Em 2022, todas as escolas públicas e privadas do país começam, oficialmente, a implementar o Novo Ensino Médio – reformulação anunciada em 2017 e que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. No entanto, o que deveria ser algo simples de ser feito virou uma dor de cabeça aos gestores das escolas. Muitas delas estão com dificuldades para implementar as mudanças.
E não é que alguém de Minas Gerais percebeu isso e transformou a problemática em solucionática, como diria o jogador mineiro Dadá Maravilha? Com apenas 25 anos de idade, o professor de empreendedorismo Gabriel Gonçalves decidiu criar uma solução para os colégios se adequarem ao novo modelo de ensino com qualidade e menor custo. Juntou R$ 150 mil e fundou, em 2021, a ICE Play, primeira edtech do país para o Ensino Médio focada em habilidades do futuro. Em tempo, ICE vem de Inovação, Criatividade e Empreendedorismo.
A startup de Lagoa Santa desenvolveu um streaming de cursos, com disciplinas criativas pensadas para que o aluno se conecte com sua própria vocação. E o que isso tem a ver com o Novo Ensino Médio? Bom, uma das mudanças previstas está relacionada à modalidade de aulas. Das 3 mil horas/aula durante os 3 anos (são 600 horas a mais, outra novidade do novo modelo), 60% serão de conteúdos tradicionais (como Português, Matemática e História) e 40% de novos conteúdos (chamados itinerários formativos). É aí que a ICE Play entra na jogada.
Além de pensarem em novos conteúdos distribuídos em 4 temas (empreendedorismo, processo criativo, investigação científica e intervenção sociocultural), as escolas também têm de prover opções de escolha aos alunos. Mas como uma escola pequena, em uma região mais precária, por exemplo, vai separar os poucos alunos que tem em diversas salas e gastar contratando professores especializados?
“No novo Ensino Médio há a possibilidade de parte do conteúdo ser online. Matamos aí dois coelhos com uma cajadada só. Damos às escolas a oportunidade de terem uma grade disciplinar incrível e atrativa aos alunos e também oferecemos a opção de escolha em um ambiente digital”, explica Gabriel. Na prática, além da escola economizar com a contratação de novos professores, acaba sendo uma ferramenta para captação de novos alunos.
Como engajar alunos usando tecnologia?
Vamos ser realistas. Estamos lidando com uma geração difícil de engajar dentro de uma sala de aula. Uma geração conectada 24 horas em diversas “distrações” como TikTok, Netflix e YouTube. E segundo Gabriel, a ICE Play acaba concorrendo com essas plataformas no final das contas, já que estamos falando sobre conteúdo digital.
“Não basta oferecer uma aula digital apenas com um professor falando para uma câmera. Criamos conteúdo com uma mega edição, com animações, músicas de fundo. São aulas curtas e dinâmicas”, afirma. A edtech também aposta na análise de dados para melhorar seu conteúdo constantemente. Para isso, Gabriel conta com a ajuda do diretor de tecnologia e cofundador, André Elias, que trabalhou anteriormente como analista de dados na Hotmart de BH.
A ICE Play atualmente oferece 10 cursos para o Ensino Médio (5 por semestre) desenvolvidos com base em uma pesquisa quantitativa e qualitativa feita no projeto piloto no ano passado. O produto foi testado na época com 3 escolas particulares e 300 alunos – o índice de aprendizagem foi de 80,6%. Alguns dos cursos são focados em educação financeira, programação de websites, oratória, novas mídias, entre outras opções.
Outra aposta da edtech para se diferenciar é colocar nomes de peso do ecossistema para ministrar os cursos. Thiago Godoy, head de educação financeira na XP Investimentos, e Laura Weiss, especialista em storytelling e estrategista de conteúdo audiovisual da Olist, são alguns dos nomes que podem ser encontrados na plataforma. Há algumas semanas, o influencer e comediante do TikTok, Gabriel Sampaio, também entrou para o time. Ele vai ministrar um módulo extra no curso de Novas Mídias.
Momento de a ICE Play ganhar escala
Este ano, quando a ICE Play lançou oficialmente ao mercado sua plataforma de streaming, será dedicado à ganhar escala. Para isso, a empresa está estruturando com calma uma rodada de captação para construir um time de vendas.
Atualmente, 1.200 alunos de 12 escolas de Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás e Brasília usufruem da plataforma. A expectativa da startup é encerrar 2022 com 70 escolas clientes. O faturamento da ICE Play vem da recorrência mensal. A edtech fecha um pacote com base no porte da escola e cobra de R$ 30 a R$ 50 mensais por aluno. Hoje, a nota de avaliação dada pelos alunos para os cursos da edtech é, em média, de 4,4 em 5.
“No final das contas nosso produto já está bem validado. Também queremos gerar mais impacto social e expandir o serviço para a rede pública. Ultrapassar as barreiras burocráticas e tecnológicas para chegar lá é nosso sonho e nossa meta”, comenta Gabriel. Alô investidores, eu achei a proposta da ICE Play genial, e vocês?