O hype sobre inteligência artificial trazido pela OpenAI colocou as expectativas sobre o que essas tecnologias em um patamar muito elevado e isso pode causar uma desilusão.
“Foi um erro que ela cometeu. Temos baixar isso e trazer o assunto para o B2B falando em regulação”, disse Marcel Jientara, cofundador e CEO da Alana AI, durante o ACE Summit, que acontece hoje em São Paulo. Ele destacou o fato de o estudo da inteligência artificia existir desde os anos 1960, e da disciplina ter passado por um período de descrença nos anos 1980. Ele ainda fez uma comparação com o barulho feito pela IBM com o lançamento do Watson e sua inteligência cognitiva. Que também não deu em lugar nenhum.
Para Marcel, o grande problema dessa nova onda da IA é que, por ser algo muito caro, o seu avanço ficará sob o domínio de poucas empresas muito grandes e sediadas nos EUA – e possivelmente na China, destacou Milena Fonseca, sócia e COO da ACE Cortex, moderadora da conversa. “Quando 4 empresas dominam o mundo da IA, você tem muito viés. Quando for criar um modelo de reconhecimento facial, não vai ser reconhecendo um brasileiro. IA é uma questão local”, disse, emendando com uma piada/provocação para a plateia. “Cada pessoa que usou o ChatGPT, parabéns! Você ajudou a treinar o sistema e não está sendo remunerado por isso”, disse.
Outro problema, na visão do fundador, é o fato de serviços construídos com a OpenAI e outros provedores não terem o nível de segurança exigido pelas empresas com relação ao tratamento e disponibilização de dados – vide o recente caso do vazamento de informações da Samsung. A questão foi levantada por Meredith Whitaker, fundadora do aplicativo de mensagens Signal, durante o Web Summit Rio na semana passada.
“Ninguém pega o Netflix e tenta colocar na empresa como uma plataforma de educação corporativa. O que tem para o consumidor [como o ChatGPT se apresenta hoje, acessível para qualquer pessoa] não necessariamente funciona para o B2B. Você tem que se preocupar com regulamentação de dados. E a OpenAI mistura demais as bases”, completou.
Sobre a questão da regulamentação, Lucas Bonafe, advogado do escritório Machado Nunes, destacou que aqui no Brasil essa discussão já vem acontecendo há cerca de 3 anos. Um 1º projeto não criado não era tão bom, mas o que foi desenhado ano passado a partir de discussões com especialistas e rendeu um documento de 900 páginas que chegou à presidência do Senado recentemente, traz um bom caminho.
“Ele demonstra as responsabilidades dos fornecedores e de quem opera a inteligência artificial seguindo as diretrizes da OCDE. Ainda bem que não estamos tentando reinventar nada”, disse, destacando o fato de o projeto trazer itens com transparência, a capacidade de auditar os algoritmos, rastreabilidade e também os momentos em que se tem poder de decisão das pessoas. “Não tem por que dizer que foi o algoritmo que deu um resultado. Tem que explicar por que acontece”, afirmou.
ACE Summit
OpenAI criou expectativas muito altas sobre inteligência artificial
Executivos discutiram durante o ACE Summit os problemas da IA que podem acabar causando uma desilusão no mercado
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