Dealflow

Oxygea quer fechar o ano com 10 investidas e foco em deep tech

CVC da Braskem busca startups a nível global com tese em descarbonização e transformação digital, para cheques de até US$ 15 bilhões

Oxygea. Foto: Divulgação
Oxygea. Foto: Divulgação

Nos últimos meses, o Startups publicou reportagens mostrando que a deep tech é o novo hype do mercado de venture capital. Talvez não ainda no Brasil, mas certamente no exterior. Por aqui, pode ser que esse movimento comece a ganhar força com os corporate venture capitals (CVC), que buscam soluções que não apenas melhorem a eficiência das companhias, mas ajudem a atingir as metas de descarbonização e sustentabilidade.

É o caso da Oxygea Ventures, fundo de CVC e CVB da Braskem, que planeja encerrar o ano com 10 empresas no portfólio, e cheques entre US$ 3 milhões a US$ 5 milhões, podendo chegar a US$ 15 milhões.

Em entrevista ao Startups durante o Hacktown, em Santa Rita do Sapucaí, Paulo Emediato, CMO da Oxygea, conta que o fundo tem como tese a sustentabilidade e transformação digital da indústria, com foco em neutralidade de carbono, economia circular, energia renovável, novos materiais e transformação digital, abrangendo Smart Factory, IOT, visão computacional, transição energética e futuro da mobilidade.

“A gente é um fundo com foco em sustentabilidade, mas entendendo que nossa companhia é um primeiro elo de cadeia, e nessa cadeia eu tenho milhares de clientes e fornecedores, esses players da indústria não estão muitas vezes no ponto mais alto de desenvolvimento da prática industrial. Não estão em uma indústria 4.0 ainda. Então a gente consegue, por exemplo, desenvolver dispositivos IoT que transformam máquina analógica numa máquina digital, que ajude esse cara a não ter que trocar a operação dele toda. No fundo, tudo isso resulta em sustentabilidade”, explica.

A Oxygea tem US$ 150 milhões para investir em cinco anos, sendo US$ 100 milhões para o CVC e US$ 50 milhões para incubação e aceleração de empresas. O investimento por meio do CVC é destinado a empresas que já estão em estágios mais maduros, a nível global. Para startups early stage, o fundo tem um programa chamado Oxygea Labs, que no batch de 2024 pode investir até R$ 2 milhões nas empresas selecionadas.

“O tamanho do cheque e o tamanho das rodadas tem a ver com o grau de complexidade da operação dessas startups. Quando eu estou falando de empresa de descarbonização, e não de compensação de carbono, eu preciso de soluções de deep tech que levam mais tempo e demandam muito mais dinheiro. A rodada desses caras é em torno de US$ 30 milhões a US$ 40 milhões”, diz Paulo.

Foi o caso do investimento mais recente da Oxygea, que entrou na série B da norte-americana AssetWatch, com um investimento de cerca de US$ 2 milhões. O valor total da rodada, liderada pela Wellington Management, foi de US$ 40 milhões. A startup oferece soluções de manutenção preditiva baseadas em IA.

Para Paulo, encontrar startups de deep tech no Brasil ainda é um desafio. Por isso, o fundo tem buscado se aproximar de centros de pesquisa e de ecossistemas voltados para esse segmento, como o Hacktown.

“Desde sempre entendemos que haveria uma dificuldade de dealflow dentro desta tese. Se a gente tivesse tese em fintech, por exemplo, teríamos uma densidade maior para trabalhar. Mas talvez esse seja o diferencial do CVC em relação ao VC. A gente precisa olhar para territórios estratégicos, que talvez sejam menos atraentes para o capital de risco, mas são muito relevantes para a indústria. E descarbonização é um desses temas. O ecossistema brasileiro sempre foi mais friendly para desenvolver camadas de solução e serviços em cima de tecnologias já existentes, então a vocação de deep tech de Santa Rita sem dúvida faz diferença”, afirma o CMO da Oxygea.