Desde 2014, a legaltech Escavador tem trabalhado na missão de transformar o Brasil em um país mais transparente, utilizando a tecnologia para facilitar o acesso às informações públicas, que é um direito de todos os cidadãos. Por meio de sua plataforma munida de inteligência artificial, qualquer um pode acompanhar o andamento de processos judiciais e fazer pesquisas jurídicas sobre pessoas e empresas em bancos de dados públicos, como tribunais de justiça e Diários Oficiais.
A startup foi fundada em Salvador por três amigos que cursavam, na época, Ciência da Computação na Universidade Federal da Bahia (UFBA). Sem muitas perspectivas de trabalho na área, Bruno Cabral (CEO), Gabriel Peixoto e Marivaldo Júnior decidiram, então, empreender. Só que a primeira tentativa não deu muito certo.
“Ao notarmos o quanto os internautas comentavam em portais de notícias, escreviam qualquer coisa mesmo nas caixas de comentários, tivemos a ideia de criar um site para reunir todos os comentários que uma pessoa já fez pela web. E aí, quando você procurasse o nome daquela pessoa na internet, você caía nesse site. Mas óbvio que deu uma merda gigantesca. As pessoas nos ligavam falando que iam matar a gente”, conta Bruno, em entrevista ao Startups para a série Além da Faria Lima.
Diante do desastre, os empreendedores não desistiram, sempre intrigados como a procura por informações de pessoas e empresas era grande, mas, encontrar esses dados de procedência confiável e organizados em um único lugar, era algo inédito. Foi aí então que viram a oportunidade e nasceu o Escavador. O único incentivo financeiro da startup, que cresce no bootstrap, foram alguns editais de subvenção do governo nos primeiros anos, os quais, segundo Bruno, totalizaram R$ 500 mil.
A plataforma começou disponibilizando dados de currículos Lattes, em seguida evoluiu para os Diários Oficiais e, hoje, conta também com o banco de patente do Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI) e os sistemas de tribunais do Judiciário. Além do portal que permite pesquisas gratuitas de informações dos diários oficiais e currículos Lattes, a startup oferece outros dois produtos: o Painel de Monitoramentos e a API Jurídica.
O primeiro trata-se de um assistente jurídico que, por meio de uma assinatura (planos a partir de R$ 9,90), permite o monitoramento de nomes e termos nos Diários Oficiais e acompanhamento de processos diretamente nos sistemas dos tribunais. O Escavador coleta e estrutura as informações, que são enviadas de forma automatizada com todas as novidades aos clientes. Já a API Jurídica, facilita a integração entre sistemas e funciona em parceria com empresas de tecnologia que querem receber esses dados em grandes volumes, diretamente em seus sistemas.
Vem aí, o Escavaí
Desde sua fundação, o Escavador já incorporou mais de 320 milhões de processos judiciais à sua base de dados. Todos os dias, mais de 2 milhões de processos são atualizados, mensalmente, 11 milhões de movimentações são capturadas, somando 55 milhões de partes envolvidas. Ao todo, 569 sistemas de tribunais são monitorados pela IA da startup. Atualmente, os principais clientes da legaltech baiana são empresas de análise de crédito e escritórios de advocacia.
Com uma média de crescimento de 50% ao ano, desde sua fundação, o Escavador encerrou 2023 com faturamento superior a R$ 4 milhões. Com projeção de manter o crescimento de 50% neste ano, a principal aposta da startup é o lançamento do Escavaí, sua própria versão para o ChatGPT, que será incorporada ao seu assistente jurídico. Segundo o CEO, foram quatro anos dedicados ao desenvolvimento da tecnologia.
Inovações à parte, o que mais motiva e dá orgulho aos fundadores do Escavador é o seu time. No ano passado, a startup recebeu o prêmio Selo Dourado 2023 do Cubo Itaú na categoria “Pessoas”, sendo reconhecida por ter um time de talentos diverso, com experiência, boas condições de trabalho e alta retenção.
“Ter um time diverso é a nossa arma secreta, algo pelo qual temos muito orgulho, porque são visões diferentes, perspectivas diferentes. Isso faz com que a gente fuja daquela monocultura, que todo mundo pensa igual, todo mundo quer fazer o mesmo”, ressalta Bruno.