5 Minutos com

5 Minutos com: Juliano Cornacchia, founder e CEO, Vórtx

Empreendedor fala sobre as estratégias para se firmar entre grandes empresas, o crescimento da Vórtx e perspectivas profissionais

Juliano Cornacchia, fundador e CEO da Vórtx
Foto: Divulgação/Arte por Startups.com.br

Juliano Cornacchia não costuma seguir padrões. Formou-se em Direito, mas atuou mais próximo da área de exatas ao especializar-se no mercado de capitais. Resolveu empreender, mas não no frontoffice do setor financeiro, como todo mundo fazia na época. “Apostar contra a tendência geralmente é mais difícil. Mas se der certo, você colhe os frutos antes de todo mundo”, dispara.

Dessas inquietações, nasceu a Vórtx, infratech que oferece soluções de backoffice para o mercado financeiro. Idealizada em 2013, a companhia começou a operar oficialmente em janeiro de 2016 e hoje soma mais de meio trilhão de reais em ativos em sua plataforma. A solução atraiu investidores internacionais como FTV Capital e os brasileiros Marcelo Maisonnave, Eduardo Glitz e Pedro Englert, ex-sócios da XP.

Em um papo de peito aberto com o Startups, o empreendedor falou sobre as estratégias da Vórtx para se firmar entre grandes empresas que já estavam consolidadas no mercado brasileiro, o crescimento da companhia ao longo dos anos e suas perspectivas profissionais. Veja, a seguir, os melhores momentos da conversa.

Como foi a decisão de deixar a advocacia para empreender?

Sempre tive, sempre fui um cara não seguidor de padrões. Por exemplo, fiz Direito, mas era muito bom com números, e no meu primeiro estágio, em um escritório trabalhista, assumi a parte de cálculos de ações, o que não era muito comum. Essa semente cresceu ao longo dos anos. Em determinado momento, decidi abandonar a advocacia porque achava que o valor da hora cobrada não remunerava a ideia que a gente entregava.

Analisando oportunidades do fazer, percebi que todo mundo estava seguindo o efeito XP de desburocratizar as plataformas independentes de distribuição, correndo para o front do mercado de capitais: criar o app, a tecnologia para a pessoa física e ir atrás de investidores que ainda não atuavam neste setor. Como já tinha atuado nesse setor como advogado, vi que tinha uma parte do mercado não estava sendo atendida: se realmente começarem a movimentar tudo o que estão prometendo, quem vai efetivamente processar e controlar tudo isso?

Decidimos criar uma companhia para fazer só o backoffice, com muito investimento em tecnologia. Quando a gente começou a Vórtx, não entrava um concorrente nesse setor há 15 anos, o que mostra o quanto o segmento estava abandonado e estagnado com os players já estabelecidos.

Como foi desafiar as gigantes do mercado e brigar pelo espaço de empresas já consolidadas?

Na época, o setor era dividido em dois grupos. De um lado, os grandes conglomerados que tinham suas próprias empresas de backoffice, como Itaú, Bradesco, Santander, entre outros. Do outro, players menores e independentes, geralmente empresas familiares. Nossa estratégia era ter foco e dedicação total em descomplicar o mercado de capitais por meio da tecnologia, enquanto os outros players também atuavam em outras áreas e segmentos.

Além disso, nos destacamos pelo investimento em tecnologia. Ao longo dos anos, a operação front já estava bem avançada em termos de inovação, mas o backoffice do mercado de capitais ainda era analógico. A principal ferramenta de solução de problemas era o telefone. Muita gente olhava e falava: “o setor é assim, não vai mudar nunca”. E não mudaria porque só os mesmos players atuavam na área.

A gente estava disposto a fazer diferente. Apostar contra a tendência geralmente é mais difícil. Mas se der certo, você colhe os frutos antes de todo mundo.

A Vórtx recebeu um aporte de R$ 190 milhões no início de 2021. O que avançou na empresa desde então?

Fizemos uma série A em 2018 e a empresa já trouxe resultados no mesmo ano, então começamos a escalar. Como o mercado estava pujante, consideramos M&A uma parte importante da estratégia da Vórtx e fizemos uma nova rodada para investir em aquisições e crescimento inorgânico. Começamos a negociar a série B em 2020 e a rodada foi concluída no ano seguinte com a gestora norte-americana FTV Capital.

Ao longo dos anos, recebemos provocação dos fundos para queimar caixa e crescer a todo custo, mas sempre tive dificuldade em acreditar em um negócio que não gera resultado e não é saudável por si só. De lá para cá, a Vórtx vem escalando gradativamente. Crescemos mais de 100 vezes desde a fundação da empresa e percebo que realmente contribuímos para uma evolução do mercado.

Fizemos 5 M&As/investimentos em empresas. Este ano, anunciamos a aquisição da Capital Aberto, plataforma de cursos, educação e conteúdo para o mercado financeiro. Por mais que o momento econômico atual seja difícil, estamos dentro do orçamento e 2023 tem sido um ano muito bom para companhia.

Como você faz para conciliar as responsabilidades profissionais com a vida pessoal?

Tenho gêmeos recém-nascidos, ao todo são 3 filhos. Consigo fazer muitas coisas ao mesmo tempo, o que ajuda a acomodar as agendas de família, trabalho e outras atividades. Gosto muito de fazer esporte, fui judoca por quase 20 anos e uma grande parte da minha vida era dedicada a isso. Depois que parei de fazer judô, comecei a fazer triathlon, participando de diversas maratonas. O esporte segue tendo um papel importante na minha rotina.

Como advogado de transação, geralmente era o único profissional responsável por uma operação com várias pessoas envolvidas, e passei boa parte da vida conciliando diferentes interesses – e fiquei bom nisso. É um pouco do que faço na companhia e na minha vida pessoal.

Como você enxerga seu futuro profissional?

A Vórtx é um sonho ainda não concluído. Sou um cara que corre atrás dos sonhos, não desisto até eles acontecerem. A empresa ainda não chegou onde eu gostaria, então esse ainda é o foco principal.

Obviamente, em algum momento tem que haver uma progressão para todo mundo caminhar. Mas, atualmente, estou dedicado à startup. A gente cria algo novo todo dia, apostando forte em intraempreendedorismo para a criação de produtos, novas áreas e serviços. O ecossistema ainda é muito fértil para a gente abandonar e tem muita coisa para ser preenchida.

Raio X – Juliano Cornacchia

Um final de semana ideal tem… Esporte

Um livro: “Por que os generalistas vencem em um mundo de especialistas”, de David Epstein

Algo com que não vivo sem: Meus filhos

Uma música ou artista preferido: Zezé Di Camargo & Luciano

Um prato preferido: Churrasco

Uma mania: Não seguir padrões

Sua melhor qualidade: Intensidade