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Em julho do ano passado, mais de 100 milhões de abelhas foram mortas em Mato Grosso devido à aplicação errada de agrotóxico. Esta e outras tragédias no meio ambiente acendem um alerta sobre a importância de adotar práticas mais responsáveis e efetivas na produção agrícola. No caso da apicultura, planejar o manejo e monitorar as colmeias do entorno, além de evitar tais desastres, pode prevenir reincidências. É aí que a tecnologia se torna uma grande aliada.

Foi o que descobriu a engenheira agrônoma Elaine Basso, quando trabalhou para empresas produtoras de defensivos agrícolas para entender os casos de mortalidade de abelhas relacionados à produção agrícola. Após cinco anos acumulando conhecimento, fundou, no início de 2020, a GeoApis, startup de Piracicaba (interior de SP) especializada em mitigação e prevenção de mortalidade de abelhas.

Na realidade, a startup nasceu como um projeto – Plataforma de Informação sobre Apicultura e Meio Ambiente – para a Associação Brasileira de Estudo das Abelhas (A.B.E.L.H.A.), que ganhou notoriedade e deu origem a uma empresa, a Converge Consultoria Agronômica, que administra a GeoApis. Para dar vida à startup, a CEO juntou mais de R$ 100 mil de capital próprio e enfrentou seu maior desafio: o de se tornar empreendedora.

“Como engenheira agrônoma, foi bem difícil no começo mudar o mindset para o empreendedorismo, entender como funciona o ecossistema de startups e desenvolver a tecnologia. Era um mundo completamente novo para mim”, afirma Elaine em conversa com o Startups para a série Além da Faria Lima.

Aliás, por falar no “clubinho” Faria Lima, Elaine logo se manifestou, dizendo que o pessoal sonha demais e que para chegar no nível de pomposos aportes, primeiro é preciso amadurecer o negócio e, segundo ela, esse amadurecimento é fora de lá. 

“O empreendedor precisa estar calejado, conhecer muito bem o seu negócio e precisa estar preparado para conversar. Pode ser o melhor dinheiro do mundo, mas o risco de você matar a sua empresa é enorme”, diz. Concordam?

Elaine Basso, fundadora e CEO da GeoApis (Foto: Divulgação)

Agricultores e apicultores saem ganhando

O trabalho realizado pela GeoApis é focado no impacto do entorno das plantações agrícolas, onde são realizados mapeamento, gestão do território e levantamento de colmeias para estabelecer uma relação harmônica entre criadores de abelhas e produtores rurais. Por meio da tecnologia de georreferenciamento, o aplicativo da startup permite a comunicação entre agroindústrias, proprietários rurais e apicultores para uma relação mais produtiva, gerando um ganha-ganha para todos.

Com a determinação da localização de apiários, o proprietário rural monitora a posição dos apiários e, ao realizar algum manejo em campo, como aplicação de defensivos agrícolas, pode emitir um alerta aos apicultores. Os criadores de abelhas, por sua vez, também são capazes de comunicar o proprietário sobre sua ida à propriedade para a realização de manejo em suas colmeias.

E vem novidade saindo do forno neste domingo (24)! A startup vai lançar uma solução para uso nas cidades: o aplicativo AlôBee, que previne a mortalidade de abelhas urbanas durante a aplicação do fumacê contra o mosquito da dengue. Com o aplicativo, o meliponicultor pode cadastrar suas colmeias, receber um aviso sobre a aplicação do fumacê na região e planejar o manejo das abelhas para evitar que elas morram enquanto o mosquito da dengue é combatido.

Depois de crescer 70% no ano passado, a projeção da GeoApis para 2024 é de crescer mais 50%. Elaine preferiu não divulgar números de faturamento, mas adiantou que a operação deve expandir para outras regiões do Brasil e da América Latina, inclusive já rolou proposta para atuar na Europa também.

Para ilustrar melhor como a startup vem crescendo ao longo dos seus quatro anos de vida, Elaine conta que, no primeiro ano, eram monitorados mil hectares, número que hoje passa dos 500 mil hectares, além de mais de 1 bilhão de abelhas monitoradas atualmente. Os clientes da GeoApis na área de cana-de açúcar, citros e outras indústrias estão espalhados por São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e Rio Grande do Sul.

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