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É chover no molhado dizer que o ecossistema brasileiro de startups não para de crescer. Segundo a Abstartups, estamos na casa de 13.886 empresas jovens inovadoras espalhadas pelo país e investimentos para fazê-las crescer já passa dos US$ 5 bilhões. E, assim como elas se proliferam, ganham cada vez mais força em todas as regiões do Brasil os hubs de inovação, espaços físicos que servem como ponte entre startups e potenciais investidores. Na prática, é como se fossem vitrines onde as empresas iniciantes podem aparecer, além de desenvolver e apresentar suas ideias inovadoras.

O papel dos hubs é criar densidade, um dos pilares essenciais para um ecossistema saudável. Ou seja, unir a maior quantidade de startups e entidades relacionadas, como investidores e especialistas. “Os hubs funcionam como ímãs, atraindo empresas e interessados em investir, criando um ambiente mais propício para a geração de negócios”, afirma Felipe Matos, presidente da Abstartups.

Com a pandemia, os hubs tiveram que se reinventar – assim como toda empresa e ser humano na face da Terra. O grande desafio foi migrar todas as atividades e eventos para o on-line. E deu certo. Mesmo perdendo a casualidade de negócios sendo fechados pessoalmente durante um gole e outro de café, o virtual possibilitou um alcance geográfico maior. “Com a pandemia, estar perto dos grandes centros deixou de ser uma necessidade. Startups do Norte e Nordeste, por exemplo, deixaram de ter barreiras físicas”, acrescenta Felipe.

Para além do Sudeste e Sul

As regiões que concentram o maior número de hubs são obviamente o Sudeste e o Sul. Alguns exemplos são o Cubo, do Itaú, e o Inovabra Habitat, do Bradesco, ambos em São Paulo; o Órbi, em Belo Horizonte; o Acate e 2Grow Habitat de Inovação, de Santa Catarina; e o Jupter, em Curitiba.

No entanto, é notável, há alguns anos, o crescimento de hubs de inovação no Norte e Nordeste, abrigando startups mais pulverizadas e não tão setorizadas como nas demais regiões, ainda segundo Felipe.

Em Manaus, por exemplo, startups amazonenses (e de outros estados) têm encontrado apoio no Manaus Tech Hub, espaço criado e mantido pelo Sidia Instituto de Ciência e Tecnologia há 3 anos. Por lá, também podem se conectar com empresas instaladas no Polo Industrial da cidade, governos e empreendedores. Recentemente, o hub tornou-se parceiro do Distrito e foi nomeado embaixador do movimento Hub2Hub na região Norte, cujo objetivo é fomentar iniciativas que contribuam no desenvolvimento do ecossistema de startups.


Manaus Tech Hub, espaço criado e mantido pelo Sidia Instituto de Ciência e Tecnologia

Mas, apesar de todos os benefícios e oportunidades oferecidas pelo hub, ainda há um desafio a ser superado para atrair mais investimentos. “A maturidade das startups da região ainda é muito baixa. Este é o principal desafio. Existe uma discussão de que precisamos formar melhores empreendedores”, diz Paulo Melo, gerente sênior do Manaus Tech Hub.

Atualmente o hub abriga 15 startups, incluindo a healthtech Keepsmiling e a retailtech eudireto (em caixa baixa mesmo), e conta com uma rede de mais de 60 mentores voluntários, entre profissionais, acadêmicos, empreendedores e empresários de todo o país. O grupo auxilia nos programas de residência e aceleração promovidos pelo espaço.

Descemos um pouco mais pelo mapa e chegamos em Goiânia, onde foi estabelecido o primeiro hub de inovação do Centro-Oeste. Inaugurado em 2016, em parceria com a ACE, o Hub Gyntec atua para promover a capacitação tecnológica para formação de profissionais qualificados para atender as empresas e startups de TI goianas.


Hub Gyntec, o primeiro hub de tecnologia e inovação do Centro-Oeste

“Acredito que a capacitação tecnológica seja fundamental para ocupação de novos empregos qualificados no setor de TI, talvez esse seja o maior desafio para o crescimento das startups e do setor de tecnologia da informação em Goiás”, comenta Marcos Bernardo, presidente do Hub Gyntec.

O espaço reúne 4 iniciativas diferentes: coworking, cursos de treinamento para executivos, programas de financiamento e um condomínio empresarial onde empresas podem se estabelecer. Já passaram por lá dezenas de startups goianas, entre elas Auvo, Buzzlead, Resultys e Polichat.

Segundo Marcos, a atividade de coworking foi muito prejudicada com a pandemia, mas o momento global complicado trouxe mais investimentos em startups e aumentou o interesse pela inovação. “Gradativamente está voltando a procura por coworking”, completa.

Com a mobilidade sendo retomada e o fim da pandemia – em algum momento ela vai acabar, né? – o desafio será fazer com que o campo de atração de São Paulo não volte a funcionar na mesma intensidade de antes, dando aos hubs e às startups que estão Além da Faria Lima a vez e a voz que elas merecem. Um país de dimensões tão grandes e talentos espalhados por tantos lugares não pode ter 80% dos investimentos em venture capital concentrados em apensas uma região. Não se trata apenas de justiça social, mas de perder oportunidades, deixar oportunidades na mesa mesmo.

Para Marcos, as mudanças nos formatos dos eventos abre oportunidades para uma maior inserção de quem está fora dos grandes eixos da atualidade. “Os eventos presenciais que diminuíram consideravelmente, e a tendência é permanecerem online. Os congressos serão híbridos, com mais audiência para online do que presencial”, diz.

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