
*Por Marcella Calfi, Gerente de Marketing da Zoop
No Web Summit Lisboa, o Brasil mostra ao mundo o poder da inovação que inclui. Citado logo na abertura, o Pix é símbolo global de como a tecnologia pode gerar impacto social e econômico. Em cada fala, o mesmo fio condutor: a inovação só faz sentido quando aproxima pessoas, democratiza oportunidades e constrói pontes, não muros.
O evento começou reafirmando o que alguns ainda insistem em ignorar: os próximos passos da tecnologia são inclusivos, descentralizados e humanos. De Portugal ao Brasil, da criatividade humana à inteligência artificial, de empresas como a Visa às startups em ascensão – os verdadeiros avanços estão sendo feitos pelas mãos de quem constrói com propósito e acessibilidade.
Nesse cenário, o Brasil brilhou como protagonista já nos primeiros dez minutos de evento. Nas palavras de Paddy Cosgrave, fundador do Web Summit, “a revolução dos pagamentos não vem de um banco americano ou europeu. Vem do Banco Central do Brasil”. Como era de se esperar, o Pix foi citado como exemplo mundial de infraestrutura aberta, gratuita e eficiente, servindo como um norte para inspirar governos e empresas a repensar seus modelos. Para nós, no setor de tecnologia, a lição é clara: infraestrutura que transforma precisa ser acessível.
A descentralização da inovação e o olhar para o Sul Global
Em outro tom, Cosgrave também refletiu sobre o avanço tecnológico da China, especialmente no campo da inteligência artificial e da robótica. A presença de empresas chinesas com soluções abertas e acessíveis serviu como contraponto às discussões ocidentais, reforçando a ideia de que a inovação está, de fato, se descentralizando. Essa visão é essencial para a construção de um ecossistema global mais equilibrado.
Enquanto isso, Portugal se posicionou como referência em políticas públicas voltadas à digitalização e à ética em inteligência artificial. O prefeito Carlos Moedas e o ministro Gonçalo Matias destacaram planos para uma sociedade mais digital e conectada, onde tecnologia e cultura andam lado a lado. “Um Estado digital precisa de cidadãos digitais”, afirmou Matias, lembrando que a inovação só é real quando alcança todos os níveis da sociedade.
Parceria e propósito
Outras falas mostraram como essa visão de inclusão está se expandindo para diferentes setores. Maria Sharapova, ao lado de executivas da IBM e da Time, falou sobre o papel da inteligência artificial no esporte e nos negócios — não como substituta do instinto humano, mas como parceira estratégica.
O influenciador Khaby Lame e o executivo Mark Nelson, da Visa, conversaram com Jennifer Cunningham, editora-chefe da Newseek, sobre pagamentos instantâneos, moedas digitais e inclusão financeira, trazendo diferentes perspectivas para a economia digital. Já Anton Osika, fundador da Lovable, defendeu a democratização do desenvolvimento de software por meio de ferramentas acessíveis, permitindo que qualquer pessoa transforme ideias em produtos. Essa é a chave para a verdadeira inovação: a capacidade de permitir que mais pessoas criem.
O futuro pertence a quem transforma propósito em produto e inclusão em infraestrutura, e nosso papel é fazer um elo entre os dois mundos, uma ponte entre a infraestrutura e o impacto. O Brasil foi exemplo com o Pix e Portugal mostrou caminho: quando a inovação é pensada para incluir, todos avançam.