Em sua carreira como engenheiro civil, chegou um momento em que Vinícius Motta percebeu que a verdadeira dor de seus clientes era conseguir crédito para construir seu imóvel. Foi então que teve um insight: e se eu criasse uma forma de simplificar todo esse processo burocrático? Ou melhor, conectar em um marketplace aqueles que querem construir uma casa a construtores que atuam com financiamento habitacional em todo Brasil.
Ele então juntou-se a outros dois sócios e, no fim de 2019, nascia no Recife a Minha Casa Financiada, proptech de crédito que auxilia no pedido de financiamentos imobiliários e execução de obras. “Criamos a startup com bootstrap resultante da venda de infoprodutos sobre o mercado de construção civil. Conforme entrava dinheiro, gerava capital para o crescimento da empresa”, conta Vinícius.
Pelo marketplace é feita uma análise da renda bruta e idade do cliente para calcular o quanto ele consegue de crédito e sugerir o que ele pode construir. O financiamento pode ser pago em até 35 anos, dependendo do produto de crédito. A proptech conta com uma fintech própria, o MCF Bank, ligado à Caixa Econômica Federal, que facilita o acesso ao crédito e serve como local para guardar e transacionar o dinheiro do cliente com obras.
Vinícius reforça que o objetivo da startup é tornar o processo de financiamento habitacional 100% digital. “Não temos intenção de ter milhões de usuários, e sim dar crédito para a construção de forma desburocratizada”, afirma o fundador.
Linha de crédito privada
Responsável por cerca de 40% dos financiamentos individuais de casas da Caixa Econômica, a Minha Casa Financiada fatura com fee por originação de crédito que faz com o banco público (0,8 a 3% do valor do crédito) e também pelo construtor (0,8 a 1,2% do valor do crédito).
No entanto, apesar da parceria com o banco, a startup decidiu criar, recentemente, a primeira linha de crédito privada para aquisição de terreno e construção. A ideia é resolver a vida de muita gente que não consegue financiamento no banco por pequenos gargalos. Como exemplos, Vinícius cita o fato de a pessoa às vezes estar com o nome sujo em R$ 10 ou trabalhar como PJ e não conseguir comprovar a renda na Caixa.
Os produtos oferecidos pela Minha Vida Financiada aceitam comprovação tanto de renda formal quanto de renda informal como complemento da carta de crédito, avaliam perfis com restrição cadastral e possibilitam a alienação de terreno como garantia.
Momento estratégico
A startup já conectou mais de 4.300 clientes a uma base de 3.000 construtores capacitados especificamente para lidar com as oportunidades de projetos que surgem na plataforma. Além da sede em Pernambuco, a companhia possui sedes operacionais nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.
Em menos de 2 anos de operação, a empresa viabilizou mais de R$ 1,6 bilhão em crédito para aquisição e construção em lotes residenciais pela Caixa e pretende chegar a R$ 2 bi até o fim do ano. Como o mercado imobiliário vive um período aquecido, reflexo das taxas de juros baixas, para 2022 a estimativa é de alcançar R$3,5 bilhões em créditos imobiliários.
Com o bom desempenho em pouco tempo de vida, para a surpresa de ninguém, a empresa chamou a atenção do ecossistema. Neste ano foram selecionados pela Endeavor para participar do programa de aceleração Scale-Up 2021, onde puderam fazer várias conexões estratégicas.
“Também atraímos os olhos de algumas pessoas de venture capital, mas no momento não pensamos em fazer uma rodada de captação”, diz Vinícius. Segundo ele, num futuro próximo, pretendem se unir a parceiros de crédito estratégicos, fazer uma fusão ou aquisição, para melhorar os processos e o acesso a financiamentos.