Além da Faria Lima

Glia Innovation usa nanotecnologia para melhorar desempenho de cosméticos

Startup goiana, antes Nanoceuticals, se prepara para aumentar ritmo de crescimento com a distribuição internacional

Foto: Canva
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A nanotecnologia, ramo da ciência e da tecnologia que consiste em manipular a estrutura molecular dos mais diversos materiais, vem ao longo dos anos chamando a atenção da indústria brasileira, especialmente a de cosméticos.

Isso porque quando há nanotecnologia aplicada, os produtos são potencializados, pois, as partículas nano fazem com que eles sejam mais eficazes – hidratantes com maior poder de absorção, por exemplo – e muitas vezes em uma escala menor de tempo. A tecnologia também reduz custos de produção, uma vez que são necessárias menores concentrações dos ativos para se ter o mesmo efeito que o ativo não-nanoencapsulado.

De olho no potencial inovador desse mercado, a startup goiana Glia Innovation tem desenvolvido, desde 2018, vários tipos de nanotecnologias para indústrias de cosméticos e farmácias de manipulação. Um adendo aqui. A empresa nasceu como Nanoceuticals e, após se fundir com a startup de biotecnologia de Campinas, PlateInnove, se transformou em Glia Innovation, no início de 2022. A companhia foi fundada por cientistas acadêmicos e profissionais da indústria e até hoje não recebeu capital de investidores externos.

Na prática, a Glia desenvolve matéria-prima com base na nanotecnologia, as indústrias de cosméticos adquirem esse ingredientes e os incorpora em seus produtos. “A ideia é agregar valor, oferecer uma série de benefícios aos processos e produtos de quem compra nossa matéria-prima. Existem processos de produção que levam até 5 horas para serem concluídos, e com nossa solução isso cai para apenas 5 minutos”, garante João Paulo Longo, um dos sócio-fundadores.

João Paulo Longo, um dos sócio-fundadores da Glia Innovation (antiga Nanoceuticals) / Foto: Divulgação
João Paulo Longo, um dos sócio-fundadores da Glia Innovation (antiga Nanoceuticals) / Foto: Divulgação

Por meio de insumos como manteigas e óleos, a Glia Innovation desenvolve nanopartículas lipídicas sólidas biodegradáveis e que não utilizam solventes orgânicos. Também são criados lipossomas, nanopartículas poliméricas, dendrímeros, sistemas de liberação drones e síntese de novas moléculas.

A sede industrial da startup fica em Aparecida de Goiânia, município de Goiás, local onde foram desenvolvidos mais de 90 produtos para uso em cosméticos capilares, faciais e corporais. Segundo João Paulo, hoje o portfólio está mais enxuto, com 40 produtos, e 78 clientes ativos, entre indústrias de cosméticos e farmácias de manipulação: Adcos, Vita Derm e Lakma são alguns exemplos.

Estratégias para crescer

Em conversa com o Startups para a série Além da Faria Lima, o sócio-fundador da Glia conta que a startup conseguiu durante seus cinco anos de vida manter um crescimento sustentável, de 60% a 70% anualmente. Mas agora em 2023, a empresa pretende acelerar essa expansão apoiada em algumas estratégias.

A distribuição internacional do que produz é uma delas. “Hoje vendemos nossa matéria-prima para todo o Brasil e também para o Peru, por meio de distribuidores. Em breve, fecharemos contrato com revendedores também nos EUA (Flórida), na Índia e Polônia”, afirma João Paulo.

Quando adquiriu a PlateInnove no ano passado, cujas tecnologias são fortes no desenho de peptídeos, moléculas muito usadas em cosméticos, a Glia desenvolveu cinco patentes de moléculas proprietárias.

Pois bem, a outra forma que a startup vislumbra para ampliar seu faturamento está na negociação de royalties pela exclusividade dessas moléculas. Dessa forma, o cliente além de comprar a matéria-prima, paga um royalty de exclusividade e o bolso da startup agradece.