Negócios

Alper separa TI em nova empresa, a AlperTech, e estuda CVC próprio

A ideia é que, com uma estrutura apartada, seja possível ter mais governança e capacidade de atuação junto aos negócios do grupo

Foto: Canva
Foto: Canva

A corretora de seguros Alper Seguros decidiu separar sua área de tecnologia e inovação em uma nova empresa e criou a AlperTech. A ideia é que, com uma estrutura apartada, seja possível ter mais governança e capacidade de atuação junto aos negócios do grupo.

O movimento lembra o que o banco Santander fez com a separação da sua área de tecnologia em uma nova empresa, a F1rst Tecnologia, em meados de 2021

A AlperTech contará inicialmente com 30 pessoas e ficará responsável pelo desenvolvimento de novos sistemas, data & insights, produtos digitais, segurança, infraestrutura, CRM, marketing e eventos. Também estará sob seu guarda-chuva o programa de aceleração de startups Alper Digital.

A nova companhia será liderada por Gustavo Croitor, que chegou à Alper em maio como vice-presidente de digital, marketing e TI. “Temos um planejamento forte de 5 anos, com 3 anos já apresentados para o Conselho. A tecnologia é um pilar estratégico para a companhia. Uma habilitadora de negócios”, diz o executivo em conversa exclusiva com o Startups.    

De acordo com ele, a AlperTech tem alguns projetos prioritários. Um deles é a internalização de algumas atividades que hoje são feitas por terceiros. A parte de dados, por exemplo, é uma delas. Também está nos planos expandir o CRM, incluindo novas práticas e automações para potencializar as vendas.

Em breve, a companhia também pretende colocar no ar um marketplace para venda de diversos tipos de seguros de diferentes seguradoras. No lançamento, serão 6 tipos de produtos disponibilizados. Além da criação de uma interface de atendimento externa (frontend), a nova ferramenta está recebendo um grande investimento debaixo do capô (backend), com a criação de API´s para que as seguradoras se conectem. “É um trabalho conjunto com o mercado para que todo mundo fique confortável com o que está sendo construído.

De acordo com Gustavo, esse passo coloca a Alper no caminho do Open Insurance, iniciativa da SUSEP que começou a acontecer no fim de 2021 e tem suas 2ª e 3ª fases previstas para serem concluídas até meados de 2023.

Há ainda outras 3 iniciativas no radar: fazer a mudança da plataforma Office, da Microsoft, para o Workspace, do Google; o projeto Alper Cloud Ready, que vai colocar os sistemas da corretora na nuvem do Google; e a adoção do Workspace, do Facebook.   

Como já deu para perceber, a AlperTech terá bastante trabalho atendendo os negócios da Alper, por isso não está no planejamento de curto prazo vender seus produtos e serviços para outras empresas. Dessa forma, o desempenho da companhia será medido por indicadores de ganho de eficiência operacional e de aumento de receita na Alper.

Gustavo afirma, no entanto, que nada impede que, no futuro, a companhia passe a atender outras empresas e gere suas próprias receitas.  

Relação com startups

Há 4 anos a Alper tem o programa Alper Digital, que já acelerou 12 companhias, incluindo Unit, Hi! healthcare intelligence, Ismac Cybersecurity, VIK e Cíngulo.

O relacionamento com o ecossistema, aliás, colocou a Alper na lista das 100 empresas que mais contratam startups no país, da 100 Open Startups.

Segundo Gustavo, o plano é ampliar o Alper Digital, mas está em estudo dar um novo passo no relacionamento com o mundo das startups e montar um fundo de investimento próprio, um CVC. “Já estamos falando com o mercado”, diz.

Um dos caminhos a serem seguidos, segundo ele, é de fazer investimentos em negócios que não estão diretamente ligados ao mundo dos seguros, segmentos que podem, no futuro, se encontrar com esse mercado. Como exemplo, ele citou o caso da Ambev com o aplicativo de entregas Zé Delivery, que, além das bebidas da cervejaria, tem produtos até de concorrentes.

Gustavo não descarta também a possiblidade de a AlperTech fazer suas próprias aquisições na área de tecnologia.  

O investimento direto em startups, ou as aquisições estão alinhados com a estratégia de crescimento inorgânico da Alper. Só este ano, foram 3 operações, sendo a mais recente a incorporação da corretora Good Winds, especializada no mercado de aviação. A operação anunciada na semana passada está estimada em R$ 36 milhões.    

Balanço

Com capital aberto na B3, a Alper encerrou o 3º trimestre com crescimento de 91,8% na receita líquida na comparação com o mesmo período de 2021, para R$ 69 milhões. O Ebitda ajustado atingiu R$ 13,4 milhões, com expansão de 114,7% e o lucro líquido ajustado ficou em R$ 18 milhões, alta de 692%. No acumulado do ano, a receita líquida apresentou avanço de 73,2% e o Ebitda ajustado ficou em R$ 35,2 milhões, com margem de 20,5%.

Um dos destaques do período foi o aumento na diversificação de receita. Entre as unidades da companhia, a de Benefícios e Previdência apresentou crescimento de 40,7%; Riscos Corporativos avançou 180,8%; Transportes registrou expansão de 120,2% e Automóveis alta de 44,3%. Já o Agro registrou avanço de 1.081,9%, puxado, principalmente, pela aquisição da JDM e pela parceria com a AgroGalaxy, além do desempenho do setor desde o ano passado.