Além da Faria Lima

PagBrasil, de pagamentos para ecommerce, cresce há 13 anos no bootstrap

Fintech gaúcha recusa investimentos externos e foca em alavancar o ecommerce brasileiro agregando valor aos clientes

Foto: Canva
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Pela primeira vez no Além da Faria Lima, temos uma startup fora do eixo Rio-SP que nunca cogitou a possibilidade de captar investimento externo. Em seus 13 anos de operação, na verdade, até recusou diversas ofertas. Estamos falando da PagBrasil, fintech gaúcha especializada no processamento de pagamentos para ecommerce.

A startup, que se identifica como uma empresa camelo, sempre valorizou a qualidade e a satisfação dos seus clientes, além da estabilidade financeira a longo prazo – mesmo que, para isso, tenha passado por alguns perrengues no início, até começar a lucrar. “Não pensamos em criar uma startup grande para investidores multiplicarem seu investimento. Não focamos no valuation, mas sim na criação de valor real e satisfação dos nossos clientes”, pontua o CEO e cofundador Ralf Germer em conversa com o Startups.

A ideia para a criação da empresa surgiu quando Ralf identificou a necessidade de um provedor de serviços de pagamento brasileiro para o seu negócio de software na Europa. Sem sucesso em sua busca, ele pensou em como criar um facilitador de pagamentos cross-border para o Brasil por conta própria. Dois anos depois, em 2010, Ralf viaja ao Brasil para visitar a SiliconAction, loja online de Alex Hoffmann que comercializava um software distribuído por sua empresa. Do encontro, nasceu a PagBrasil em Porto Alegre (RS).

Com um investimento total de R$ 5 milhões de ambos os sócios fundadores, a empresa se virou para se manter no início, até a conquista dos primeiros clientes, que vieram só nove meses depois. A partir daí, só ladeira acima, em uma curva ascendente de crescimento em todos os trimestres desde 2011, quando processou sua primeira transação de pagamento.

“Começamos pequeno, com cuidado, sempre aprendendo e testando antes de fazer grandes investimentos. Sempre priorizamos em testar nossas soluções com clientes e potenciais clientes já no processo de desenvolvimento para assegurar que o produto, quando lançado, realmente atenda às necessidades do mercado”, afirma Ralf.

Ralf Germer e Alex Hoffmann, sócios-fundadores da PagBrasil (Foto: Divulgação)

Upgrade no e-commerce brasileiro

Segundo o CEO, o propósito da PagBrasil é alavancar o ecommerce brasileiro e, consequentemente, a economia local, a um nível comparável com outros países mais desenvolvidos, como os Estados Unidos e o continente europeu. Para tal, a startup aposta em seu variado cardápio de métodos de pagamento e soluções inovadoras que agreguem valor aos lojistas e consumidores.

Dentre elas estão o Boleto Flash, boleto com confirmação de pagamento em poucas horas, no mesmo dia; o PagShield, solução de prevenção de fraude com aprendizagem automática de comportamento; o PagBrasil Pix, incluindo Pix internacional; além de serviços de integração e gateway de pagamentos.

A mais recente aposta da startup para o seu crescimento é o PagStream, plataforma  para criação e gestão de negócios por assinatura lançada em 2020, que se integra a diversas plataformas de ecommerce das quais a PagBrasil é parceira, como Salesforce Commerce Cloud, Shopify e Vtex. Com tanto potencial, em 2023, a solução se transformou em uma unidade de negócio independente, associada ao Cubo Itaú, em São Paulo, como um projeto de expansão da marca.

Sem revelar números de faturamento, Ralf afirma que o crescimento previsto para este ano está em torno de 50% e 100%. Em relação aos clientes, cuja quantidade o executivo também preferiu não divulgar, estão empresas de diversos setores da indústria como Samsung, Tramontina, Epic Games, Latam, illy Café, dentre outras.

Além da sede em Porto Alegre, com 80 colaboradores, e presença em São Paulo, no Cubo, a PagBrasil ainda conta com escritórios em Barcelona e Singapura.

“Em breve teremos novidades em termos de parcerias e crescimento do portfólio com novas tecnologias, sempre com foco no Brasil. O país é suficientemente grande  e tem tanta coisa para resolver aqui que não pretendemos expandir globalmente”, finaliza o executivo.