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Atire a primeira pedra o empreendedor que nunca pensou em jogar tudo para o alto e encerrar seu negócio diante de dificuldades. No caso de Bruno Okamoto, presidente e co-fundador da EuNerd, startup de informática e suporte de tecnologia, a escolha foi não desistir. Mesmo com o negócio quebrado em apenas 1 ano. Isso aconteceu em 2015, quando a startup era um blog de TI e se chamava Encontre um Nerd.

Rebobina a fita (denunciando minha idade) e voltamos a 2014, quando a empresa foi criada em Curitiba. Bruno sempre foi um “nerd” convicto, e apesar de gostar bastante de tecnologia, não sabia consertar computadores, algo que viu ser comum entre várias pessoas. Foi então que uma noite em um bar, teve a ideia de conectar entendedores no assunto para atender clientes pessoas física. Na época ele trabalhava como vendedor na Ebanx.

Com a cara e a coragem, Bruno deixou a fintech e decidiu aprender, pelo Youtube, como montar um site e comprou um template no WordPress. “Em 2014, coloquei no ar o site da Encontre um Nerd. A empresa começou de fato quando muitos técnicos começaram a se cadastrar no site, depois que um jornalista fez uma matéria sobre o negócio. Como resultado, consegui 25 mil acessos em um mês”, conta.

Reunião de brainstorm de lançamento da Encontre um Nerd, em 2014

Tudo parecia ir bem: dois novos sócios na empresa, investimentos de R$ 275 mil de 5 investidores-anjo. Só que em 2015, não mais que de repente, as coisas ficaram estranhas. Os sócios resolveram sair do negócio, grande parte da equipe também abandonou a empresa, poucos clientes e apenas R$ 20 mil em caixa. Era a receita para o desastre.

A volta por cima

Eis que um novo personagem surge na história em 2016. Daniel Tutida, um ex-colega de faculdade de Bruno. O reencontro foi durante um evento de startups, quando Daniel também estava frustrado com seu negócio na época, um marketplace de música.

Os dois decidiram então virar sócios e vieram para São Paulo com a ideia de transformar o negócio em B2B, atendendo só empresas. Foram para um escritório na região do Baixo Augusta, no centro, onde inclusive cheguei a gravar um vídeo com o Bruno para meu extinto canal no YouTube. E foi de grão em grão que a galinha encheu o papo. Começaram a buscar clientes em lojas de rua questionando se precisavam de algum serviço de informática e pagavam alguns “nerds” para tal. “Essa fase foi importante para nos conhecermos como sócios e empreendedores, até onde estávamos dispostos a ir por algo que acreditávamos”, lembra Bruno.

O negócio começou a atrair a atenção de investidores como o Inova Ventures Participações (IVP) e também de um empreendedor, que não só ofereceu capital como um escritório e uma rede de networking. Foi aí que decidiram mudar a marca e surgiu, em 2017, a EuNerd. Não demorou muito para vir o primeiro cliente, uma pequena empresa de TI que ganhara um grande projeto na Via Varejo. Pronto, era o momento de arriscar. No início de 2018 bateram na porta da rede de varejistas e “deu match”. Venderam um software para a empresa gerir a alocação de técnicos em campo para instalação e manutenção de periféricos. O faturamento da EuNerd somou R$ 1,2 milhão naquele ano.

Os nerds piram

Hoje os 25 mil técnicos cadastrados na plataforma da EuNerd prestam mais de 5 mil atendimentos por mês para mais de 2 mil municípios. São 80 clientes ativos (médias e grandes empresas).

Terceirização de TI, projetos para internet das coisas (IoT), configuração e instalação de dispositivos e manutenção preventiva são alguns dos serviços oferecidos pela startup. Os cases de sucesso incluem serviços para o Sebrae, Tivit, Yázigi, entre outras empresas.

Os co-fundadores da EuNerd (abaixo) Bruno Okamoto e Daniel Tutida com a equipe

A conquista mais recente da EuNerd foi o investimento feito pelo fundo de venture capital da Positivo Tecnologia. Pela parceria estratégica anunciada em maio, a startup deve complementar o suporte técnico oferecido pela Positivo para clientes corporativos. Inclusive, pelo acordo, a EuNerd abrirá um escritório em Manaus, atendendo as regras da Zona Franca de Manaus (Suframa), já que o investimento da Positivo foi feito pela Lei do Bem da capital amazonense. A startup também possui escritórios em São Paulo, no CUBO, e em Curitiba.

“Com o aporte da Positivo pretendemos expandir o marketshare, conquistar mais clientes e melhorar a comunidade técnica, oferecendo cursos e treinamentos”, comenta Daniel. Segundo ele, o namoro com a empresa começou em 2019. Foram 21 meses de negociação.

A expectativa dos co-fundadores é de dobrar o faturamento este ano em relação a 2020. A empresa também pretende captar mais recursos em uma rodada de captação prevista para entre o fim do ano e início de 2022. Mais adiante, as metas são mais ambiciosas. A caminho de chegar a um patamar de faturamento de R$ 40 milhões, a EuNerd não descarta a possibilidade de abrir capital em 5 anos.

O entusiasmo segue o bonde do IPO do GetNinjas, que iniciou a negociação de suas ações na B3 em maio, após 3 meses do pedido de abertura de capital e com um valuation de 23x sua receita anual recorrente (R$ 40 milhões). Para Bruno, o IPO do GetNinjas abriu um precedente muito importante a todos os marketplaces do Brasil. “Estamos só no começo e muito confiantes para o que ainda está por vir”, diz.

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