionado a isso”, afirma. Hoje, embora a Lastro siga com seu software de administração de imóveis, a startup é muito mais do que isso. Desde o início do ano, a companhia também desenvolve soluções de inteligência artificial para otimizar o setor, e vem colocando a tecnologia cada vez mais no centro de seu negócio.

Em um papo de peito aberto com o Startups, Allan falou sobre a evolução da Lastro e os próximos passos da companhia, além de suas perspectivas sobre o ecossistema de proptechs e projeções para 2024. Veja, a seguir, os melhores momentos da conversa.

Como você descreve a evolução da Lastro ao longo dos anos, acompanhando inovações do mercado?

Criamos a Lastro ao perceber que a administração de aluguéis de imóveis era muito manual, e muitas pessoas faziam fora das imobiliárias, no Excel ou no caderno, o que gerava vários erros e altos custos. Nossa ideia era fazer um software vertical para gestão de aluguéis conectado com toda a parte financeira.

No início de 2023 analisamos tudo o que estava acontecendo no mundo em relação à evolução da inteligência artificial e, como bons entusiastas de tecnologia, ficamos muito empolgados. Parece ser uma revolução que começa agora e que permitirá várias aplicações legais no mercado imobiliário e impactos na vida das pessoas.

Em março, lançamos a Lais, um chatbot mais enriquecido com informações do mercado imobiliário do que o ChatGPT convencional. As pessoas começaram a usar e fomos acompanhando as conversas que tinham com a solução. A Lais sabia informações de mercado que o ChatGPT não tinha. “Quanto vale um apartamento em tal região?”, “Crie um anúncio para o imóvel X”, “Tenho um contrato de compra e venda com determinada cláusula, posso fazer tal coisa?”. 

Também vimos pessoas usando o produto para buscar imóvel, e começamos a explorar um pouco mais essa ideia e lançamos uma 2ª versão da Lais, buscadora de imóveis. Uma experiência para encontrar um apartamento, diferente do que estamos acostumados a fazer ao ir nos sites e clicar nos filtros de busca. Fizemos esse projeto em São José do Rio Preto, no interior de São Paulo, por ser uma cidade menor que nos permitiu ter uma grande base de imóveis mapeada. 

O primeiro produto lançado pela Lastro continua rodando, mas estamos empolgados com o que conseguimos construir com inteligência artificial. Estamos em um momento de avaliar se vamos expandir o piloto de Rio Preto para outros lugares, com investimentos maiores, ou se queremos fazer um produto mais focado na imobiliária para atender os clientes, ou algo mais focado no corretor. Estamos experimentando essa tecnologia nova para tentar entender onde ela gera mais valor no mercado imobiliário.

Como você enxerga o mercado atual de proptechs? Ainda há espaço para novas empresas?

O jeito certo de olhar para o mercado não é ver a quantidade de pessoas, e sim se ainda há problemas para serem solucionados – e há. Tem muito espaço para tentar resolvê-los de uma forma que outras pessoas ainda não o fizeram, inovando. O que sinto falando com imobiliárias e corretoras é que muitas pessoas pensam que o mercado imobiliário é mais antiquado, mas acho que não. Tem uma curva normal, com uma parte do público sendo mais early-adopter às novas tecnologias e outra que adota um pouco depois. 

Temos vários problemas para serem resolvidos no país e temos pessoas bem receptivas às tecnologias e a tentar adaptar o processo para ver como a solução funcionaria melhor. Então ainda tem muita oportunidade sim.

A Lastro recebeu US$ 4 milhões em sua rodada seed há cerca de 1 ano. Como foi captar em um momento de baixa no mercado?

Captar sempre é um processo complexo. Exige bastante do empreendedor e ele precisa ter clareza do que está fazendo, entendendo exatamente como gera valor, o que o diferencia, o que pretende fazer com o dinheiro e por que a solução importa. A preparação para o processo de captação já é uma super aula para organizar coisas que às vezes você até sabe, mas nunca parou para estruturar na sua cabeça. A gente fez esse processo relativamente bem. 

A recepção dos investidores foi boa. Nosso time de fundadores tem um histórico legal no mercado, com experiências em tecnologia, mercado financeiro e mercado imobiliário, o que ajuda bastante. Nas primeiras rodadas de investimento, embora os investidores olhem a sua ideia e o mercado, também investem muito no que eles julgam ser as habilidades do time fundador. Juntamos uma equipe boa e o pessoal comprou a ideia do projeto. Não foi fácil, mas não considero um processo super difícil.

Investimos bastante no crescimento do produto original, aperfeiçoando a solução, introduzindo funcionalidades e trazendo novos clientes. Também estamos investindo nessa nova vertical de produtos de inteligência artificial.

Quais são as suas expectativas para 2024?

Estamos bem otimistas. Em linhas gerais, estamos no 1º minuto do 1º tempo de um jogo inaugural do que vai ser um campeonato super longo. Acredito nos impactos que a IA terá na produtividade das empresas e como as coisas podem ser feitas de forma mais rápida e eficiente no mercado imobiliário, e ao longo de 2024 vamos ver isso se mostrando cada vez mais. A adoção da IA no mercado imobiliário deve aparecer ainda mais, e de formas mais eficiente.

Minha visão para IA é que hoje temos o modelo cru, com um acesso via API. É comum que em novas tecnologias os primeiros usos sejam menos sofisticados. Por exemplo, quando surgiram os primeiros computadores, vários anúncios citavam a possibilidade de ter todas as suas receitas em um só lugar. O que é legal, mas não chega nem perto de todo o impacto que ele geraria depois. Quando se trata de IA, por mais que as coisas que já conseguimos fazer sejam impressionantes, acho que é como se ainda estivéssemos nessa fase das receitas e migrando para um segundo momento.

O uso realmente bom aparece quando não só usamos as ferramentas de forma crua, mas as integramos em outras coisas. Seja o corretor de imóveis gerando um anúncio, montar a descrição a partir de uma foto ou já cadastrar em seu sistema. Isso demora mais tempo, porque é diferente de usar uma tecnologia de forma isolada. Mas quando as coisas estão integradas, o impacto costuma ser muito maior. Vale para todos os setores, mas falando especificamente do mercado imobiliário, veremos isso um pouco mais evidente ao longo de 2024.

Raio X – Allan Paladino

Um fim de semana ideal tem… Esporte, amigos, e um tempinho para ler algo interessante

Um livro: “What you do is who you are”, de Ben Horowitz

Algo com que não vivo sem: Exercício de manhã, audiobooks sobre história e Coca-Cola Zero

Uma música: “The Next Time Around”, Little Joy

Uma mania: Manter o meu “to do list” no Notion organizado

Sua melhor qualidade: Curiosidade

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