Negócios

EXCLUSIVO: Celso Athayde, da CUFA, prepara fundo para investir em startups da favela

Lançamento está previsto para o 1º trimestre de 2022, com alvo inicial de R$ 50 milhões - que pode ser revisado para um valor superior

Celso Athayde
Celso Athayde

O empreendedor social Celso Athayde, fundador da Central Única das Favelas (CUFA) e da holding social Favela Holding, está preparando o lançamento de um novo fundo, focado em startups nascidas ou focadas em demandas da favela.

Com lançamento previsto para o primeiro trimestre de 2022, o veículo tem um target inicial de R$ 50 milhões, que pode ser revisado para um valor superior. Até o momento, o fundo conta com aportes de indivíduos de alto patrimônio líquido, bem como de empresas da rede de Athayde, incluindo companhias que já apoiam as iniciativas da CUFA.

“[Os apoiadores do fundo] serão os mesmos parceiros que eu sempre tive na vida”, diz Celso, citando parcerias em projetos como o campeonato de e-sports Free Fire, que contou com o apoio da plataforma de games Garena e o Itaú, e a operadora móvel Alô Celular, que a Favela Holding criou em 2020 com a TIM.

Segundo Celso, o modelo de gestão e outros detalhes têm sido discutidos há alguns meses, e o processo que antecede o lançamento do fundo está na fase final. Além disso, a Favela Holding prevê a captação de recursos fora do Brasil e também se unir a outros fundos, que devem apoiar na execução dos investimentos feitos em startups da favela.

“Faremos isso para que o trabalho seja feito com a qualidade e conhecimento de um fundo que já faz isso, porém com o olhar de quem trabalha nesse território, e com o sentimento, expertise e percepção daquilo que tem funcionado nesse ambiente”, pontua Athayde.

A prioridade do novo fundo, segundo o empreendedor social, será investir em empresas em que a tecnologia seja um forte elemento do plano de negócios. Segmentos que podem atrair o novo fundo liderado por Athayde incluem educação, mobilidade e marketing digital.

Protagonismo

Comentando sobre o interesse no Brasil por parte de investidores globais de tecnologia, e o que estes fundos precisam saber sobre a favela, Athayde argumenta que fundos precisam posicionar as pessoas destes territórios como protagonistas no processo de desenvolvimento tecnológico.

“Transformar a favela em coadjuvante não é sustentável: estes territórios precisam ser sócios do processo,” aponta, acrescentando que é preciso subverter a lógica de investimento atual, em que a maioria do capital é direcionado para fundadores brancos e investimentos que, supostamente, oferecem menos riscos.

“Se você quer mudar as coisas, gerar valor, criar novas oportunidades e construir um equilíbrio entre as relações universais, precisa correr alguns riscos”, pontua Athayde.

Para mitigar estes riscos, o empreendedor social diz é preciso buscar pessoas e organizações que tenham as relações e trânsito pleno nestes ambientes. Ele cita parcerias que fez para projetos como o Data Favela, empresa de pesquisa de mercado criada com o Instituto Locomotiva, de Renato Meirelles, como um exemplo de movimento neste sentido.

“É uma fusão entre o asfalto, que já resolveu parte desse entendimento de mercado e a favela. Essa composição é o que vai fazer esse fundo que estamos montando funcionar, pois parte desse fundo entende da favela e parte entende de mercado,” aponta.