A catarinense Progic, que atua com hardware e software para TV corporativa, é um exemplo de que mudar no meio do caminho não é um fracasso. Pelo contrário, a prática de pivotar o negócio muitas vezes se faz necessária para ganhar escala. De um negócio iniciante que oferecia serviços eletrônicos para micro e pequenas empresas, tornou-se uma scale-up que provê hardware, software e consultoria para médias e grandes corporações.
São 14 anos de história e ela começou em 2008, quando dois engenheiros eletricistas abriram mão de seus empregos para apostar no sonho de criar uma empresa de tecnologia em Florianópolis. O início foi pautado por projetos eletrônicos de vídeo para emissoras de TV, câmeras de segurança, etc. O próximo passo foi desenvolver um set-top-box inicialmente utilizado por clientes dos setores de TV por assinatura e educação à distância, para em 2011 começar a testar o mercado de comunicação visual e digital por telas – o digital signage.
“Envelopamos então o hardware com um software em nuvem, pago por assinatura mensal, estratégia que trouxe a primeira onda de crescimento da empresa”, afirma o fundador da Progic, Igor Vazzoler. Deu tão certo que o faturamento recorrente saltou de zero, em 2008, para R$ 3 milhões, 3 anos depois.
Mas foi em 2015 que Igor enxergou potencial em um mercado pouco explorado, o da TV corporativa. Decidiu então virar a chave e focar o negócio na comunicação interna de médias e grandes empresas, e é o que tem feito desde então. São mais de 500 clientes em todo o país (300 de grande porte), incluindo cases como Bayer, P&G e Michelin, e mais de 5 mil telas em operação com a tecnologia da Progic.
Segundo o fundador, valeu a pena dar um passo atrás para dar vários passos à frente. Com o redirecionamento do foco de negócio, a base antiga de clientes diminuiu e a nova clientela de médias e grandes exigiu muito mais: ciclo de vendas longo, melhor infra de TI, atendimento comercial diferenciado, etc.
“O custo pago pela mudança do modelo de negócio foi deixar de sermos tão competitivos para microempresas, como éramos antes. Foram 3 anos de estabilidade no faturamento para começar a crescer em 2018”, afirma Igor. Desde então, o faturamento anual da scale-up tem mantido um crescimento entre 25% e 30%.
Apesar do crescimento constante, a empresa não descarta uma primeira rodada de captação em breve. Até então bootstrap, a principal ferramenta usada pela Progic para se manter foi construindo um relacionamento com bancos para obter crédito com taxas menores e prazos maiores. Foi assim que investiu em tecnologia, software, marketing e vendas. “Captamos o recurso, investimos, quitamos o empréstimo e vamos para o próximo. Este é o ciclo”, acrescenta Igor.
Tecnologia e serviços de TV corporativa
Um projeto de TV corporativa é composto por 3 elementos principais: equipamentos, o software de gerenciamento e os conteúdos. A Progic provê soluções para as 3 vertentes. A empresa desenvolveu, com tecnologia 100% nacional, o Progic Player, equipamento para sinalização digital fabricado no Brasil compatível com o software de gestão de TV corporativa Progic Manager.
Um parênteses aqui. Se o cliente já tiver outro software de gestão, ele define quais outros níveis adicionais da Progic quer incluir: hardware, consultoria de implementação do conteúdo, o próprio conteúdo, ou a gestão completa do canal. O software da companhia conta com uma biblioteca com mais de 300 conteúdos produzidos e atualizados quinzenalmente por uma equipe de jornalistas e designers especialistas.
Outra carta na manga da Progic é o endomarketing.tv, blog recheado com materiais educativos gratuitos sobre comunicação interna, endomarketing, gestão de pessoas e TV corporativa. Segundo Igor, pelo menos 120 mil pessoas baixam o conteúdo mensalmente.
“Nosso principal diferencial está na dualidade em ser uma empresa de tecnologia com equipamento e software proprietários e ter a competência em comunicação corporativa tão aprofundada”, comenta Igor.
Com projeção de crescer pelo menos 30% neste ano, a principal aposta da Progic para 2022 é o lançamento de uma nova geração do dispositivo que fabricam para reprodução de conteúdo em telas, após 2 anos de desenvolvimento. Em uso beta com alguns clientes, o equipamento tem capacidade de processamento maior em relação à versão atual, além de reproduzir vídeos em 4k.