A aceleradora WOW está lançando um novo veículo de investimento anjo de R$ 18 milhões para apoiar startups em estágio inicial que estão desenvolvendo soluções de base tecnológica para resolver grandes problemas do mercado. A tese segue a mesma linha dos programas que a aceleradora tem realizado desde 2013, mas desta vez com uma novidade: um olhar para inteligência artificial.
“Buscamos tech founders, com formação técnica muito consistente e times eficientes. Cerca de 95% da nossa tese está igual ao que a gente sempre investiu, mas 5% serão para IA. Startups que estejam aplicando inteligência artificial num contexto de core do produto”, afirma Filipe Garcia, CEO da WOW, em entrevista ao Startups.
A ideia, segundo ele, é investir em aproximadamente 40 startups, com cheques de R$ 500 mil. Além do aporte financeiro, as empresas que participam do programa têm acesso a mentorias especializadas e networking com os investidores – entre eles, fundadores que já passaram pela aceleradora.
Desde sua fundação, a WOW já apoiou 182 startups, com quatro saídas. Entre elas, a Squid, vendida para a Localweb em 2021, e a Anota AI, comprada pelo iFood em 2022.
“Hoje tem 30 founders que são nossos investidores, criando um círculo virtuoso na nossa comunidade de mais de 400 investidores. Temos o hall da fama, com fundadores conhecidos, mas também o perfil executivo, que abre muitas portas, não só transferindo conhecimento, mas também ajudando a acessar mercado e clientes”, explica.
Com perfil agnóstico, o veículo busca startups de todos os estados do Brasil e de qualquer segmento do mercado. O importante é que a empresa esteja no início da sua trajetória (pré-seed), tenha uso intensivo e proprietário de software, e que os founders sejam ambiciosos, destaca Filipe.
O foco do programa de aceleração é ajudar a startup na validação de product-market fit e estruturação de crescimento.
“A gente ajuda a levantar a rodada seguinte, que normalmente vem acompanhada de follow-on, mostrando que a gente enxerga potencial naquela startup. Isso confere consistência para o discurso do founder. E podemos permanecer por anos a fio até a empresa ser adquirida, como foi a grande maioria dos casos”, acrescenta o CEO da WOW.
Com um cenário de falta de liquidez no mercado, influenciado por condições macroeconômicas, como as altas taxas de juros, Filipe diz ter enfrentando uma dificuldade esperada para captar. No entanto, enxerga com otimismo o momento atual.
“Tem vários fundos com dificuldade de captação, mesmo fazendo um excelente trabalho. E o investidor anjo também sente esse ciclo de baixa liquidez. Muitos estão sem liquidez por não conseguir reciclar o capital. Há muitas pessoas interessadas, mas as conversas ficam mais complexas. O lado bom é que o ecossistema brasileiro amadureceu muito e há muitas oportunidades”, aponta.