Um projeto acadêmico pode virar uma startup? Sim, e foi o que aconteceu no Distrito Federal. Tudo começou quando o Grupo de Pesquisa Gestão por Performance da Universidade de Brasília (UnB) — criado há 8 anos pelo professor Alexandre Maduro-Abreu — elaborou um projeto com o intuito de garantir a saúde da operação e o desenvolvimento de empresas.
Com a participação de professores, alunos e orientandos da UnB, nasceu então o Modelo de Gestão por Performance, metodologia para auxiliar gestores de empresas a tomar decisões mais fundamentadas e assertivas. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 48% das empresas brasileiras fecham em até três anos e o principal motivo é a falta de gestão eficiente.
Com o ouro em mãos, Alexandre e seu orientando de mestrado Kayton Ávila se deram conta de que poderiam (e deveriam) monetizar a criação. Integrar o conceito à uma tecnologia de ponta. Nascia, em 2020, a i3DATA.
“Foram 4 anos conversando sobre isso, até que decidimos tornar o conceito em algo factível, uma solução para o mercado. E a melhor forma que encontramos para isso foi fundando uma startup”, diz Alexandre. Ele e Kayton (que de ex-aluno virou cofundador e presidente da i3DATA), investiram R$ 150 mil para dar o start no negócio.
Performance máxima
O professor e seu orientando desenvolveram o i3Performance, um software de medição de performance orientado a dados que utiliza modelos matemáticos e estatísticos para comparar a performance de uma empresa, filiais, equipes, produtos ou franqueados.
A plataforma é acoplada ao sistema de gestão empresarial (ERP) do cliente para obter todos os dados da empresa, então a metodologia faz a mágica e gera vários indicadores para auxiliar os gestores na tomada de decisão. Resumindo, o software orienta a empresa sobre quais ajustes devem ser feitos para atingir a performance máxima, onde e como.
“A metodologia se propõe a entregar índices de eficiência, desempenho e performance. Sintetizamos tudo em um único índice. Um dos principais indicadores mostra à empresa o quanto de dinheiro ela está perdendo por não estar operando na performance máxima”, descreve Kayton.
Além da recorrência mensal pelo uso do software, a startup cobra um valor para iniciar o projeto, onde é feito um estudo da organização, a análise de seus dados, identificação do nível de maturidade da empresa em relação aos conceitos utilizados na plataforma, etc.
O custo inicial para o cliente varia entre R$ 20 mil e R$ 60 mil, dependendo da complexidade do projeto. A exceção foi um cliente que pagou R$ 150 mil para dar o start, devido ao seu grande porte. Já a mensalidade pelo uso do software pode variar de R$ 4 mil até R$ 20 mil.
Além da plataforma, a i3DATA tem outras fontes de receita como prestação de consultoria e treinamentos. “Somando a recorrência do software com outros projetos, esperamos chegar a um faturamento bruto de R$ 1 milhão em 2022”, diz Alexandre. A startup atende atualmente 30 lojas do varejo em Brasília e 650 cooperativas de crédito por todo o país.
Focados nos projetos que estão trabalhando neste ano, por enquanto os empreendedores não pensam em buscar recursos externos. Mas afirmam que uma frestinha da porta está aberta. Vai que?
Uso gratuito do software
Entendendo que o preço da plataforma poderia ser um pouco mais salgado para as micro e pequenas empresas, Alexandre e Kayton pensaram em uma maneira de dar oportunidade às empresas desses portes usarem a metodologia. Criaram então, este ano, o movimento Brasil Mais Performance.
A iniciativa vai funcionar da seguinte maneira. Todo ano, a i3DATA vai selecionar até 5 micro e pequenas empresas do setor atacado/distribuidor para terem acesso, de forma totalmente gratuita, à plataforma i3Performance, além de treinamento e capacitação sobre o Modelo de Gestão por Performance.
Para participar da seleção, basta ser uma micro ou pequena empresa (de qualquer lugar do Brasil) que tenha uma estrutura organizada e dados disponíveis, que deseja ser ajudada para melhorar a performance do seu negócio. A inscrição pode ser feita através do site ou redes sociais da empresa.