As lesões fazem parte da vida de qualquer atleta – mas frequentemente são responsáveis por encurtar carreiras promissoras ou comprometer o desempenho de um time em momentos decisivos. Agora, imagine se fosse possível prever a probabilidade de uma lesão antes mesmo de ela acontecer. Essa é a proposta de uma startup de São Francisco, que está desenvolvendo roupas inteligentes equipadas com sensores capazes de ajudar na prevenção desses problemas.
Fundada por um brasileiro e um tunisiano, a NoLimit acaba de levantar US$ 150 mil com a Strive para desenvolver o seu primeiro protótipo, uma bermuda, que já está em fase de testes com atletas selecionados. A ideia é que o produto seja lançado oficialmente no mercado no primeiro semestre do ano que vem.
E já existem compradores interessados. A NoLimit já tem contratos fechados com o Comitê Olímpico do Reino Unido, além de times da NBA e de futebol, conta o CEO e co-fundador Fernando Silva.
Com apenas 23 anos, ele conheceu o sócio Sadri Dridi, de 21 anos, no campus da Founders, Inc., em São Francisco, onde Fernando trabalhava no desenvolvimento de uma startup de inteligência artificial para relações públicas. No entanto, a temática do esporte logo passou a fazer parte do dia a dia dos amigos, que são ex-atletas, e fez com que o empreendedor abandonasse seu plano original pelo novo projeto.
Sadri praticava canoagem e chegou a ser classificado para as Olimpíadas de Tóquio, em 2021, mas não pode competir devido a uma lesão. Surgiu daí a ideia de criar peças de vestuário que pudessem prever esses problemas.
“O corpo produz sinais antes de você se lesionar. Nossos sensores fazem uma espécie de eletrocardiograma do músculo, medindo as pulsações elétricas e os movimentos do corpo, além de fatores como o nível de ácido lático através do suor. Esses dados são enviados através de bluetooth para o app, onde o atleta pode acompanhar em tempo real”, explica Fernando.
A bermuda é a primeira versão, mas a ideia é que a NoLimit tenha um portfólio completo de peças de vestuário, como camisetas e calças. O objetivo vai além de simplesmente oferecer mais variedade. Para que os sensores funcionem, eles devem estar em contato com o músculo do atleta. Ou seja, a bermuda consegue medir apenas a pulsação da parte superior das pernas, enquanto uma calça poderia medir também o joelho e panturrilhas. Os produtos estão sendo fabricados numa fábrica no Sri Lanka.
Esse é o sétimo investimento da Strive, que tem uma proposta diferente dos fundos de venture capital tradicionais, com um acompanhamento mais próximo do empreendedor.
“Estamos muito entusiasmados com o projeto. O time de founders, Sadri e Fernando, apesar de jovens, já eram apoiados pela Founders, Inc. nos EUA, e tem mostrado velocidade incrível de execução nos últimos meses, com expectativa de lançar o produto nos EUA nas próximas semanas, já com pedidos de atletas profissionais e olímpicos, além de ligas de diversas modalidades. Esperamos estar nas trincheiras com a dupla para apoiá-los nesta fase inicial de operação e escala do negócio. O segmento nos atrai porque está em franco crescimento e com muitas oportunidades”, ressalta Tiago Galli, co-fundador da Strive.
Antes do aporte da Strive, eles já haviam captado US$ 75 mil com a Founders, Inc.. Fernando destaca que está com uma rodada de investimentos em aberto, mas que tem feito uma análise rigorosa dos investidores.
“Estamos em um momento de escolher VCs. Não estamos levantando só pelo dinheiro, vamos nos que a gente considera estratégicos, seja por conexão nos esportes ou que sejam hands on. Optamos pela Strive pelo método deles”, diz o co-founder da NoLimit.