Sediada no Vale do Silício, a Plug and Play lançou neste ano um fundo de US$ 50 milhões voltado à América Latina. A gestora de venture capital pretende concentrar seus aportes em três frentes estratégicas – energia, fintechs e agronegócio – o que explica um olhar especial para o Brasil. De acordo com a casa, cerca de 70% do capital do fundo deve ser destinado ao mercado brasileiro.
“O Brasil tem uma das maiores fontes de energia limpa do mundo e tem chances de ser o hub global de agro. Além disso, o país está super avançado em fintechs, e vai continuar. Tudo isso torna o país muito competitivo para estrangeiros. O dinheiro está curto para todo mundo atualmente, mas o Brasil está barato para investimento em dólar”, afirma Igor Mazaki, que assumiu neste ano como CEO da Plug and Play no Brasil.
Em entrevista ao Startups, Igor e Gustavo Coelho Hernandes, Senior Ventures Associate na Plug and Play Brazil desde abril de 2022, contam que o novo fundo vai focar principalmente no early stage, com pré-seed, seed e série A, e cheques entre US$ 50 mil e US$ 2 milhões.
Presente no Brasil desde 2016, a gestora já investiu em unicórnios como Rappi e CloudWalk. Em 2019, a Plug and Play abriu seu escritório em São Paulo, que funciona como a sede da empresa para a América Latina. Desde então, já investiu em 39 startups na região, 11 delas brasileiras.
A história da aceleradora, porém, é mais antiga. Gustavo conta que a Plug and Play foi fundada ainda nos anos 90, quando o fundador Saeed Amidi, fugido da revolução iraniana, comprou o endereço 165 University Avenue, em Palo Alto, na Califórnia.
“Ele foi morar no Vale do Silício e deu a sorte de estar no mesmo edifício onde várias empresas começaram, como Google e PayPal. Ele acabou investindo naquelas startups e o prédio ficou conhecido como Lucky Building”, lembra.
Em 2006, nasce oficialmente a empresa hoje conhecida como Plug and Play. Em 2021, é lançado o primeiro fundo de investimento específico para cada setor, focado no futuro do comércio. Desde então, a casa já investiu em mais de 2 mil startups, ajudando a criar mais de 30 unicórnios em todo o mundo.
Veterana no mercado de venture capital, a Plug and Play começou como um fundo do family office do fundador, e depois passou a adotar fundos verticalizados por tema. Mais recentemente, passou a apostar em fundos regionalizados, como o para a América Latina.
Só no ano passado, a gestora fez quatro investimentos no Brasil – e pretende aumentar o ritmo com o novo fundo.
“O brasileiro está acostumado a fazer muito com pouco e em geral é bastante eficiente em termos de uso de recursos e criação. Esses são pontos que tendem a se destacar”, aponta Gustavo.
Segundo Igor, a ideia é lançar o fundo no início do ano que vem, mirando investimentos em 10 startups por ano só no Brasil.
“Acho que seria interessante fazer investimentos muito bons em startups focadas em AI e energia, no sentindo de sustentabilidade. Essas acabaram virando horizontais importantes, não é algo que a gente consiga não olhar. O motivo de estarmos reorganizando a Plug and Play por aqui é porque o fundador vê o Brasil como um país que vale o investimento. Queremos que essa seja um dos nossos principais escritórios”, destaca Igor.