Fintech

QI Tech engorda série B e vira novo unicórnio brasileiro

Extensão da rodada coloca mais US$ 50 milhões no caixa da fintech, que há seis meses anunciou um aporte de US$ 200 milhões

Marcelo Bentivoglio (às esq.), Pedro Mac Dowell e Marcelo Buosi, fundadores da QI Tech
Marcelo Bentivoglio, Pedro Mac Dowell e Marcelo Buosi, fundadores da QI Tech

Os últimos meses foram bastante agitados para a QI Tech, startup brasileira especializada em infraestrutura tecnológica para serviços financeiros. Após receber um aporte de US$ 200 milhões no fim de 2023 e adquirir 100% da corretora Singulare para crescer em FIDCs, a fintech acaba de anunciar uma extensão da sua rodada série B, colocando mais US$ 50 milhões no caixa com os seus já investidores General Atlantic e Across Capital.

A rodada anterior deixou a fintech em um valuation próximo de US$ 1 bilhão. Agora, com o novo cheque, a companhia confirma ter ultrapassado oficialmente este marco, avaliada em aproximadamente US$ 1,5 bilhão.

“Alcançar o status de unicórnio é reflexo do trabalho árduo e da colaboração de cada membro de nossa equipe, e nós agradecemos profundamente a confiança contínua e o apoio da General Atlantic e de nossa base de investidores”, diz Pedro Mac Dowell, fundador e CEO da companhia, em comunicado enviado à imprensa.

A decisão de captar apenas seis meses depois do aporte anterior foi porque a empresa já gastou boa parte daquela grana na compra da Singulare. Embora o valor da transação não tenha sido divulgado, a QI Tech adicionou cerca de R$ 97 bilhões em valores sob custódia, divididos entre mais de 960 fundos administrados, para impulsionar o seu crescimento de mercado e posicionamento na frente de crédito.

Como já havia sido adiantado pelo Startups, os M&As serão parte importante da estratégia da QI Tech no curto e médio prazo. A fintech pretende acelerar seus planos de expansão por meio de aquisições, o que justificaria a busca por mais capital, e atingir um porte que lhe permita fazer um IPO em um prazo de três anos. A QI Tech afirma ser lucrativa desde o primeiro ano de operação.

A notícia faz da fintech a primeira startup brasileira a se tornar unicórnio em 2024. E podemos ir até além, e dizer que é o primeiro unicórnio brasileiro dos últimos dois anos. Algumas pessoas podem argumentar com a Pismo, que no ano passado foi adquirida pela Visa por US$ 1 bilhão – mas o tal status de unicórnio foi alcançado no momento da venda.

Pé no acelerador

Fundada em 2018, a QI Tech tem se posicionado como uma espécie de AWS para serviços financeiros, oferecendo além do banking as a service soluções de DTVM (Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários), KYC (Conheça Seu Cliente), antifraude e crédito com Lending-as-a-service. A empresa oferece um portfólio completo de APIs que permite a qualquer empresa oferecer produtos financeiros aos seus clientes, e atualmente tem mais de 400 clientes como Vivo, Unidas, 99, QuintoAndar e Shopee.

“Acreditamos que a QI Tech ocupa uma posição única no mercado, oferecendo soluções inovadoras e diferenciadas, e caminha para tornar-se líder no ecossistema de infraestrutura financeira do Brasil, à medida que as oportunidades para adoção de pagamentos digitais e crédito continuam a surgir”, afirma Luiz Ribeiro, managing director e co-head da General Atlantic no Brasil, em nota. 

No ano passado, a agência de risco Fitch concedeu rating A+ (bra) para a QI Tech, classificando a perspectiva de longo prazo da startup como “estável” por conta de seu crescimento robusto, liquidez, altas margens e diversificação de linhas de receita. A fintech é duplamente regulamentada pelo Banco Central do Brasil e foi a primeira tanto a receber autorização para operar como SCD (Sociedade de Crédito Direto) e quanto a se tornar distribuidora de títulos e valores mobiliários (DTVM), chancelada pela CVM.

O J.P. Morgan Securities LLC (“J.P. Morgan”) atuou como assessor financeiro exclusivo da QI Tech.