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Igah Ventures prepara lançamento do fundo 4, do Seed à Série B

Fundo fará o primeiro investimento do ano, que tem sido desafiador para captações, mas positivo pela qualidade das empresas

Thiago Maluf, Managing Partner da Igah Ventures. Foto: Divulgação
Thiago Maluf, Managing Partner da Igah Ventures. Foto: Divulgação

A Igah Ventures, gestora fundada por Pedro Sirotsky Melzer, está lançando seu quarto fundo, e deve anunciar em breve a primeira investida do novo veículo. Este será também o primeiro investimento da firma de venture capital em 2024, ano que tem sido desafiador para as captações – mas que tem gerado uma “boa safra” de empresas, segundo investidores.

Em entrevista ao Startups, o managing partner da Igah Thiago Maluf conta que a ideia é que o fundo 4 tenha tamanho igual ou maior que o fundo 3, que foi de US$ 111 milhões. Com tese agnóstica, a gestora se concentra principalmente em SaaS, fintech, healthtech e edtech, e atua nos estágios do Seed à Série B.

Além disso, a Igah tem preferência por fundadores mais experientes – não necessariamente mais velhos, mas que “conheçam profundamente o setor e que já tenham tocado um negócio antes”, seja como fundadores ou como executivos. “Essa capacidade de execução balanceando com a visão ajuda a reduzir o risco de execução da empresa”, explica o investidor.

Empresas mais sustentáveis

Para Thiago, passado o auge da crise do venture capital em 2022 e 2023, o momento do mercado hoje é “muito positivo” no que se refere à qualidade das empresas.

“Muitas empresas ajustaram seus modelos de crescimento e conseguiram chegar num lugar muito mais sustentável financeiramente. Vemos um comportamento mais racional dos fundadores no que tange à queima de caixa. Em paralelo, temos valuations mais baixos, o que se reflete no ponto de entrada”, avalia.

Segundo ele, o interesse dos investidores internacionais pelo mercado brasileiro também tem apresentado uma retomada. Três empresas do portfólio da Igah receberam recentemente aportes de fundos estrangeiros. É o caso da CRMBonus, por exemplo, que captou R$ 400 milhões com a Bond Capital em maio deste ano, no que foi o primeiro investimento da história da gestora norte-americana em uma empresa brasileira.

“Sempre existiu um interesse dos estrangeiros pelas empresas brasileiras, o que atingiu um pico em 2021 e 2022, mas agora vem sendo retomado. Para players com portfólio global, poucos mercados têm a diversidade e a pujança do mercado brasileiro”, afirma Thiago.

Desafios na captação

Mas se a oferta de boas startups no mercado não é um problema, o que tem impedido o ecossistema de inovação de alcançar um crescimento maior este ano? Para Thiago, o momento está difícil para as captações. As taxas de juros ainda altas no Brasil e nos Estados Unidos, somadas às incertezas com os resultados das eleições presidenciais no país, aumentam a aversão ao risco.

No caso dos investidores institucionais que têm programas de investimento em venture capital e visão de longo prazo, o managing partner da Igah afirma que o sentimento geral é de “dosar a intensidade”.

“Um dos desafios é que alguns desses investidores, nesse momento em que estão menos dispostos a correr riscos, acabam orbitando mais os seus mercados locais. Eles podem até manter seus programas de venture capital, mas sem sair do seu mercado doméstico”, aponta.

Apesar disso, Thiago afirma que tem percebido um interesse maior por parte de investidores da Ásia e Oriente Médio no Brasil, “inclusive com grupos de investidores que tinham pouca ou nenhuma alocação em América Latina”.

Com um ecossistema amadurecido após a seca e empresas sólidas, o Brasil apresenta vantagens em relação a mercados mais maduros, como Estados Unidos, por ser mais barato, além de ter escala e uma população com perfil “early-adopter”.

Thiago acredita que as perspectivas são positivas para o ano que vem, especialmente após a ata da reunião de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), divulgada nesta quarta-feira (21), apontar para o início do ciclo dos cortes de juros nos EUA em setembro.

“Esse é um fator importante, que vai nos ajudar com a captação em 2025, mas não acredito que vá ser uma mudança radical. Ao mesmo tempo, o mercado brasileiro hoje está melhor, tem muito mais recursos, casos de sucesso, playbooks mais definidos, uma maturidade maior do ecossistema. Tudo isso ajuda”, diz.

Para conquistar o interesse das startups, a estratégia da Igah é apostar na sua experiência e rede de contatos para ajudar as empresas a acelerar e escalar. A gestora foi comprada pelo Pátria, fundo de investimentos alternativos, em 2022, o que segundo Thiago também trouxe diversos benefícios para as investidas.

“Aqui tem um grande pool de demanda pelos serviços das investidas, além de muita especialização setorial. Temos também uma base de mais de 110 investidores, como empresários, donos de banco, conglomerados. Ficamos bons em conectar nossas investidas com empresas de investidores”, afirma.