South Summit

1 dólar em media for equity vale mais do que dinheiro?

Em painel no South Summit, gestores da RBS Ventures, 4Equity e ACE discutem oportunidades e desafios do modelo

Em painel no South Summit, gestores da RBS Ventures, 4Equity e ACE discutem oportunidades e desafios do modelo
Em painel no South Summit, gestores da RBS Ventures, 4Equity e ACE discutem oportunidades e desafios do modelo (Foto: Divulgação)

Se nos Estados Unidos o modelo de Media 4 Equity não é nenhuma novidade, aqui no Brasil parece que só foi há pouco tempo que este tipo de investimento virou um assunto sério para o mercado. Em painel durante o South Summit Brazil, em Porto Alegre, executivos aproveitaram para discutir oportunidades e desafios do modelo. E na largada, uma pergunta chamou a atenção.

“Na hora de investir, um dólar em media for equity vale o mesmo do que colocar dinheiro, o papel-moeda, no negócio?”, disparou Daniel Chalfon, sócio da Astella e um frustrado empreendedor de media for equity no passado, segundo ele mesmo.

Do lado de quem opera fundos de media 4 equity, como é o caso do empresário gaúcho Maurício Sirotsky Neto, diretor da RBS Ventures, a resposta é sim. Segundo o líder do braço de investimentos em media 4 equity do maior grupo de mídia do sul do país, o valor entregue vai além da exposição nas mídias do grupo.

“Acho que um dólar em media for equity pode até valer mais do que em dinheiro na hora de investir em mídia, pois entregamos junto a inteligência de marketing e comunicação”, pontua Maurício. Segundo ele, no modelo da RBS Ventures, as investidas têm acesso a uma divisão do Grupo RBS chamada Mesa de Performance.

A Mesa de Performance, frente de serviços lançada no ano passado, atende clientes comerciais para melhorar a eficiência das campanhas a partir da análise de dados e de processos ágeis. “Todas as nossas investidas tem acesso a esse serviço, e é um custo que nós assumimos totalmente”, explica.

Felipe Hatab, fundador e CEO da 4Equity, fundo especializado na modalidade que tem chamado a atenção nos últimos tempos, endossa a opinião de Maurício. “Media For Equity não é um modelo de negócio. É um meio de pagamento, em que você usa o seu equity value para impulsionar seu valor de mercado”, destaca.

Entretanto, na visão de Maurício, isso não quer dizer que a exposição qualificada na mídia via o investimento em equity seja a solução para todos os problemas. “Não pensem que investimos em inventário ocioso. Procuramos produtos capazes de ganhar tração rápida no mercado”, explica, fazendo menção à máquina de mídia que a RBS possui no Rio Grande do Sul – 11 regionais, cinco rádios, três jornais e diversos veículos digitais, atingindo dezenas de milhões de gaúchos.

Peralá

Enquanto Maurício e Felipe defenderam suas teses, Pedro Waengertner, CEO da Ace Ventures, trouxe uma ponderação válida. “Ainda existe um viés do venture capital tradicional em relação à viabilidade e o valor do media for equity, algo semelhante ao que as aceleradoras sofreram há dez anos”, afirma.

Segundo ele, é salutar a difusão de formas alternativas de investimento no ecossistema de startups, mas modelos alternativos precisam se provar para serem aceitos mais amplamente. “À medida que a geração de valor a partir do media for equity for melhor percebida, abrem-se outras formas de inovar dentro do VC tradicional”, avalia.

Como se prova esse valor? Na visão de Pedro, a resposta é simples: “A cura para o viés é o case de sucesso. No momento em que estiver claro como isso é vantajoso, todo mundo vai pular junto”, afirma.

Antes do painel acabar, Felipe trouxe os cases. Além de exemplos gringos, como o de fundos europeus como o German Media Pool, que inspirou o modelo da 4Equity, ele citou a Globo Ventures, veículo lançado em 2017 que investiu em diversas startups com o capital de mídia do maior conglomerado do país. “Stone e QuintoAndar hoje se beneficiam desse investimento. Toda essa exposição que vemos no BBB, por exemplo, é resultado dessa estratégia”, pontua.

Sobre os cases próprios, Maurício falou da Salute, healthtech gaúcha de serviços de saúde B2C. O fundo investiu R$ 10 milhões na startup em julho do ano passado, e já colheu resultados desde então. “Em menos de um ano de campanhas, os acessos da empresa subiram 30% e a base de clientes aumentou 22%”, revela.

Do lado da 4Equity, Felipe não falou sobre resultados, mas resumiu alguns dos recentes aportes que a empresa fez – a lista vai de QuintoAndar a Daki e Finanzero, e um novo contrato está para ser anunciado. A companhia deve anunciar em breve um aporte de R$ 20 milhões na Shopper, outro player local de supermercado online. “Vamos anunciar na semana que vem, mas estou falando aqui em primeira mão”, destacou Felipe para a plateia do South Summit, mas sem entrar em detalhes. Vamos esperar, então.