Investimento

InDrive lança fundo de US$ 100M com foco em startups de impacto social

Iniciativa é voltada a startups em estágio seed ou pré-série A, e tem o Brasil como uma de suas prioridades para investimentos

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inDrive cria fundo de US$ 100 milhões para startups (Foto: Startups.com.br)

A inDrive, plataforma global de serviços urbanos e de mobilidade, acaba de anunciar o lançamento do New Ventures, seu braço de investimentos e M&A que prevê investir até US$ 100 milhões em startups. Segundo a companhia, o intuito é apoiar negócios em todo o mundo, com foco em empresas que gerem impacto positivo e desafiem injustiças sociais, melhorando a vida de indivíduos e comunidades.

O veículo de investimento é voltado a startups em estágio seed ou pré-série A, que tenham presença em seu mercado local e potencial de expansão global. Além disso, é importante que a companhia tenha economia e fluxo de caixa saudáveis, um product-market-fit comprovado e também apresente um rápido crescimento orgânico.

Segundo Andries Smit, ex-executivo do Morgan Stanley e Aviva e atual vice-presidente do New Ventures, a iniciativa vai priorizar companhias e empreendedores de mercados emergentes. “Estamos analisando 22 mercados específicos e de alto crescimento, como Brasil, México, Colômbia e Índia, além de outras regiões talvez não tão óbvias como Mongólia, Nepal, Filipinas e diversos países na África”, disse o executivo em conversa exclusiva realizada com jornalistas nesta terça-feira (28).

“Temos encontrado fundadores com uma mentalidade muito saudável nessas regiões. Empreendedores nos mercados emergentes estão focados na rentabilidade do negócio. Fundamentalmente, eles precisam que as empresas sejam rentáveis para que possam sobreviver e não podem simplesmente contar com um próximo grande round para se manter vivos”, avaliou Andries.

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Andries Smit, vice-presidente do New Ventures, braço de investimentos e M&A da inDrive (Foto: Divulgação)

Geração de valor

“Uma das razões pela qual existe injustiça social nos mercados emergentes, especificamente agora no contexto de investimento em startups, é a falta de exits. Quando analisamos o valor que podemos gerar para as investidas, o grande benefício do New Ventures como investidor estratégico é a possibilidade de comprar a empresa. Se sou um fundador e sei que meu investidor pode eventualmente ser meu exeter, isso é mágico nos mercados emergentes”, destacou Andries.

O intuito do New Ventures é ajudar startups bem-sucedidas mas que, de certa forma, estão fora dos holofotes – as chamadas “hidden gems” (jóias escondidas) como descreveu Andries. “Queremos ser a plataforma de expansão para empreendedores nas economias emergentes. Ajudá-los não apenas com o dinheiro, mas também com experiência go-to-market, conexão com potenciais clientes e tudo o que for necessário para que a startup decole”, afirmou.

Atualmente, a inDrive opera em mais de 48 países, com mais de 220 milhões de downloads em todo o mundo. Com os aportes, a expectativa é trazer soluções digitais para que a companhia possa atender com ainda mais eficiência seus três segmentos de clientes: passageiros, motoristas e empresas. Segundo Andries, as startups mais atrativas são, é claro, aquelas com produtos e serviços de mobilidade e que atendam à cadeia de valor da inDrive

Além disso, a companhia também está olhando para as transversais, ou seja, negócios que não fazem parte do core business, mas que melhoram a experiência dos clientes da plataforma de serviços urbanos. “Estamos de olho nos problemas que nossos clientes têm e nas formas como podemos apoiá-los. Nossos motoristas têm demanda por crédito, seguros, assim como nossos passageiros e clientes empresariais. Então estamos adotando uma mentalidade aberta quando olhamos para segmentos de startups investidas”, destacou Andries.

A companhia tem um olhar especial para o Brasil e considera o país um dos três de maior prioridade para o New Ventures. “É o país com maior PIB e população na América Latina. Além disso, é uma região diferente das outras do continente, com um idioma e mentalidade diferentes dos demais, o que aumenta ainda mais o nosso interesse. Os brasileiros são pessoas ousadas, com interesse em novos projetos. Grandes mudanças estão por vir e queremos ajudar a levar mais eficiência neste processo, e acelerar o crescimento dos negócios”, destacou Ivan Didus, diretor do New Ventures na América Latina.

Os executivos afirmam não ter um prazo para realizar os investimentos. “Uma das falhas de alguns modelos de capital de risco é que os seus fundos têm prazos de validade e têm de mobilizar capital numa determinada velocidade. Tentamos evitar isso, pois estar muito vinculado a um cronograma faz com que você tome decisões horríveis de investimentos”, observou Andries. 

Ainda assim, ele revela que o projeto do New Ventures é bastante ambicioso. ” Não ficaria surpreso se dermos alguns grandes passos relativamente em breve. Não vamos definir um cronograma para isso, mas também não vamos esperar. Esses investimentos são críticos para nós, pois queremos diversificar o grupo e ter certeza de que vamos manter o excelente crescimento que já estamos obtendo”, concluiu o VP.