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Quando participou de um projeto de melhoramento genético de plantas durante sua passagem pelo Colégio Agrícola de Santa Maria (RS), em 2000, Luiz Felipe Valter de Oliveira teve o insight de sua carreira profissional. Foi ali que soube que queria trabalhar com biologia e tecnologia. Após anos de estudo, tornou-se Doutor em Genética e Biologia Molecular pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Em 2011 decidiu empreender. Junto ao irmão Luiz Fernando Valter de Oliveira fundou a empresa de biotecnologia Neoprospecta. “Os 7 anos que estive à frente da empresa foram cruciais para aprender sobre empreendedorismo, tanto nas dificuldades como nas conquistas”, conta. Em 2015, por exemplo, a empresa quase faliu com uma receita de R$ 150 mil e com a saída de dois sócios.

Turbulências a parte, a companhia voltou aos eixos apenas com os irmãos no comando e com um empurrãozinho de R$ 1,5 milhão de seu primeiro investidor, o Hospital Israelita Albert Einstein. Em 2016, a receita saltou para R$ 1,3 milhão. Ao longo dos anos a Neoprospecta começou a crescer no setor de indústria. Foi quando os irmãos decidiram fazer um spin-off. O foco seria a vertical da saúde.

Nascia então, em 2019, a BiomeHub, startup que desenvolve tecnologias relacionadas à análise de microbioma humano (todos os microorganismos que habitam em cada um de nós). Luiz Felipe assumiu o comando da nova empresa, mas permaneceu como presidente do conselho da empresa-mãe.

Em abril de 2020, graças a um investimento de R$ 2,5 milhões dos fundos de investimento de pessoa física Brimp e Idee, a healthtech, que até então ficava sob o mesmo teto que a Neoprospecta, criou sua própria infraestrutura, um laboratório de genoma em Florianópolis, Santa Catarina.


Luiz Felipe Valter de Oliveira, presidente da healthtech catarinense BiomeHub

Oportunidade com a pandemia

Mas logo em seu primeiro ano a heathtech teve que reorganizar todo seu plano de negócio por conta de um inesperado desafio: a pandemia de Covid-19. Deixou de lado o foco inicial de desenvolver soluções tecnológicas para análise do microbioma humano, e criou, de forma pioneira no Brasil, um método de testagem em massa para a Covid-19, chamado de “teste em pool”.

A coleta de material é individual, mas as amostras são testadas de forma coletiva. São coletadas duas amostras do nariz de cada pessoa (que aflição, por experiência própria). Enquanto um dos materiais coletados é reservado em um tubo individual, o outro é testado de forma coletiva utilizando o método RT-PCR em tempo real. Os resultados saem em até 24 horas.

A metodologia não só alcançou reconhecimento científico internacional com a publicação de um artigo sobre na revista científica PLOS ONE, como alavancou os ganhos da empresa. No ano passado, com tanta demanda por testes para Covid-19, a BiomeHub viu o seu faturamento saltar para R$ 12 milhões – 10x mais que em 2019. Desde o início da pandemia, a healthtech já testou cerca de 100 mil pessoas dessa forma.

Modelo de negócio

Com um modelo de negócio focado no B2B, a healtech possui um time de 60 pessoas e mais de 350 clientes/parceiros (nutricionistas, laboratórios e institutos de pesquisa), incluindo o Grupo Hermes Pardini e o Grupo DASA.

Focada na aplicação de tecnologia de NGS (sequenciamento genético de nova geração), a empresa fornece apoio essencial à investigação de doenças complexas, que incluem distúrbios metabólicos, diabetes e doenças inflamatórias intestinais, entre outros.

“Todos os produtos que desenvolvemos têm o foco, de alguma forma, em promover a saúde ou proteger o indivíduo. Queremos contribuir para o desenvolvimento de conhecimento, diagnósticos mais precisos, para o avanço da medicina personalizada e preventiva”, diz Luiz Felipe.

Hoje, o principal produto da BiomeHub é o Probiome. O teste, realizado por meio da coleta de fezes, combina o sequenciamento genético de DNA com análises de bioinformática. Resumindo, o método traz informações que os exames laboratoriais convencionais não conseguem acessar.


Kit com o teste Probiome, carro-chefe da BiomeHub

Neste ano, a empresa pretende colocar no mercado um teste de microbioma cérvico-vaginal, chamado de HerBiome, e um teste para o mercado odontológico, ambos em fase atual de validação.

As expectativas são animadoras. Aliás, a empresa tem sido sondada por alguns fundos de investimento, mas Luiz Felipe adianta que, por enquanto, não há previsão de uma rodada de captação. O faturamento previsto para 2021 é de R$ 16 milhões e, até o fim do ano que vem, a BiomeHub quer ampliar sua presença em capitais do Sul, Sudeste e Centro-Oeste com operação de logística e comercial. Além da sede em Floripa, a startup tem um escritório na cidade de São Paulo.

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