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Apenas três meses separam o anúncio do aporte feito pela SoftBank na iClinic e a venda da participação na companhia. O timing coloca a operação entre os exits mais rápidos da história do VC brasileiro (senão o mais rápido).

Não foi nada planejado. Em seu primeiro investimento no segmento de saúde, a SoftBank tinha planos de colocar em prática sua cartilha de investimentos pesados para criação de gigantes que dominam os setores em que atuam. Mas as conversas entre Afya e iClinic, que vinham rolando antes da pandemia, e foram congeladas por conta das incertezas do momento, foram retomadas e a venda acabou sendo fechada.

Tadinha da SoftBank? Que nada. A companhia se tornou sócia minoritária de um gigante do mundo da educação (com forte atuação no segmento de saúde) e teve um retorno considerável para um investimento de apenas três meses. O valor aportado em julho não foi revelado, mas o cheque não foi muito alto devido ao estágio inicial de desenvolvimento da iClinic (apesar de estar a 8 anos no mercado).

A Afya se comprometeu a pagar R$ 182,7 milhões por 100% da iClinic – que além da SoftBank tinha como sócios a família Moll, controladora da Rede D’Or, e Luis Filipe Lomonaco, ex-CEO da Estapar e cofundador da gestora TreeCorp. O pagamento será feito 61,5% em dinheiro e 38,5% em ações da Afya (que fecharam o pregão de ontem da Nasdaq contada a US$ 28,05.

O valor total acordado representa um múltiplo de 12 vezes a receita recorrente anual da iClinic em 2020, que deve ficar na faixa de R$ 15 milhões. A companhia tem cerca de 12 mil médicos em sua base de assinantes, que pagam um tíquete médio de R$ 107. A expectativa é fechar o ano com 13 mil médicos.

Em teleconferência com analistas para falar sobre a operação, a Afya disse que os R$ 182 milhões representam um múltiplo de 4,7 vezes a receita bruta projetada para a iClinic em 2022 (ano em que ela deve chegar ao break even).  Na conversa, Júlio de Angeli, vice-presidente de inovação e serviços digitais da Afya, disse que a iClinic queima caixa para crescer e apresenta Ebitda negativo. Segundo ele, o plano – por agora – é seguir a estratégia traçada pela companhia com o aporte da SoftBank, que passa pela compra de concorrentes menores. Segundo ele, a lista de potenciais alvos será avaliada para ver quais fazem sentido diante do novo cenário da companhia. “É um mercado fragmentado, tem muita oportunidade de crescimento”, disse de Angeli. Segundo levantamento do Distrito, são 542 healthtechs em atuação no Brasil atualmente.

Isso significa que os agora sócios SoftBank e Afya ainda devem se encontrar diversas vezes no meio do caminho.

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