Rodada

Flapper conclui rodada de R$ 5,8M para ser a NetJets brasileira

"Uber dos jatos" captou em crowdfunding na Eqseed, adquiriu frota própria e quer escalar faturamento no exterior, superando o Brasil

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Paul Malicki, CEO da Flapper | Foto: divulgação
Paul Malicki, CEO da Flapper | Foto: divulgação

A Flapper, startup de aviação executiva sob demanda – ou “Uber dos jatos”, como alguns gostam de chamar – acabou de reforçar seu caixa para seus planos de expansão. A empresa concluiu a rodada de crowdfunding aberta na Eqseed em março, levantando R$ 5,8 milhões, superando a meta inicial de R$ 4,8 milhões.

Com a rodada, na qual 409 investidores entraram, a companhia quer acelerar novos movimentos dentro de sua estratégia de negócios, como a criação de um modelo de propriedade compartilhada de jatos. Além disso, a startup fechou a aquisição de uma operadora de taxi aéreo, agora também contando com uma frota própria para complementar a sua oferta como intermediário de serviços de aviação.

“Estamos apostando em uma estratégia verticalizada, o que nos traz mais controle para a operação, de nossas entregas. Embora isso não faça sentido para um player como o Uber, no nosso caso, como é um mercado menos fragmentado e no qual os vôos saem geralmente dos mesmos lugares, é algo que nos agrega valor”, explica o CEO Paul Malicki, em conversa com o Startups.

Comparada à base total de jatos cadastrados na plataforma da Flapper (cerca de 3 mil jatos), a frota própria ainda é pequena, com três jatos, mas o plano de Paul é chegar a oito até o fim do ano, atendendo rotas de maior demanda.

Quanto à parte de jatos compartilhados, o objetivo da startup é se espelhar em cases de sucesso nos EUA, como o da NetJets, empresa investida pela Berkshire Hathaway e que atualmente já fatura cerca de US$ 50 bilhões, com cerca de 13 mil clientes que compraram cotas em jatos particulares.

Antes, os donos de aeronaves que queriam cortar despesas podiam colocá-las à disposição na rede da Flapper, que fazia as cotações, agendamentos e pagamentos dentro de sua plataforma. Com o novo modelo, a empresa pode assumir a gestão direta das aeronaves, compartilhando a propriedade com até cinco usuários, o que segundo Paul, reduz custos tanto para proprietários quanto usuários.

Com estes movimentos estratégicos, a meta da Flapper é aumentar a sua receita em 40% este ano – no ano passado, a companhia faturou US$ 49 milhões. Além disso, segundo explica Paul, o crescimento da operação em mercados internacionais também contribuirá nessa meta – a receita fora do Brasil já passou dos 40% do faturamento total.

“Estamos chegando em um momento em que a Flapper vai faturar mais no exterior do que no Brasil. Isso tem muito a ver com os nossos esforços internos, mas também tem sido muito orgânico, pois o nosso nome é um dos mais acessados quando alguém busca online. Isso tem a ver com o nosso ‘DNA digital’. Apenas 8% do setor de taxi aéreo é digitalizado, e estamos aproveitando isso”, avalia.

Aproveitando o crowdfunding

Para o CEO da Flapper, a captação via Eqseed pode não ser tão alta quanto a que a companhia fez anos atrás, quando levantou R$ 30 milhões em uma série A. Segundo Paul, a companhia já opera no breakeven, o que diminui a necessidade de captações mais altas. “Por isso, captar no varejo nos atraiu. Como atuamos em um mercado de alto ticket, é como ganhar 400 embaixadores da marca”, destaca.

De acordo Igor Monteiro, CEO da Eqseed, a captação da Flapper é um sinal da maturidade do mercado de crowdfunding, abrindo rodadas para empresas com mais de R$ 50 milhões de faturamento. “Essa rodada é um importante posicionamento para nós, mostrando que somos um canal de captação para todo tipo de empresa, inclusive as grandes”, afirma.

A Flapper foi a terceira rodada concluída pela Eqseed em 2025, um crescimento de 125% em relação ao mesmo período no ano passado – e o plano é pelo menos dobrar até o fim do ano. “Já temos quatro outras rodadas prontas para serem lançadas”, dispara.

Quanto à Flapper, Paul afirma que sua companhia está “ok” de captações para o momento, mas não descarta a possibilidade de ir ao mercado no futuro, de olho em voos ainda maiores. “Nos estabelecemos como uma plataforma líder no país, mas ainda tem espaço para crescer muito mais. Nossa visão de loongo prazo é se tornar um mktplace de ativos de luxo, como carros e casas, tudo em uma plataforma para clientes de alto padrão”, finaliza.