Deeptech

Deep tech é novo hype, diz membro do Conselho de Inovação da UE

Em entrevista exclusiva ao Startups no Energy Summit, dinamarquês Lars Frølund diz que startups de energia também estão no radar

Lars Frølund, ele é Membro do Conselho de Administração do Conselho Europeu de Inovação
Lars Frølund, ele é Membro do Conselho de Administração do Conselho Europeu de Inovação

De tempos em tempos, o venture capital descobre um novo nicho que se torna a menina dos olhos dos investidores. A bola da vez, ao menos na Europa, são as startups de deep tech, ou seja, que desenvolvem soluções complexas para problemas da humanidade. Em entrevista exclusiva ao Startups durante o evento Energy Summit, no Rio de Janeiro, o dinamarquês Lars Frølund, membro do Conselho Europeu de Inovação, conta que a maturidade de tecnologias como a inteligência artificial, somada a crises globais, como as mudanças climáticas e a pandemia, fizeram com que as empresas de deep tech deixassem de ser “filantropia” para se tornar bons investimentos.

“Há três ou quatro anos, o mercado de venture capital para deep tech não era bom. Mas agora vemos que há muitos fundos se movendo nessa direção na Europa. Um dos motivos é porque há um grande hype em relação a isso, e é assim que sempre funciona. Mas também há agora uma maturidade maior dessa tecnologia. Não é mais filantropia, e sim um bom investimento de equity. Há uma massa crítica de startups, seja de inteligência artificial a tecnologias quânticas e semicondutores, e o venture capital quer investir nisso. Então o mercado de deep techs está florecendo porque agora há, de fato, algo em que investir”, avalia Lars, que também é membro do Conselho do EIC Fund, o fundo de venture capital do Conselho Europeu de Inovação.

Apesar do crescimento desse mercado, Lars ressalta que a transição energética tem sido um desafio, especialmente porque o desenvolvimento de tecnologias como a inteligência artificial demanda um alto consumo energético. E países da Europa têm dificuldades para encontrar fontes limpas que sejam estáveis. Isto é, que não dependam de variáveis, como o sol ou o vento. Segundo ele, a saída pode estar no avanço da energia nuclear nesses países.

“Muitos países agora estão começando a se fazer esse questionamento: se eu quero ser um player relevante em AI, eu preciso primeiro entender como encontrar uma fonte de energia confiável para isso. A energia nuclear pode ser a solução, mas ainda enfrenta muita resistência das pessoas mais velhas, que cresceram nos anos 70. Entre os mais jovens, parece ter mais aceitação”, aponta Lars.

Oportunidades para todo mundo

Com relação ao tipo de empresa buscado pelos investidores de venture capital, o dinamarquês aponta que há espaço tanto para desenvolvedores de tecnologia proprietária, quanto para empresas que usam modelos já existentes para criar novas soluções. No entanto, ele ressalta que países que desejam ser players globais relevantes devem buscar o desenvolvimento tecnológico e de deep tech.

“O risco que todos os países enfrentam neste momento, tanto com a inteligência artificial, quanto com qualquer outra tecnologia, é de acabar esperando para começar a desenvolver e depois ter que correr atrás do prejuízo. Nesses casos é muito mais difícil educar a força de trabalho para aderir à nova tecnologia e há o risco de essas pessoas serem deixadas para trás, o que gera inúmeras repercussões políticas e sociais para o país”, alerta.

Para o conselheiro do EIC Fund, o Brasil tem se tornado um país cada vez mais atrativo para o venture capital, em especial no segmento de greentechs e de startups de energia. Entre os setores que ele considera promissores estão aqueles que tragam soluções para o problema de armazenamento de energia renovável e das flutuações na geração de energia de fontes como a solar e a eólica.