Além da Faria Lima

Além da Faria Lima: Como a MeuChope quer democratizar a cerveja artesanal Brasil afora

Startup capixaba aposta em suas máquinas de autosserviço de chope e sistema de pagamento autônomo para crescer

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Pela primeira vez aqui no Além da Faria Lima falaremos sobre cerveja. Especificamente sobre a MeuChope, startup capixaba que quer fortalecer o consumo de cervejas artesanais pelo Brasil, e futuramente por outros países, por meio de suas vending machines de chope. 

Desde janeiro deste ano os sócios-fundadores Augusto Sato e Bruno Medeiros (cada um empreendendo há 20 anos) têm trabalhado com cervejarias no Espírito Santo e em outros 6 estados do Sudeste e Sul com a MeuChope. Com um modelo focado no B2B2C e no autosserviço, a startup disponibiliza suas máquinas de chope em shoppings, lojas de conveniência, clubes, entre outros locais e o cliente enche o copo de cerveja com rapidez e praticidade.

A compra da cerveja pode ser feita escaneando o QR Code disponível nos equipamentos, com pagamento feito pelo Pix, PicPay e cartão de crédito, ou pelo aplicativo da MeuChope, que permite comprar créditos. Pelo app o usuário também encontra todos os pontos que já possuem a tecnologia da companhia – são 120 ativos pelo Brasil, sendo 41 somente no Espírito Santo.

Dando um passo para trás, para falar da concepção da startup, ela nasceu, na verdade como uma evolução de um clube de negócios chamado Sr. Mustache, inaugurado por Augusto em março/20. A ideia do espaço, localizado no bairro Mata da Praia, em Vitória, era permitir que empresas, inclusive as cervejarias, pudessem realizar eventos e expor seus produtos.

O projeto surgiu da experiência de Augusto no segmento de eventos e da percepção de que era preciso encontrar formas de apoiar as vendas das cervejarias artesanais. Não precisa nem dizer o que aconteceu, né? Com a pandemia e as medidas de isolamento, o negócio acabou não funcionando do jeito que era esperado. Na busca por uma alternativa, veio a ideia do que hoje é a MeuChope. O espaço, inclusive, virou a sede da companhia.

“Praticamente 80% do projeto estava pronto, só faltava acrescentar a tecnologia, criar um modelo de negócio diferente e escalar”, afirma Bruno em entrevista ao Startups. Não demorou muito para uma ajudinha extra (grana) dar um gás na operação. Logo no segundo mês de vida, a MeuChope atraiu R$ 5 milhões do investidor e empreendedor norte-americano Michael Nicklas, sócio da gestora Valor Capital, que já tinha apoiado Bruno em outros empreendimentos. O negócio foi avaliado em R$ 20 milhões.

Bruno Medeiros (à esq) e Augusto Sato, sócio-fundadores da MeuChope (Foto: Divulgação)

Pontos de distribuição

Aos interessados em adquirir as válvulas da MeuChope, a startup oferece alguns planos: o gratuito com até 10 torneiras, com uma única loja e até 10 barris; o plano básico com até 30 torneiras, mais 30 barris e 3 lojas; e o plano personalizado, que é tratado quando há parcerias. 

O novo modelo de negócio oferece toda a estrutura e uso da marca da MeuChope. O licenciado faz um investimento de R$ 30 mil e precisa ter um imóvel, um ponto que será analisado pela companhia, para ser um novo local da MeuChope. A partir daí, o licenciado tem apenas a responsabilidade sobre o seu ponto, pois toda a tecnologia e abastecimento de barris é administrada pela MeuChope. A operação é 24h e o investidor ganha por litragem vendida. 

Expansão internacional

Desde junho, a MeuChope ampliou seu leque de atuação também em eventos, começando em eventos comemorativos nos shoppings do Espírito Santo. Em setembro, fizeram o 1º evento 100% autônomo, um festival de música denominado MeuChope Festival. Foram 6 dias oferecendo cerveja artesanal de 30 cervejarias em 60 torneiras espalhadas pelo local.

Já neste mês, puderam apresentar a startup na gringa durante o Web Summit, em Portugal – aliás, já conferiu a cobertura que o Startups fez do evento? Como no Web Summit a venda de cerveja não foi permitida, a startup apenas demonstrou ao público o sistema funcionando e a dinâmica de fazer a venda de chope com o pagamento via moeda local. O negócio não só chamou a atenção do público como também de algumas cervejarias portuguesas.

Pois é, para 2023 o plano da MeuChope é chegar a 30 cidades brasileiras e iniciar a operação internacional, começando pela Europa – segundo Bruno, talvez Portugal seja o primeiro país. Espanha, Bélgica e Inglaterra também estão na mira. Para apoiar a expansão e tracionar, a startup já estuda uma série A para o ano que vem. 

Com a expansão de seus serviços para outras regiões do Brasil e do mundo, a startup almeja aumentar a fatia de participação da cerveja artesanal no mercado, que hoje ainda está na casa dos 2%.

“O grande desafio não é a concorrência propriamente dita entre os pequenos e os grandes, é como criar uma plataforma igualitária. Queremos democratizar o acesso ao paladar, a escolha final fica a gosto do freguês”, completa Bruno. Com mais de 100 cervejarias impactadas diretamente, a MeuChope espera encerrar 2022 com faturamento pouco maior que R$ 2 milhões.