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Tecnologia em startups não escala sozinha

Ganhar escala sem direção clara pode destruir valor e gerar prejuízos para o negócio e para as pessoas envolvidas

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Cultura e equipe são os verdadeiros motores da inovação | Foto: Canva
Cultura e equipe são os verdadeiros motores da inovação | Foto: Canva

*Por Eduardo Rocha, fundador e CEO do Klubi

Nos últimos anos, vimos uma leva de startups, especialmente no setor financeiro, nascerem com grande potencial de transformação. Algumas cresceram, muitas receberam investimentos robustos e várias, infelizmente, não conseguiram se sustentar.

Ficou para trás a época em que startups inflavam seus times na esperança de um crescimento acelerado a qualquer custo. O inverno das startups, que atingiu o auge entre 2022 e 2023, mostrou que ganhar escala sem direção clara pode destruir valor e gerar prejuízos para o negócio e para as pessoas envolvidas. Desde então, escalar de forma racional passou a ser pré-requisito para permanecer no jogo.

Nesse cenário, a tecnologia em startups é meio, não fim. Escalar não é apenas processar mais dados ou vender mais rápido — é criar uma cultura que permita crescer de forma contínua, ganhando eficiência e eficácia.

Tecnologia em startups com propósito

Como gestor à frente de uma operação que multiplicou sua carteira de crédito nos últimos anos sem aumentar o tamanho da equipe, pude ver de perto o efeito de aplicar tecnologia com propósito. Essa aplicação não aconteceu por acaso — exigiu escolhas difíceis, foco, priorização e atenção constante para entender onde ela poderia gerar mais impacto.

Um exemplo simples: nosso time de pós-vendas hoje tem 20 pessoas. Com mais de 60 mil clientes ativos e uma carteira superior a R$ 2 bilhões sob gestão, sem automações e uso de inteligência artificial, precisaríamos de mais de 120 pessoas. Além do ganho de eficiência, sempre priorizamos as avaliações dos nossos clientes no Google e no Reclame Aqui — as melhores notas entre as administradoras de consórcios.

A adoção de novas tecnologias não é apenas sobre substituir pessoas, mas principalmente sobre ampliar o alcance do que elas podem fazer. No nosso caso, automatizar tarefas operacionais — hoje executadas, por exemplo, por uma assistente virtual — não significou cortes na equipe. Pelo contrário: quem antes estava preso a atividades repetitivas passou a assumir funções de maior contribuição para o negócio. A tecnologia liberou tempo e energia para fazermos mais, mais rápido e com maior precisão.

Tecnologia, cultura e resultado

No fim, a vantagem real não está em ter a tecnologia mais avançada, mas em construir a cultura certa em torno dela. É sobre reunir pessoas curiosas, disciplinadas e dispostas a testar, medir e ajustar todos os dias. Testes A/B constantes e a mentalidade de que cada dia é uma oportunidade para otimizar fazem toda a diferença. Essa forma de trabalhar — com melhoria contínua, aprendizado rápido e uso intencional dos recursos — é o que transforma a tecnologia em startups de promessa em resultados sólidos e duradouros. Em um mundo que muda todos os dias, inovar não é um projeto: é um hábito.