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*Levy Teles, especial para o Startups

Sócio e presidente da Construsite, empresa de Belo Horizonte (MG) que atua há mais de uma década na elaboração de websites, Márcio Vinícius percebeu um problema na empresa: 40% dos boletos de cobrança emitidos para os clientes não eram pagos na data do vencimento. E o trabalho de gerenciar isso era enorme – enviar segunda via, atualizar boletos, elaboração manual de planilhas. Um esforço que, além de tudo, estava sujeito a falhas.

O problema precisava de uma solução imediata. Só que ao invés de procurar um fornecedor, como seria o caminho tradicional, ele decidiu criar sua própria tecnologia. “A gente se reuniu para ver como resolver o problema e descobriu que o caminho seria o débito automático no cartão de crédito. Mas encontramos pouquíssimas soluções prontas. Então construímos o nosso próprio sistema”, conta ele.

Mas o que era pra ser uma solução interna, caiu na boca do povo e atraiu interesse dos clientes da Construsite. “Várias vieram me perguntar que software é esse que vocês estão usando? E pediam pra usar também”, relembra. Foi assim que nasceu, em 2015, o 4º produto da empresa. Apesar de ser uma grande aposta para Vinícius, a oferta não deslanchou muito porque não era o foco das vendas da equipe comercial. “A recorrência era de menos de R$ 8 mil por mês”, conta.

Vida independente

Em 2017, quando a Construsite teve um bom desempenho e sobrou um dinheiro no caixa, ele tomou a decisão de dobrar a aposta e transformar o produto em uma empresa separada. Foi daí que nasceu a fintech de pagamentos recorrentes Galax Pay. Como sócia e diretora de tecnologia ele trouxe Dayanne Ramos, que já era a responsável pela tecnologia da Construsite. Nesse momento, a tecnologia usada anteriormente foi descartada e o produto foi refeito do zero.

Desde que se separou, a companhia vem crescendo de forma acelerada. Em 2019, o avanço foi de 650%. Ano passado, o crescimento ficou em 150%, para R$ 2,6 milhões – valor superior ao da Construsite. Para 2021, a meta é mais que dobrar de tamanho, para R$ 5,4 milhões. Atualmente, são mais de 1,5 mil clientes ativos em todo o Brasil e as entradas. A companhia ganha dinheiro com as mensalidades pagas pelos clientes que usam o cartão de crédito como meio de pagamento e também com as taxas por boletos emitidos (que variam de R$ 1,99 a R$ 3,99).

Na avaliação de Vinícius, uma das grandes vertentes de crescimento da companhia será o PIX. “As pessoas enxergam o sistema como um substituto do TED e do DOC E 80% das transferência já passam por ele. Mas ele é mais do que isso. Ele compete quase todos os outros meios de pagamento. Principalmente com o boleto. E muitas empresas vão querer sair do boleto pra ir para o PIX. Ainda mais no comércio eletrônico, que os prazos de compensação são desastrosos. Vamos conseguir oferecer isso rápido. Os bancos sei lá quando”, diz. A Galax Pay finalizou o processo de homologação do Banco Central e aguarda liberação para operar no sistema de pagamentos, assim como o lançamento da modalidade de cobrança em meados de maio para colocar a nova oferta no ar.

Vida sem investidores externos00

Timing, escalabilidade e a presença num mercado aquecido e baixa regulação. Esses são os 3 motivos levantados por Vinícius para a o avanço rápido da companhia em tão pouco tempo. Mas o principal deles, para Márcio, é a alta escalabilidade. “Na Galax Pay, a gente atende muitos clientes com o mesmo produto”, avalia. “Enquanto o número de clientes aumenta 10 vezes, o nosso esforço aumenta uma vez”, completa.

Com 27 colaboradores, a Galax Pay é uma operação que se paga desde o 6º mês de funcionamento, e chegou até aqui sem captação de investimentos externos. Márcio ainda pretende seguir dessa forma. “Nunca deixamos de conversar com outras empresas, investidores. Falamos com 15 a 20 fundos, e, conversando com outras pessoas do mercado, chegamos à ideia de que, para captar, seria para algo que a  gente realmente precisasse e com um objetivo claro e definido do que fazer com os recursos. Como a gente conseguiu fazer uma estrutura enxuta e gera caixa, a gente usa esse próprio caixa para gerir o próprio crescimento”, diz. Vinícius.

Na visão dele, um fundo traz várias vantagens, mas também amarras à governança, autonomia, principalmente, quando o negócio não fica tão benéfico. Ele diz acreditar que vai fazer uma captação em algum momento, de preferência quando a companhia tiver um porte mais significativo e seu valuation for mais interessante.

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