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War is over…. if you want it…. Imbuídos do espírito natalino, os acionistas da Linx parecem ter ouvido a sugestão de John Lennon e decidiram pôr um fim na guerra entre Stone e Totvs pelo controle da empresa de software.

“Sempre acreditei que os acionistas entenderiam que a geração de valor estaria mais clara quando você junta uma grande empresa de tecnologia com uma ótima empresa de pagamentos e serviços financeiros. Juntar duas empresas de tecnologia para depois criar uma de pagamentos demora mais para dar resultado”, avalia Edson Santos, especialista no setor de pagamentos.

Com a aprovação da compra pela empresa fundada por André Street por R$ 6,7 bilhões, um capítulo se encerra (ou pelo menos, assim se espera) e outro se abre.

Como será o novo mundo habitado pela Stone/Linx? O que a Totvs vai fazer? Como vai se comportar o mercado de adquirência diante do novo gigante e das novas opções de pagamento trazidas pelo PIX e pelo open banking? Quais os aprendizados que o mercado de capitais vai levar dessa operação?

Impossível cravar qualquer prognóstico, mas dá pra levantar alguns pontos de atenção:

  • Seria interessante (e fundamental) que a CVM fizesse a necropsia da operação e deixasse claro seus entendimentos sobre os principais pontos de fricção levantados ao longo das negociações;
  • A análise da operação pelo CADE deve levar de 3 a 6 meses e não deve incluir medidas restritivas (ou itens bem leves, se houver). Vencido esse processo, se pelo lado comercial Stone e Linx se complementam, em relação a tecnologia e cultura, há muito o que fazer no processo de integração das empresas. Elas parecem ter noção do tamanho da bucha e têm evitado fazer comentários sobre possíveis sinergias;
  • Os concorrentes vão olhar com lupa todo e qualquer movimento da Stone/Linx. Qualquer mecânica promocional mal explicada (intencional ou não-intencionalmente), ou qualquer sombra de dúvida sobre o movimento mais trivial, servirá de munição para reclamações e denúncias no CADE;
  • Falando em concorrência, vale a pena prestar atenção nos próximos movimentos da Rede. A estimativa é que um quinto do volume processado pela companhia do Itaú seja gerada pela Linx. O grosso desse total deve ser direcionado para a Stone, colocando a companhia como a segunda maior do mercado, ou um terceiro bem próximo. Como a Rede vai recuperar essa diferença? Qual será o apetite do Itaú para investir na operação diante do novo cenário? Uma aproximação comercial (ou casamento) com a Totvs faria sentido?
  • A Totvs levantou a bandeira branca. Ontem à noite ela anunciou o cancelamento da assembleia extraordinária que tinha sido convocada para discutir a compra da Linx. A companhia também vai retirar o formulário de comunicação da operação na SEC e arquivar o processo aberto no CADE – mas vai continuar como terceiro interessado na operação “tendo em vista que tal operação gera preocupações concorrenciais”. Com essa página virada, a expectativa é que a companhia acelere sua máquina de aquisições para correr atrás do tempo perdido;
  • A tendência é que Totvs e Stone/Linx passem a se encontrar mais vezes na disputa por aquisições. Dificilmente elas vão entrar em uma guerra de lances insana, mas a concorrência entre elas pode dar mais poder de negociação para os vendedores.

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