Durante a pandemia, o setor de turismo foi um dos mais impactados pelas medidas de isolamento. Mas o quadro geral negativo acabou gerando um outro fenômeno, um maior interesse por viagens curtas para cidades próximas do interior em uma tentativa de fugir da cidade e mudar de ares. E com hotéis fechados ou atuando com capacidade reduzida, o aluguel por temporada, com opções mais reservadas, como uma casa beira-mar, ganhou destaque.
Foi nessa onda que, em setembro de 2020, foi fundada a Quarto à Vista (ou Qavi). A proptech potiguar, que também se considera turistech, se propõe a oferecer muito mais que uma plataforma similar a um Airbnb. A startup valoriza a parceria com proprietários de imóveis e oferece hospedagem por temporada com serviços exclusivos, incluindo passeios turísticos pelas belas praias do Rio Grande do Norte e até mesmo um chefe de cozinha ao dispor do hóspede.
“Vamos muito além do que é oferecido pela concorrência, principalmente pelo suporte que prestamos ao proprietário do imóvel anunciado. Um background completo para que o imóvel seja mais do que uma casa na praia, mas vire um ativo financeiro que gera receita mensal ao proprietário”, afirma Ricardo Urbano, fundador e CEO da Qavi, em entrevista ao Startups.
A Quarto à Vista se encarrega de toda a gestão do imóvel, desde a limpeza, manutenção, check in e out, lavanderia, entre outros serviços. Para os hóspedes, pequenos agrados como snacks e cervejas os aguardam nas acomodações. A startup também precifica o imóvel e o disponibiliza em vários portais, incluindo concorrentes como Airbnb, Booking e Trivago.
Com relação às taxas, enquanto o mercado geralmente cobra 20% sobre o imóvel, na Qavi ela é diluída e incide sobre o faturamento líquido do proprietário. Assim, ele não paga um monte de taxa antes mesmo do dinheiro com a hospedagem entrar em seu bolso.
Novas praias
Para avançar em um mercado cada vez mais disputado, a turistech de Natal quer crescer de forma centralizada por todo o Nordeste a partir de 2023. Com mais de 200 propriedades na plataforma atualmente, espalhadas pelas praias do Rio Grande do Norte, a Qavi quer chegar a 650 imóveis, em 4 estados: além do RN, Ceará, Paraíba e Pernambuco.
Se até então a startup caminhou e cresceu 100% via bootstrap até hoje (com investimento entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões por parte dos fundadores), chegou o momento de pensar em captar recursos externos para apoiar essa expansão. Segundo Ricardo, conversas com fundos devem se iniciar no próximo ano.
Até março/23 vem novidade aos proprietários clientes da Qavi: um botão de antecipação de forma automática. “Por meio da análise dos dados da recorrência das receitas geradas por sua propriedade, permitiremos que o proprietário solicite a antecipação de sua rentabilidade, sob uma taxa por esse serviço”, conta o CEO.
Em 2 anos de operação, a Qavi já faturou em torno de R$ 8 milhões aos proprietários, ou seja o total sob gestão da Qavi somando reservas, taxas pagas aos portais e taxas pagas aos proprietários, sendo quase R$ 6 milhões somente em 2022. Já o faturamento próprio, a receita interna da startup, de fato, chega a R$ 2,3 milhões. O número de reservas feitas pela plataforma ultrapassam 6 mil.
Dobrando de tamanho anualmente, a turistech pretende manter o mesmo ritmo pelos próximos anos. Ao adentrar novas praias do Nordeste, a expectativa da startup é de alcançar um faturamento de R$ 10 milhões em janeiro de 2024. Mais adiante, o grande objetivo da Qavi é administrar 5% de todos os quartos disponíveis no Nordeste até 2027.