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Apesar da crise, fintechs brasileiras avançam e miram Open Banking

Pesquisa indica que 72% das fintechs no país estão criando soluções alinhadas às regulamentações do PIX ou Open Banking

Ideia
Foto: AbsolutVision/Unsplash

Embora a crise tenha afetado o mercado das fintechs, o setor amadureceu e o número de empresas com faturamento acima de R$ 5 milhões anuais continuou a crescer. É o que indica a pesquisa Fintech Deep Dive 2022, realizada pela Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) em parceria com a PwC Brasil. O estudo traça o perfil do ecossistema de inovação e empreendedorismo no segmento de serviços financeiros do país com base em informações de 156 fintechs de diferentes setores. Os dados foram coletados entre março e abril de 2022.

Em 2020, a fatia de fintechs com faturamento entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões era de apenas 6%. No ano seguinte, a porcentagem subiu para 11%. A quantidade de empresas que faturam mais de R$ 10 milhões saltou de 9% para 16% no mesmo período. Já o número de companhias sem faturamento diminuiu de 38% para 14% em um ano.

Em relação ao volume de investimentos, a pesquisa indica que a parcela de empresas que levantaram capital diminuiu em 2020, mas voltou a crescer em 2021. No ano passado, 41% das fintechs entrevistadas afirmaram ter recebido investimentos, contra apenas 26% no ano anterior. 31% classificam seus investidores como “anjos” e 27%, como venture capitalists. As aceleradoras são 15%.

O perfil das fintechs

Segundo a pesquisa, a principal barreira em relação à gestão das fintechs é atrair recursos humanos qualificados, destacado por 56% das startups entrevistadas em 2022. As empresas também citam a dificuldade de alcançar escala necessária para operações (51%), obter investimento (41%), ter reconhecimento de marca (38%) e gerar receita (29%).

O perfil das empresas é jovem, otimista e em busca de equilíbrio financeiro. O levantamento mostra que 68% das fintechs têm menos de 5 anos de existência. 63% das entrevistadas estão no início da operação, 31% em fase de expansão ou consolidação (em 2020 eram 39%) e 6% em idealização ou desenvolvimento de MVP.

O estudo indica que 65% das fintechs esperam mais do que dobrar sua receita em 2022. Além disso, 35% atingiram o break-even [ponto de equilíbrio, sem lucros nem prejuízos] e entre as restantes, 52% esperam atingi-lo em até 2 anos.

Em 2021, cerca de 41% das empresas afirmam ter recebido investimentos, contra 26% em 2020 e 36% no ano anterior. Poucas empresas recolhem à Lei do Bem, que concede incentivos fiscais às pessoas jurídicas que promovem pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica no país. O estudo mostra que 96% das fintechs nunca se beneficiaram desta regulamentação. Os motivos podem ser desconhecimento, falta de controles internos ou o fato de ainda não terem atingido o nível de faturamento para o regime de lucro real.

A maioria (44%) das fintechs apresentam soluções para o B2B e o B2C. 40% estão voltadas exclusivamente para outras empresas e apenas 10% olham somente para o consumidor final. Como diferenciais, 51% destaca a redução de custos, seguida pela desintermediação (32%) e acesso a uma vasta base de usuários (30%).

Oportunidades de negócio

Ao se preparar para o futuro, as fintechs brasileiras já sabem no que apostar. De acordo com a pesquisa, essas empresas estão de olho no Open Banking, tendem a explorar as possibilidades do PIX e diversificar a oferta de produtos e serviços para atrair clientes.

De acordo com o estudo, 72% das fintechs no Brasil estão desenvolvendo soluções alinhadas às regulamentações do PIX ou Open Banking. Para 79%, já é possível colher benefícios dessas iniciativas ou prever resultados positivos em até um ano. 

“O Open Banking tem muito potencial, que ainda não foi totalmente explorado. O mercado vai seguir em transformação em virtude desse recurso, já temos a regulação, mas ainda é preciso cuidar da infraestrutura de integração do Open Finance, o que exige tempo. Em um futuro próximo, devemos ver marketplaces de crédito e outros serviços financeiros, por exemplo”, diz Diego Perez, diretor da ABFintechs, em nota.

Os três principais segmentos de atuação das fintechs atualmente são crédito (36%), meios de pagamento (31%) e bancos digitais (30%). E essas são justamente as apostas das empresas para o próximo ano, focadas em reduzir custos de produtos e serviços.