Artigo

Governança e estruturação: o caminho para atrair investimentos

Com a atual escassez de recursos, empresas bem estruturadas têm maiores chances de obter investimentos

Foto: Canva
Foto: Canva

*Christiane Bechara é sócia e CFO da KPTL

Preparar-se para uma rodada de investimentos é uma etapa crucial para startups em busca de crescimento. Nesse contexto, uma pergunta comum entre empreendedores é como se preparar para esse processo.

A preocupação com o pitch, conteúdo, storytelling e valuation é compreensível e necessária. Também é um requisito levar em conta o perfil do empreendedor, o tipo de produto, o mercado, a capacidade de escalar. Todos, obviamente, itens fundamentais ao longo da jornada.

Entretanto, o que muitas vezes é negligenciado pelas startups é a importância da estruturação e da governança corporativa, elementos que podem ser decisivos para atrair investidores de venture capital. Assim sendo, não se preocupar com a estruturação formal da startup, com organização do captable, dos contratos, da contabilidade e da formalização da propriedade intelectual da companhia, pode se tornar um grande obstáculo para uma captação bem-sucedida.

O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) oferece orientações específicas para startups em diferentes estágios de desenvolvimento, destacando o mínimo necessário em cada fase. Nessa publicação, fica claro que a formalização dos processos e da governança pode e deve ser acompanhar o porte da empresa, se tornando mais robusta à medida que a empresa cresce, porém deve ser observada desde a sua criação.

Como investidores institucionais experientes, reconhecemos que o estágio inicial das empresas pode ser bastante desafiador para os empreendedores. No entanto, alertamos para a importância de se preocupar com a estruturação desde o início, pois isso pode facilitar significativamente o processo de captação de recursos e a jornada de crescimento do negócio.

Para que uma rodada de investimentos ocorra com um investidor institucional, a empresa terá que passar por um processo de due diligence, ou seja, uma diligência que cobrirá essencialmente aspectos jurídicos, contábeis, fiscais e trabalhistas, podendo envolver ainda questões técnicas e relacionadas com ESG. O objetivo desse processo é o investidor identificar riscos associados com o investimento na startup e como mitigá-los.

Dependendo do que for encontrado, ajustes e regularizações podem ser requeridos previamente à entrada do investidor (“Chamadas condições precedentes”), outros podem ser efetivados posteriormente e em casos muito críticos, a futura transação pode ser até cancelada.

No contexto atual, com escassez de recursos, os investidores estão mais seletivos. Empresas bem estruturadas têm maiores chances de obter investimentos. Portanto, é fundamental que as startups estejam preparadas para esse processo desde o início de sua jornada, pois esse pode ser o diferencial para se conseguir uma captação ou não.