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Os algoritmos e a IA dominam boa parte das nossas decisões

Algoritmos podem reforçar opiniões, consolidar hábitos ou até impactar em decisões de compra, afirma head de Inovação da Positivo

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Algoritmos | Foto: Canva
Algoritmos | Foto: Canva

*Por Roger Finger, head de Inovação da Positivo Tecnologia

Você já ouviu falar deles, mas talvez ainda não saiba exatamente o que são algoritmos. Esse conceito está diretamente ligado à inteligência artificial, que, por sua vez, está presente o tempo todo na sua vida digital, mesmo que você não perceba. Embora pareça algo técnico ou distante, o algoritmo é onipresente no mundo digital. Ele atua de forma silenciosa, moldando, entre outros aspectos, a sua experiência online. Lado a lado com a IA ele funciona como uma espécie de cérebro por trás de muitas decisões automáticas.

Em uma explicação simples, algoritmo é uma sequência de instruções que um sistema segue para resolver um problema específico ou tomar uma decisão. Imagine uma receita de bolo: você segue um passo a passo para chegar a um determinado resultado. Um algoritmo funciona da mesma forma, só que no ambiente digital.

O algoritmo coleta informações, analisa dados e toma decisões com base em regras predefinidas. No caso das redes sociais, por exemplo, ele observa o que um usuário curte, comenta, compartilha ou assiste até o fim. Esses comportamentos viram pistas que alimentam uma base de “conhecimento” usada para prever o que você pode gostar no futuro. Quanto mais você interage com uma plataforma, mais dados ela coleta e mais preciso
o algoritmo se torna.

Muitos desses algoritmos, inclusive, já são impulsionados por inteligência artificial. Isso significa que eles não apenas seguem comandos fixos, mas aprendem com os dados. É o chamado machine learning. Em outras palavras, os algoritmos evoluem com base em um comportamento específico para se tornar cada vez mais eficientes.

Portanto, o que você assiste, compra, curte, escuta, ou até mesmo acredita pode estar sendo moldado por algoritmos que filtram conteúdos que podem ser de seu interesse. Não é exagero dizer que o feed de uma rede social molda o que você vai ver, e, com o tempo, influencia até mesmo o que você vai pensar sobre determinados assuntos. Ele pode reforçar opiniões, consolidar hábitos ou até impactar em decisões de compra. É bem provável que você já tenha decidido pedir algo no delivery ou mesmo já tenha seguido uma sugestão de rota de caminho que nunca teria feito se não tivesse recebido a sugestão de um algoritmo. E isso mudou a sua rotina, mesmo fora das telas.

Nas lojas online, por exemplo, os algoritmos recomendam produtos com base no seu histórico ou em comportamentos de outros usuários com perfis semelhantes. Em serviços de streaming, criam bolhas de recomendação que muitas vezes limitam o que você consome. Nos mecanismos de busca, os resultados podem ser personalizados para o seu perfil, mostrando primeiro o que o sistema acredita que você quer ver, não necessariamente o que é mais relevante.

Um estudo com varejistas europeus mostrou, por exemplo, que recomendações personalizadas aumentam em 12,4% a probabilidade de compra, e elevam o valor médio do carrinho em 1,7%. Em plataformas de filmes, séries e músicas, cerca de 80% do que seus usuários consomem vêm de sugestões automáticas. Ou seja, muitas vezes nossas escolhas são conduzidas. O sistema que nos apresenta aquilo que acredita que vamos gostar.

Obviamente, saber que existe um algoritmo por trás das suas escolhas não significa renúncia à sua autonomia. Mas é importante entender como essas recomendações acontecem para que isso seja uma oportunidade para refletir antes de aceitar uma sugestão automática. A inteligência artificial faz cada vez mais parte dos nossos dias e os algoritmos de recomendação são o coração dessa revolução. Cabe a nós usá-los com sabedoria. Como aliados que podem facilitar a vida, ampliar horizontes e, acima de tudo, respeitar
nossas escolhas.