Quando a pandemia realmente deu às caras no Brasil em março/20, muitas startups tiveram que rebolar e até se reinventar para manter os negócios e continuar a crescer. No caso da recifense Acredite Bank, que tinha sido fundada poucos meses antes do caos ser instalado, o caminho escolhido foi pivotar o modelo de negócio.
Concebida como uma fintech de crédito consignado para trabalhadores do setor privado, a startup de Pernambuco decidiu migrar para o segmento de home equity – as operações de crédito com garantia de imóvel. É que com as medidas de restrição de circulação para combater a pandemia, muitas empresas tiveram que demitir e até quebraram. Então o crédito consignado tornou-se inviável.
Mas, segundo o fundador e CEO Ulysses Verçosa, embora certeira, a mudança no modelo de negócio trouxe alguns desafios que, no fim das contas, se tornaram grandes aprendizados. “Dizer não foi importante nesse processo. No mercado de crédito é muito fácil você querer abraçar o mundo e fazer de tudo, mas precisávamos focar no core business que acreditávamos fazer sentido”, conta.
Ulysses e um de seus sócios, Henrique Mesquita, investiram cerca de R$ 4 milhões para dar vida à Acredite Bank. Ambos advogados, já haviam trabalhado juntos dividindo um escritório de advocacia de direito empresarial tributário no Recife. Nessa época, viram a oportunidade de explorar melhor o mercado de crédito, visto que identificaram ser um gargalo operacional comum entre os clientes.
FIDC e marketplace de home equity
Com o foco no home equity, a Acredite Bank tem colhido bons frutos. Cresceu mais de 100% no último ano e já conta com mais de 300 clientes espalhados pelo Brasil. Por meio do crédito com garantia de imóvel da fintech, empresas têm colocado suas dívidas em dia, realizado novos investimentos e trocado empréstimos caros e de curto prazo por uma parcela que não impacta o fluxo de caixa do negócio.
O bom desempenho da startup lhe rendeu recentemente uma linha de crédito de R$ 20 milhões com a SRM Asset, especializada no mercado de Fundos de Investimentos de Direitos Creditório (FIDCs). “Não só poderemos fazer operações com nosso próprio bolso, como isso vai criar o tracking necessário para fazermos uma captação mais robusta, quem sabe em 2023, junto a fundos de VC”, comenta Ulysses.
A startup não se intimida com concorrentes como Creditas e CashMe e, até dezembro deste ano, deve lançar o primeiro marketplace brasileiro focado exclusivamente em home equity. Nele, a Acredite Bank se encarregará de fazer o “match” entre o perfil do cliente/imóvel e o perfil do investidor/fundo. Basta o cliente inserir sua documentação e sua demanda e aguardar pelas ofertas.
A fintech também está estruturando seu primeiro FIDC próprio, que deve nascer com R$ 100 milhões. A ideia é que a Acredite Bank use parte dos recursos para financiar parte das operações e distribua outro bocado no marketplace.
Se você ficou curioso em conhecer mais da startup e estiver pelo Nordeste, recomendo uma visita à mais nova unidade inaugurada este mês, em João Pessoa. Segundo Ulysses, o escritório fica dentro de uma arena de beach tennis com vista para o mar. Tá bom, ou quer mais? A Acredite Bank quer mais. Até metade do ano que vem, a fintech pretende abrir uma filial em cada capital nordestina.