Metamorfose

Metamorfose: Data driven precisa integrar a estratégia da empresa para mobilizar

Resistência para o uso e pleno aproveitamento do data driven são sinais de que a cultura deve ser revista, afirmam executivos

Foto: Divulgação
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* Maria Laura Saraiva, especial para o Startups

A cultura data driven vem sendo cada vez mais adotada pelas empresas que buscam apoio na tomada de decisões. Conceitualmente, a estratégia diz respeito a gestão orientada por dados; isto é, tendo como base a análise de informações. 

“O data driven está inserido no campo da inovação devido ao seu grau de incerteza elevado”, explica Francisco Setúbal, head do Energisa Digital Labs, centro de inteligência artificial voltado ao setor elétrico. O executivo participou de um bate-papo ao lado de Cezar Taurion, mentor e advisor do segmento de tecnologia, nesta terça (25), durante o Metamorfose, evento realizado pelo Grupo Energisa em parceria com o Startups, em São Paulo. 

O encontro no Google for Startups reuniu fundadores, investidores e nomes do ecossistema de inovação para falar sobre inovação aberta e dados. O evento foi transmitido na íntegra pelo canal do Startups no YouTube e a gravação está disponível neste link.

Segundo Francisco, existem 5 pilares para a execução do data driven nas empresas: a inclusão de pessoas, processos, metodologia, topologia e tecnologia. No entanto, a complexidade dos projetos ligados ao uso de dados faz com que seja mais tangível tocar a área como um elemento experimental. “Fica mais fácil tirar do papel dessa forma”, comenta.

Mesmo assim, o segmento vem evoluindo rapidamente. Em comparação a décadas anteriores, o volume de informações disponíveis e o barateamento da operação facilitaram a aderência do conceito no mercado, afirma Taurion. “Nos anos de 1980, já tínhamos noções de deep learning e machine learning, mas a falta de dados inviabilizava seu desenvolvimento”, explica. Somado a isso, o elevado custo dos materiais e inexistência de ferramentas como a nuvem, constituam obstáculos para a decolada do setor. 

Mobilização das equipes

No cenário atual, os desafios transpassam a implementação e alcançam outro estágio, o da mobilização. Nesse aspecto, a resistência para o uso e pleno aproveitamento do data driven são sinais de que a cultura deve ser revista, levando sempre em consideração sempre as individualidades de cada departamento, detalharam os executivos.

“O primeiro passo é começar com uma área importante, que possua uma liderança arrojada. Quando vierem os primeiros resultados, isso deve estimular a competição na própria organização”, explica Cezar. 

Em seguida, vem a propagação da inovação como um valor, acrescenta Francisco. O head afirma que essa mudança cultural deve integrar a estratégia de negócio a partir da adoção de conceitos como o “learning by doing” (“aprender fazendo”, na tradução do português) e o “aprender com o erro”, além do apoio das lideranças. “Se forem aplicadas apenas as boas práticas, você se mantém onde já está”, afirma. 

Outro ponto essencial para a mobilização das equipes é a relevância das análises obtidas. Se o impacto gerado pelo data driven não for significativo, a chance de baixa adesão aumenta. Exatamente por isso, os dados devem responder a questionamentos específicos e importantes para a dinâmica do negócio. “A experimentação precisa ser em ambiente controlado, se não dá choque”, diz o head. 

A regra também vale para outras esferas da inovação, como a própria conexão com startups. Nesses casos, por exemplo, Cezar explica que as parcerias devem ter uma clara contribuição com os objetivos e estratégias da empresa, além de oferecerem soluções que interessam aos clientes. Os critérios de avaliação ainda incluem maturidade e independência, mesmo que a pivotagem se mostre comum nesse tipo de dinâmica. “A inovação é um processo contínuo. O importante é começar”, conclui Francisco.