Quando se fala em benefícios flexíveis no Brasil, Ricardo Salem é um dos principais nomes à frente deste movimento. Nascido em São Paulo, o engenheiro de formação entrou cedo para o mundo dos negócios e se juntou aos irmãos Pedro e Guilherme Lane para fundar a Flash, plataforma de gestão da jornada de trabalho que permite que as empresas centralizem a gestão de pessoas, despesas corporativas e multibenefícios de forma integrada.
Com mais de Possui mais de 30 mil empresas clientes e 1 milhão de usuários, a companhia atraiu fundos de peso como Battery Ventures e Whale Rock. Eles lideraram a rodada série C da Flash em 2022, no valor de US$ 100 milhões, juntando-se aos investidores Tiger Global, Tencent, Monashees, GFC e Citius, assim como Hans Tung, Rahul Mehta e Kevin Efrusy.
Em um papo de peito aberto com o Startups, Ricardo falou sobre o momento atual da Flash, tanto em termos de estratégia quanto de saúde financeira. Além disso, refletiu sobre a evolução do negócio nos últimos dois anos, posicionando-se como uma plataforma cada vez mais ampla e robusta para atender às dores dos RHs e colaboradores.
O executivo também compartilhou suas percepções de mercado, frente ao recente processo que as startups de benefícios tomaram da Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT), que representa empresas como Sodexo, Alelo e Ticket, e que acusa empresas como a Flash, Swile, Caju e outras de concorrência desleal. Mais recentemente, as startups foram ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para que a autarquia investigue práticas anticoncorrenciais, alegando que práticas de rebate, proibido por lei, seguem sendo feitas sob a forma de “serviços de valor agregado”.
Veja, a seguir, os melhores momentos da conversa:
Como você define o momento atual da Flash?
Estamos materializando o que chamamos de “o grande sonho”. Ou seja, aquela visão de dois anos atrás de enxergar oportunidades para impactar a vida dos clientes de forma relevante, olhando para as dores que podíamos resolver tanto para o RH quanto para o colaborador.
Dos RHs com quem conversamos, 70% dizem utilizar cinco ou mais ferramentas para gerir a jornada e 30% afirmam administrar a base de colaboradores em uma planilha. Ao mesmo tempo, 80% dos RHs estão sobrecarregados e não dão conta da quantidade de processos que precisam gerenciar. Esse cenário ficou ainda mais complexo no pós-pandemia, com a pressão sobre digitalização e eficiência. E a Flash conseguiu apoiar os RHs e os colaboradores a terem uma jornada muito mais leve, fluída e encantadora.
Agora, temos a Flash como líder entre os novos players do mercado de benefícios e temos uma adesão incrível de empresas já utilizando as novas soluções que tornam a plataforma cada vez mais ampla e pronta para ser massificada e se tornar, espero, a principal plataforma para ajudar as empresas na jornada com o colaborador.
Em paralelo, temos o luxo de continuar bem capitalizados, com investidores muito felizes com o que já entregamos até aqui e nos oferecendo mais capital, apesar de acharmos que não é a hora de ter essas conversas. Mas estamos começando a olhar para frente e pensar quais serão os próximos movimentos para seguir materializando a visão mais ampla de plataforma.
A última captação foi em março de 2022. Ainda não estão estruturando a próxima rodada?
Ainda tem uma posição muito confortável de caixa – benefício de ter feito uma execução focada e eficiente, apesar de sonhar grande e abrir várias avenidas de negócio. Hoje, temos a oportunidade de escolher quando e com quem a gente quer ter essa conversa [da rodada].
Frequentemente chegam investidores querendo provocar esses movimentos, e a gente vai escolher quando for o momento certo, com o investidor certo. Provavelmente, virá na hora de acelerar planos de inovação novamente, o que não é um objetivo para agora. Pode ser que seja já já, mas ainda não temos um plano claro sobre isso.
Como você enxerga o movimento da ABBT, de entrar com um processo contra startups de benefícios flexíveis alegando concorrência desleal?
Proteção do legado. A única constância na atitude dos incumbentes, especialmente nos últimos cinco anos, foi tentar proteger o status quo e impedir que ele mudasse; Mudança essa que seria benéfica para absolutamente o mercado inteiro – para a empresa, o colaborador e o restaurante. Então, não tem por que não evoluir esse movimento.
Todos os argumentos foram muito vazios. Eles tentaram acionar várias esferas, do regulatório ao Cade, a processos em instâncias da justiça. Recentemente, nós fizemos uma denúncia no Cade para investigar práticas de rebate e serviços de valor agregado que continuam acontecendo no mercado de benefícios.
Temos trabalhado bastante para que o mercado continue evoluindo, apesar da tentativa deles de impedir esse movimento.
Como tem sido empreender em um momento de mercado mais desfavorável, com alta de juros, busca por eficiência e incertezas macroeconômicas?
Diria que para nós tem sido mais fácil do que a média, porque a gente vinha entregando muito crescimento e, ao mesmo tempo, estávamos muito bem capitalizados. Dito isso, acho que o maior desafio para qualquer CEO nesse contexto é lidar com a volatilidade de sinais, critérios e direções. Para onde olhar, quando olhar, as mudanças no mercado de capitais e o mundo passando por diferentes choques a cada semestre. E o Brasil sofre ao cubo do que os países desenvolvidos.
É importante absorver essa volatilidade e dar uma clara direção para a companhia. Definir como vai crescer, e fazê-lo com eficiência. De longe, o maior desafio nos últimos dois anos foi dosar o crescimento com eficiência e as decisões que vêm com isso, transmitindo constância em um momento de volatilidade.
Raio X – Ricardo Salem
Um fim de semana ideal tem… família e amigos
Um livro: “The Hard Things About The Hard Things”, de Ben Horowitz
Uma música ou artista preferido: Adoro ouvir Ed Sheeran com a minha filha
Uma mania: Ficar o tempo todo lendo e aprendendo sobre coisas aleatórias
Sua melhor qualidade: Resiliência com otimismo