Então os robôs da Tesla eram controlados por humanos

Fontes revelaram à Bloomberg e TechCrunch que os robôs do evento de lançamento do Optimus eram operados via controle remoto

Robô Optimus, da Tesla, fez drinks para os convidados durante evento. Foto: reprodução/ YouTube Tesla.
Robô Optimus, da Tesla, fez drinks para os convidados durante evento. Foto: reprodução/ YouTube Tesla.

Realmente Elon Musk é tanto um showman quanto é um inovador. Fontes revelaram nesta segunda (15) que a Tesla utilizou humanos para controlar à distância os protótipos de seu recém-anunciado robô autônomo, o Optimus, durante o evento de lançamento “We, Robot”, realizado na quinta passada (10).

Segundo apurou a Bloomberg junto a fontes envolvidas no evento da semana passada, funcionários supervisionaram e controlaram à distância boa parte das interações e movimentos dos robôs humanóides na frente dos convidados do evento. O The Verge também conversou com outras pessoas ligadas ao lançamento para confirmar a informação.

O analista do Morgan Stanley Adam Jonas também escreveu em um relatório que os bots “dependeram de tele-ops (intervenção humana)”.

Embora a Tesla tenha anteriormente mostrado protótipos do Optimus em vídeos, na semana passada foi a primeira vez que não funcionários tiveram a chance de interagir diretamente com as máquinas. Eles serviram bebidas para os participantes, cumprimentaram e até jogaram pedra, papel e tesoura.

De acordo com a Bloomberg, alguns participantes disseram nas redes sociais depois que os robôs tiveram ajuda. Um vídeo publicado pelo influencer especialista em IA Robert Scoble, porém, mostra um barman do Optimus reconhecendo que estava sendo “assistido por um humano”.

“O que ele pode fazer? Ele pode ser um professor, tomar conta dos seus filhos, pode passear com seu cachorro, cortar sua grama, fazer compras, ser apenas seu amigo, servir bebidas. O que quer que você possa pensar, ele fará”, disse Elon Musk, durante o evento.

De acordo com fontes ouvidas, uma das poucas partes realmente autônomas dos robôs era o movimento – ou seja, ele realmente era capaz de caminhar sem ser controlado remotamente. A Tesla não se manifestou sobre as denúncias.

Segundo a analista Rebecca Belian, do TechCrunch, a necessidade de controles por parte humana coloca dúvidas sobre as declarações grandiosas que Elon Musk fez sobre o Optimus, e sobre o quanto falta para ele chegar ao mercado, já que segundo o empresário, a novidade deve chegar ao mercado com um valor de US$ 20 mil a US$ 30 mil em cerca de dois anos.

De acordo com fontes ouvidas pelo The Verge, originalmente o Optimus não deveria aparecer no evento, mas Elon solicitou sua inclusão cerca de três semanas antes. O aviso tardio significou que não houve tempo para atualizar o software, tornando a operação remota necessária, disse a pessoa.

I want to believe

Apesar de todo o espetáculo da Tesla, a companhia falhou em impressionar potenciais investidores, que consideraram as novidades “decepcionantes”, devido à falta de detalhes técnicos e imprecisão nos planos para o negócio robotaxi. No dia seguinte, as ações da Tesla sofreram o pior declínio em mais de dois meses, caindo quase 9%.

O Optimus foi um de três produtos mostrados no evento. Na ocasião, foi revelado o robotaxi Cybercab (previsto para 2026) e um conceito de van. Os convidados no lançamento somente para convidados — incluindo investidores, analistas de Wall Street e fãs da montadora — fizeram pequenos passeios em veículos autônomos que não eram controlados por humanos, em um ambiente controlado na Universal Studios em Los Angeles.

Se na bolsa muitos não se impressionaram, para alguns que viram os produtos de perto, o espectáculo chegou a impressionar. O analista do Wedbush, Dan Ives, chamou a festa de “um vislumbre do futuro”, dizendo em um artigo que o robô que imita humanos está “potencialmente muito mais próximo da realidade” do que se pensava antes do evento.

Mesmo com a revelação que os robôs precisaram de auxílio humano para funcionar, alguns investidores ainda acreditam na capacidade da Tesla em entregar um verdadeiro produto do futuro. Segundo o analista George Gianarikas, do banco de investimentos canadense Canaccord Genuity, a “destreza demonstrada e o progresso de desenvolvimento exibido pelos robôs foi fora de série”.

“Como o Sr. Musk já apontou antes, a indústria de robótica atualmente não tem uma cadeia de suprimentos bem desenvolvida. Isso significa que a Tesla, com sua perspicácia de fabricação interna, experiência em baterias, proficiência em design de motores, conhecimento eletrônico e recursos de engenharia mecânica, tem o potencial de criar um gigante da robótica verticalmente integrado a longo prazo”, disse George, em um comunicado aos clientes do banco.