5 Minutos com

5 Minutos com: Richard Zeiger, sócio da MSW Capital

Gestor falou sobre o mercado de CVC no Brasil e ampliação do fundo MultiCorp 2, com a possível entrada de novos cotistas

Richard Zeiger, sócio da MSW Capital
Richard Zeiger, sócio da MSW Capital (Foto: Divulgação/Arte por Startups)

Mesmo com sangue empreendedor, foi somente ao entrar para a empresa júnior da faculdade que Richard Zeiger despertou, de fato, para o empreendedorismo. Formado em Administração pela PUC-Rio com pós-graduação pela Universidade da Califórnia San Diego e pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o gestor passou por grandes empresas como L’Oréal e Merrill Lynch até que, em 2008, ingressou na MSW Capital, gestora carioca especializada na indústria de corporate venture capital, ao lado do sócio Moises Swirski.

Atualmente, a MSW é gestora de quatro fundos: o BB Ventures, do Banco do Brasil, o Embraer Ventures, o BR Startups e o MultiCorp 2, fundo multi-corporativo que já conta com BB Seguridade, Baterias Moura, Embraer e AgeRio como cotistas. O MultiCorp 2 foi anunciado em junho de 2022, com R$ 100 milhões disponíveis para impulsionar negócios de inovação em setores de sinergia com as empresas investidoras. Desde então, o veículo investiu aproximadamente R$ 40 milhões em seis startups – NexAtlas, Tidewise, SpeedBird, Lina, Voltbras e Automini.

Em um papo de peito aberto com o Startups, Richard falou sobre o avanço do MultiCorp 2, que acelerou o número de aportes no último ano, e suas perspectivas para o mercado de CVC no Brasil. Além disso, falou sobre a ampliação do tamanho do fundo multi-corporativo, com a possível entrada de novos cotistas, e comentou sobre as prioridades da MSW Capital para o próximo ano, focada no trabalho com as investidas, nas oportunidades de geração de negócios e no aumento do time.

Veja, a seguir, os melhores momentos da conversa:

A MSW esteve bem ativa nos últimos dois anos, anunciando vários investimentos mesmo em um período de incertezas macroeconômicas. Como tem sido passar por esse momento, e como você enxerga o mercado atual?

Ano passado realmente foi muito intenso. Fizemos sete investimentos – cinco pelo fundo MultiCorp 2 e dois pelo fundo do Banco do Brasil, o BB Ventures. De certa forma, a gente estava com a prancha no mar na hora certa, e surfamos a onda. Quando os VCs tradicionais se retraíram por conta da crise, as corporações aceleraram. Então, surgiram muitas oportunidades que talvez não viessem para um fundo multicorporativo, o que nos permitiu fazer excelentes investimentos.

A jornada de um programa de CVC pode ser dividida em quatro grandes fases. A primeira é a estruturação pré-operacional, que muitas vezes demora e, em alguns casos, as corporações não conseguem concluir. No entanto, no Brasil, a maioria das 100 maiores empresas conseguiu superar essa etapa. A segunda fase é marcada por um período de investimento intenso, como vimos no último ano. Agora, estamos entrando na terceira fase: após os investimentos, é preciso dar sentido a eles, indo além do aporte financeiro e criando sinergias com as unidades de negócios.

A quarta fase, que deve ocorrer em cerca de dois a três anos, envolve pensar no exit e obter retornos financeiros. Nunca tantas corporações haviam anunciado fundos de venture capital como agora. A safra mais recente está justamente saindo da fase de investimento intensivo, e o foco passa a ser dar sentido a esses investimentos. Isso não significa que novas corporações não surgirão nesse cenário, mas o volume não será o mesmo observado em 2022 e 2023.

Quais as prioridades do MultiCorp 2 neste momento?

O Multicorp 2 já realizou seis investimentos e possui uma carteira espetacular, com negócios nos setores aeroespacial, de seguros, transição energética, entre outros. Essas startups já estão gerando retorno estratégico para as corporações com as quais colaboram, e o retorno financeiro também está a caminho.

Agora, estamos em conversas com novas corporações interessadas em investir e expandir o fundo. Temos observado um crescente interesse de family offices que querem fazer uma diversificação e trazer um novo olhar para seus investimentos. Inclusive, já captamos uma rodada com um family office, que ainda não foi anunciada.

O que você destaca como diferenciais da MSW, como gestora de CVC?

Somos pioneiros em corporate venture capital, ajudando corporações a iniciar ou fortalecer seus programas de CVC. Além disso, fomos os primeiros a criar o modelo multi corporativo, o multi corporate venture capital, o que nos permitiu desenvolver um profundo entendimento de como atender à demanda que as corporações têm por inovação.

Nosso primeiro fundo já foi multicorporativo, e aprendemos a trabalhar com as corporações, ajudando a trazer inovação para dentro de suas estruturas por meio desses investimentos. O diferencial está justamente em ver as corporações não apenas como investidoras, mas como parceiras estratégicas no desenvolvimento das startups, funcionando como catalisadoras de inovação. Elas oferecem muito mais do que apenas o aporte financeiro: proporcionam contratos, co-desenvolvimento de soluções, provas de conceito (POC) e validação — tudo que uma startup em estágio inicial precisa além de dinheiro.

Como você descreve o momento atual da MSW?

Temos três prioridades. Primeiro, o cuidado com as investidas. Nosso portfólio é extenso, e queremos estar bem próximos das startups, dedicando muita atenção a elas. Temos colocado bastante energia nesse relacionamento, participando ativamente dos conselhos, junto às startups e executivos das corporações.

O segundo foco é a expansão do MultiCorp 2. Como mencionado anteriormente, estamos explorando novas corporações e tipos de investidores, incluindo investidores financeiros e family offices. Em paralelo, estamos desenvolvendo novos produtos proprietários, com a possibilidade de lançar mais um fundo, já que sabemos de corporações que estão criando seus próprios CVCs, e estamos sempre analisando, quem sabe, para aproveitar essas oportunidades.

Por fim, o terceiro pilar é o crescimento da equipe. Estamos constantemente em busca de profissionais que compreendam a dinâmica do nosso mercado, saibam se comunicar com empreendedores e, ao mesmo tempo, se conectar com as corporações.

Quem é Richard Zeiger fora do trabalho? 

Vou me definir em uma palavra: pai. Tenho dois filhos e, se me perguntassem hoje o que nasci para ser, eu diria que é isso. É o que me dá mais prazer. Claro, dá muito mais trabalho do que cuidar de uma startup, mas o retorno é infinito. Estar com minha família — minha esposa, meus filhos, e ver meus pais próximos deles — é o que realmente me traz mais alegria.

Já foi muito o Flamengo. A gente continua ganhando, mas hoje minha vida fora do trabalho é a de pai. Tenho filhos pequenos, um de dois e outro de três anos e meio. Então ainda estou na fase seed, que demanda bastante.

Raio X – Richard Zeiger

Um fim de semana ideal tem… uma volta de bicicleta com meus filhos e minha mulher

Um livro: “Start Up Nation”, de Dan Senor e Saul Singer

Uma música: “Meu Pequeno Coração”, do Mundo Bita

Uma mania: Sou viciado em biscoito de polvilho

Sua melhor qualidade: Ser um bom ouvinte