Além da Faria Lima

RoboticTech usa IA para aumentar eficiência do setor de energia elétrica

Startup mineira prevê faturar mais de R$ 1 milhão com soluções de machine learning e visão computacional para a indústria

RoboticTech usa IA para aumentar eficiência do setor de energia elétrica

Transformar projetos acadêmicos em uma startup não só é possível, como foi assim que nasceu a RoboticTech, na cidade mineira de Juiz de Fora. Em 2019, quando Mathaus Ferreira (CEO) e Juliano Masson (CTO) desenvolveram diversos projetos de P&D para o setor de energia elétrica, durante o mestrado e doutorado em Robótica na UFJF, decidiram transformar suas ideias inovadoras em produtos.

Isso depois de perceberem que as empresas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica dependiam de grande mobilização, planejamento, tempo, e até expunham seus funcionários a riscos para desenvolver tarefas que poderiam ser otimizadas através da digitalização dos ambientes operacionais.

“Durante esse período, ficamos incomodados porque muitos projetos de pesquisa e desenvolvimento acabavam não resultando em produtos pela falta de uma empresa que levasse isso ao mercado”, conta Mathaus, sócio-fundador e CEO da RoboticTech, em conversa com o Startups para a série Além da Faria Lima. Foi a oportunidade perfeita que ambos os engenheiros enxergaram para montar um negócio.

A startup desenvolve soluções avançadas em machine learning, visão computacional, reconstrução 3D e robótica para a indústria, principalmente a de energia. Os produtos e projetos são customizados de acordo com a necessidade do cliente e visam aumentar a eficiência e segurança das operações através da automação.

Dentre as soluções comercializadas estão o software IRT3D, o qual terá uma versão 2.0, mais completa, a ser lançada nas próximas semanas. O software utiliza imagens capturadas por drones e inteligência artificial para criar modelos tridimensionais precisos de objetos ou áreas específicas. Segundo Mathaus, a RoboticTech é a única empresa no Brasil que desenvolve 100% dessa tecnologia – geralmente as outras companhias que utilizam algo semelhante buscam white label do exterior e comercializam.

Outro produto criado pela startup nasceu de um projeto para agilizar o processo de recenseamento periódico do parque de iluminação pública da EDP, distribuidora de energia elétrica do Espírito Santo. A solução Light Census utiliza o voo noturno de um drone para fazer o monitoramento do parque de iluminação pública, conseguindo identificar todos os tipos, potência e georreferenciar de forma extremamente precisa cada ponto de iluminação pública.

Mathaus Ferreira, sócio-fundador e CEO da RoboticTech (Foto: Divulgação)

Apoio financeiro via editais

Desde a sua fundação, a RoboticTech tem crescido anualmente via bootstrap. Para se ter ideia, no primeiro ano de operação a startup faturou apenas R$ 20 mil. Com o sucesso dos projetos e mais clientes interessados nas soluções, os ganhos aumentaram exponencialmente. Em 2023, a startup faturou R$ 750 mil e, para este ano, a projeção é de ultrapassar R$ 1 milhão.

O único apoio financeiro que a startup teve ao longo dos seus cinco anos de vida veio de editais de fomento à inovação, que somaram R$ 500 mil. O mais recente deles foi um investimento de R$ 190 mil obtido no início deste ano pelo Programa de Empreendedorismo Industrial do Findeslab, no Espírito Santo.

O valor foi destinado para o desenvolvimento de um projeto (Street Census 3D) que visa resolver desafios da companhia do setor elétrico EDP. Através de imagens obtidas por câmera 360, a IA da RoboticTech consegue identificar todo o ambiente em volta, montar como se fosse um Google Maps daquele ambiente, identificando ativos de iluminação pública, placas na rua, presença de buracos, etc. É o segundo projeto criado para a EDP – a startup foi aprovada pelo mesmo edital pela primeira vez em 2021, também com um desafio proposto pela mesma companhia.

“Dinheiro, geralmente buscamos em editais e temos uma taxa de acerto bem alta. Porém, nesses últimos meses, começamos a considerar buscar um investidor não pelo dinheiro em si, e sim pelas conexões que ele pode trazer e pelo potencial de escala que nossa startup pode ganhar”, completa Mathaus.