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FinTech Collective: "Próximo Nubank será AI native"

Gestora norte-americana especializada em fintechs quer intensificar investimentos no Brasil e aposta em cheques de até US$ 10M para seed

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Carlos Alonso Torras, partner na FinTech Collective | Foto: Canva
Carlos Alonso Torras, partner na FinTech Collective | Foto: Canva

Fundada em 2012, a gestora de venture capital norte-americana FinTech Collective chegou na América Latina aos poucos, a partir de 2018, começando por economias mais próximas dos Estados Unidos, como México, e de forma discreta, evitando liderar rodadas. Agora, mais experiente na região, a casa está pronta para intensificar sua participação por aqui e está de olho em um mercado em especial: o brasileiro.

No ano passado, o FinTech Collective liderou sua primeira rodada no Brasil, com investimento na Tivita, fintech para clínicas e consultórios médicos, que levantou um seed generoso de R$ 32 milhões. Os cheques pomposos, inclusive, são marca registrada do fundo. Com foco em seed e série A, o FinTech Collective tem tickets médios de US$ 3 milhões a US$ 10 milhões.

“Nosso portfólio é relativamente concentrado, temos uma estratégia de investir em menos empresas, com ownership alto para conseguir, idealmente, ter assentos nos conselhos e ficar bem próximos dos times”, explica Carlos Alonso Torras, partner no FinTech Collective, em entrevista exclusiva ao Startups.

Especializada em fintechs, a gestora está com um novo fundo desde o ano passado e pretende fazer pelo menos um investimento no Brasil este ano. A ideia é que, no total, o quarto fundo do FinTech Collective invista entre 15 e 20 empresas.

Perguntado sobre as chances de surgimento de uma nova fintech como o Nubank na região, Carlos é categórico: “A próxima empresa que vai crescer no ritmo do Nubank será AI native”.

“Com a chegada da IA, a facilidade de expandir para outros mercados vai aumentar. Isso vai ser muito interessante e talvez até mesmo empoderar as startups latino-americanas ainda mais. Recentemente, olhamos uma startup no Brasil que acabamos não dando seguimento porque poderia competir com uma outra investida nossa na França. Essa foi a primeira vez que a gente teve que deixar de lado um investimento por um risco competitivo com startup em outra região. Há três anos, não poderíamos imaginar uma startup brasileira com risco de competir com outra na Europa”, afirma Carlos.

No entanto, ele destaca que o fundo não está em busca do “próximo Nubank“. Com foco em B2B e B2B2C, o FinTech Collective também tem percebido oportunidades em segmentos mais nichados, como a própria Tivita, que é voltada para o setor médico.

Segundo ele, à medida em que o sistema financeiro fica mais digitalizado e o ecossistema de startups e inovação amadurece, aumentam as oportunidades para fintechs de nicho, que oferecem soluções para ineficiências dos seus mercados específicos.

Atualmente, a maior parte do capital investido do FinTech Collective está fora do Brasil, mas Carlos afirma que o objetivo é aumentar a exposição da gestora ao país.

“Temos investido mais no México, mas a ideia é mudar isso. Gostamos do mercado mexicano, temos feito deals interessantes, mas o mais lógico seria aumentar no Brasil, que é a maior economia da região, e um mercado melhor para startups, com mais recursos. Além disso, temos uma perspectiva internacional que nos torna competitivos no Brasil”, aponta.