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E agora iFood? Delivery Hero compra operação da Glovo na América Latina por até US$ 230 milhões

Delivery Hero
Delivery Hero

A alemã Delivery Hero fechou a compra do restante da operação da espanhola Glovo na América Latina e colocou pressão sobre o iFood, com o qual tem uma joint venture na Colômbia e seu principal acionista, a Prosus – que também é sócio minoritário na Delivery Hero.

“Eles [Delivery Hero] têm tudo o que é preciso para se tornar o líder na região”, disse Oscar Pierre, presidente da Glovo, em comunicado sobre o negócio.

Com o negócio, que pode chegar a 230 milhões de euros (incluindo um earn-out de 60 milhões) o aplicativo vai reforçar suas operações na Argentina, Panamá e República Dominicana, onde já atuava, e entra no Peru, Equador, Costa Rica, Honduras e Guatemala. A Glovo continuará a operar os serviços nesses 5 países até março de 2021. A Glovo tinha fechado sua operação no Brasil no começo de 2019, cerca de um ano depois de desembarcar no país.

O iFood é líder absoluto no Brasil e tem ambições de expansão regional, mas só opera na Colômbia (por meio do acordo anunciado com a Delivery Hero em abril) e no México.

“A América Latina é uma região com um potencial excepcional de crescimento para entregas on-line. A compra da operação local da Glovo nos dá a oportunidade de redobrar nossos esforços para trazer inovação, melhorar a experiência do consumidor e dar suporte aos estabelecimentos na região. Temos trabalhado próximos à Glovo por muitos anos e estamos orgulhosos de incorporar os serviços na América Latina à nossa rede global”, disse Niklas Östberg, presidente e co-fundadora da Delivery Hero em comunicado.

em julho o Delivery Hero levantou 1,5 bilhão de euros em debêntures conversíveis para financiar sua expansão. Na época, Östberg disse no Twitter que a companhia estava fazendo a sua parte na criação de empresas de tecnologia europeias mais ambiciosas.

Ao sair da região a Glovo pretende se concentrar em mercados-chave onde pode construir um negócio sustentável no longo prazo. A companhia que se tornou o segundo unicórnio espanhol em dezembro com uma rodada de 150 milhões de euros liderada pelo Mubadala, o fundo soberano de Abu Dhabi, tem buscado crescer no Leste Europeu, Oriente Médio e África Sub Saariana.

Cama de gato

Apesar de concorrentes, iFood e Delivery Hero têm um acionista em comum: a Prosus, o braço de investimento em empresas de tecnologia da sul-africana Naspers.

No aplicativo listado na bolsa alemã a fatia é de pouco mais de 22%, o que faz da Prosus o maior acionista individual. No serviço de origem brasileira, o papel é de controlador, com 55% de participação.

Nos últimos a meses Prosus vem trabalhando para aumentar sua fatia no iFood por meio de conversas com o Just Eat, que é dono de 33% da empresa comandada por Fabrício Bloisi. A participação poderia ter sido transferida para a Prosus automaticamente caso o JustEat tivesse aceitado a proposta de compra feita pela companhia no fim de 2019. A oferta hostil foi feita em meio às conversas entre JustEat e o holandês Takeaway.com. A proposta foi recusada e o negócio foi fechado com os holandeses. Na sequência, o JustEat disse que iria vender sua fatia no iFood.

Segundo a Bloomberg, a fatia pode custar entre US$ 750 milhões e US$ 1 bilhão. Não há até o momento informações sobre conversas sobre o assunto JustEat e Delivery Hero.

A expectativa agora é em relação aos próximos passos da Prosus. Uma alternativa seria aumentar a fatia no iFood e ter dois cavalos no mesmo páreo (ou dividindo terreno entre Brasil e América Latina). Outra, mais arriscada, seria avançar também sobre o Delivery Hero com uma oferta pela companhia.