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Billor traz executivo do Vale do Silício e planeja IPO até 2028

Depois de ter criado a Versi, em 2014, e a CredPago, em 2016, Jardel Cardoso leva modelo B2B2B ao mercado de transporte de carga nos EUA

Billor
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Ter um modelo de negócios replicável é o sonho de todo empreendedor, e Jardel Cardoso parece ter conseguido. Depois de ter criado a Versi, em 2014, e a CredPago, em 2016, o empresário replicou o modelo de ecossistema de soluções para o mercado de transporte de cargas nos Estados Unidos, com a Billor. Um ano após a sua fundação, a startup anunciou recentemente seu novo CEO, o executivo Vincent Goetten, ex-TOTVS Labs, que estava baseado no Vale do Silício, na Califórnia, e agora planeja os próximos passos com a intenção de fazer sua estreia em Bolsa até 2028.

O negócio da Billor funciona com dois pilares principais: uma fintech e uma plataforma de gestão de cargas. A empresa compra caminhões seminovos e então revende para os motoristas, que pagam parcelas mensais pelo veículo, com juros que variam de 1% a 1,25% ao mês. Depois disso, de posse dos caminhões, esses motoristas passam a acessar a plataforma, onde escolhem quais as cargas irão levar e quais trajetos que irão fazer.

O nome Billor é um acrônimo de Bill of Rights, a Carta de Direitos americana. Para Jardel, a ideia da empresa é garantir a liberdade e autonomia dos motoristas, mas lembrar que além dos direitos eles também terão responsabilidades. “O motorista poderá pegar a carga para onde quiser, mas tem a responsabilidade de cuidar do ativo, tem os compromissos financeiros, e não pode fazer frete por conta própria. Tem que estar dentro do ecossistema”, ressalta o fundador.

Fila de espera

A empresa começou em março de 2023, com três caminhões, e encerrou o ano com 105. A expectativa é chegar a 300 caminhões até o fim de 2024 e ter 5 mil veículos operando na plataforma até 2028. A Billor tem operações em Joinville, no estado de Santa Catarina, e em Orlando, na Flórida. Segundo Jardel, o mercado americano é promissor para o negócio, pois 95% das transportadoras no país operam com menos de 10 veículos. Ou seja, são empresas de pequeno porte.

O fundador garante que existe uma fila de motoristas hoje esperando para ter o cadastro aprovado pela Billor nos EUA. Entre os atrativos para esses trabalhadores estão a possibilidade de adquirir o próprio caminhão em 48 parcelas, sem entrada e sem balão. No leasing tradicional, conhecido como balão, ao final do contrato, o comprador precisa pagar um valor alto para ficar com o veículo. Caso contrário, precisa devolvê-lo, sendo restituído de parte do valor, ou iniciar um novo leasing.

Além disso, Jardel afirma que os motoristas que usam a plataforma da Billor conseguem obter uma renda igual ou até 50% mais alta em comparação às transportadoras tradicionais. “O nosso próximo grande projeto é reduzir o tempo em que o driver fica fora de casa. Para isso, estamos trabalhando em cima de uma ferramenta que faz a gestão eficiente do roteiro”, explica.

Novo CEO

O cargo de CEO da empresa foi assumido recentemente pelo catarinense Vincent Goetten, antigo diretor executivo do TOTVS Labs, laboratório de inovação da TOTVS nos Estados Unidos. Em entrevista ao Startups, ele conta que a Billor coseguiu comprovar que o modelo B2B2B funciona também para o mercado de transportes.

A ideia é integrar a Billor com os motoristas e os chamados embarcadores, ou seja, os clientes que usam os serviços da transportadora. Hoje, a startup tem em torno de 430 embarcadores dos mais diversos mercados, desde abelhas e máquinas agrícolas, até componentes para picapes elétricas.

“O mercado americano de transportadoras é extremamente pulverizado, as empresas líderes representam uma fração muito pequena. E a Billor conseguiu provar na prática que esse modelo B2B2B funciona bem para o real estate, mas também para os transportes de carga”, afirma Vincent.

Rumo ao IPO

A Billor conseguiu atingir o breakeven – equilíbrio entre receitas e despesas – do segundo para o terceiro mês de operações, segundo o fundador. O objetivo, de acordo com Jardel, é que cada pilar da empresa seja capaz de gerar caixa de forma independente. “A gente quer que cada pilar seja capaz de pagar toda a companhia, e não só o pilar em si”, diz.

Vincent destaca que a parte de fintech também atrai investidores interessados nos juros mensais pagos pelos motoristas, além da rentabilidade em dólar e com ativos físicos como garantia. “Tem um componente importante, que é a oportunidade de investidores de entrarem e ajudarem a capitalizar esse vetor de tecnologia”, explica o CEO. A maior parte desses credores hoje são pessoas físicas e family offices.

Mas apesar da saúde financeira da startup, Jardel e Vincent pretendem buscar investimentos externos em breve. A Billor vai abrir uma rodada série A para captar cerca de US$ 20 milhões. “Nós não temos tanta necessidade de capital, mas queremos trazer quatro pessoas ou fundos que tenham um alinhamento para construir um negócio sólido, que entendam de Estados Unidos e possam ajudar no processo de listagem na Bolsa”, aponta Jardel, que vislumbra um IPO (oferta pública inicial de ações) em 2027 ou 2028.