fbpx
Compartilhe

Foi quando trabalhou como estagiário em algumas indústrias, que o engenheiro mecânico goiano Reginaldo Ribeiro identificou uma dor latente nesses ambientes: a dificuldade que as lideranças industriais tinham na tomada de decisão. Isso porque não havia indicadores adequados para ajudá-los nesta missão, somente a própria intuição.

E para a surpresa de Reginaldo, esta não era uma dor exclusiva da manufatura brasileira, mas de outros países onde teve a oportunidade de trabalhar, como África e Alemanha. “Todas as soluções que a gente encontrava no mercado não traziam os conceitos de agilidade, experiência do usuário, de tudo aquilo que é fundamental na jornada de digitalização de uma indústria”, diz Reginaldo, em conversa com o Startups para a série Além da Faria Lima.

Então, em 2018, o engenheiro se juntou a dois profissionais com mais quilometragem na indústria, mas sofrendo com os mesmos problemas, e fundou a Cogtive, em Anápolis (GO). A startup desenvolveu um software que une MES+MOM – Sistema de Execução de Manufatura e Gestão de Operações de Produção – baseado em IA para gestão digital e identificação de gargalos do chão de fábrica.

Ao contrário de um ERP, Reginaldo explica que o seu SaaS atua em uma camada mais especializada dentro da pirâmide de governança corporativa. O sistema da Cogtive usa coleta de dados com IoT, app ou câmera, para ter uma visão digital clara de todos os processos e garantir decisões precisas com base em informações em tempo real.

“Criamos uma solução disruptiva, com IA própria, a ponto de atrair olhares de outros países. Uma indústria farmacêutica na Jordânia, por exemplo, entrou no nosso site, traduziu com o Google Translator,  pediu uma proposta e três meses depois recebemos um pedido de compra em dólar”, conta o fundador e CEO da Cogtive. A startup cobra entre R$ 200 e R$ 750/mês por equipamento, dependendo da quantidade de máquinas monitoradas.

Reginaldo Ribeiro, fundador e CEO da Cogtive (Foto: Divulgação)
Reginaldo Ribeiro, fundador e CEO da Cogtive (Foto: Divulgação)

Passos cautelosos para o sucesso

Como para toda startup bootstrap, o início da Cogtive foi nada fácil. Segundo Reginaldo, ao longo do primeiro ano e meio de operação, ele e os sócios foram colocando dinheiro pouco a pouco no negócio, incluindo empréstimos, chegando a um suado R$ 1 milhão. “Isso foi dando sustentação porque o ciclo de venda é muito longo no nosso mercado. Basicamente foi um ano para conseguirmos ter alguma atratividade para o mercado e seis meses para conseguirmos o primeiro cliente”, conta ele.

A partir de 2019, a startup começou a faturar, mas sempre rodando apoiada no breakeven. Quando parecia que tudo estava nos trilhos, veio a pandemia e a Cogtive entrou em cash burning e viu o seu turnover de funcionários subir. Reginaldo não pensou duas vezes e decidiu se arriscar, levando sua startup para São Paulo. Contratou profissionais seniores e conseguiu se estabelecer no Cubo Itaú.

“Aproveitamos para aumentar a robustez da nossa ferramenta e isso começou a nos trazer resultados fantásticos a partir de 2021, quando começamos a gerar caixa, de fato”, diz. Segundo Reginaldo, a startup cresceu 60% de 2021 para 2022 e deve crescer 100% este ano. Atualmente, a Cogtive tem 32 indústrias clientes em todo o Brasil, do segmento químico, saúde animal, farmacêutico, de veículos e outros, mais a indústria farmacêutica na Jordânia e algumas fábricas na Europa. 

Reginaldo conta que a projeção é de igualar, até o fim do ano, o número de clientes nacionais e internacionais, principalmente porque a geração de caixa permitiu à empresa investir na prospecção para fora do Brasil. Inclusive, no início do ano, a startup também conseguiu se instalar no hub 1871 em Chicago, para conquistar clientes norte-americanos.

“A gente tem o desejo de chegar muito forte no mercado europeu e americano, mas por enquanto estamos avançando muito na América Latina. Para pisar mesmo no acelerador, fecharemos ainda este ano nossa primeira rodada de captação, um seed que também nos ajudará a dar uma guinada em nossa inteligência artificial”, conclui.

LEIA MAIS