A VTEX já figurava nas listas de candidatas a unicórnio brasileiro há algum tempo. Nesta semana a profecia se concretizou. Em uma rodada de superior a R$ 1,2 bilhão (US$ 225 milhões) a companhia foi avaliada em US$ 1,7 bilhão e se tornou o 12º unicórnio brasileiro.
O hype em torno do status é importante para a companhia em termos de marketing, mas ela tem uma história muito diferente de outros membros do grupo, com perfil mais de private equity do que de venture capital (tanto que recebeu investimentos da Constellation Asset e do Gávea Investimentos).
A VTEX não é exatamente uma novata. Pelo contrário. Já é bem “rodada”. Nasceu em 1999, sobreviveu ao estouro da bolha da internet e quase fechou as portas em 2007. Ela ainda teve a Naspers como sócia entre 2012 e 2014. No começo de 2015 com a saída do grupo sul-africano e a chegada da Riverwood, entrou na rota de crescimento que a trouxe até aqui.
Mas mais do que qualquer coisa, ela sabe o que é dar lucro. Coisa que muito unicórnio raiz, nunca soube o que é – mas vai ter que aprender agora que a visão de investimentos mudou (ainda que momentaneamente) como efeito da pandemia.
Bom, a VTEX sabia o que era dar lucro até 2018, antes da entrada da SoftBank como acionista. Naquele ano, a receita líquida foi de R$ 179 milhões, com crescimento de 36% na comparação com 2017. O lucro caiu 67%, para R$ 5,32 milhões. O recuo foi resultado dos investimentos em expansão internacional. O balanço de 2019 não foi publicado, mas é de se imaginar que o crescimento de receita – que ficou próximo de 50% – não tenha sido acompanhando por uma melhora na rentabilidade frente aos investimentos para crescer. Para 2020, a projeção é crescer 114%.
Em uma conversa com um dos fundadores da empresa, Mariano Gomide, no começo do ano, quando a companhia anunciou duas novas aquisições, ele me disse que a ideia não era alavancar a empresa com os US$ 140 milhões captados na rodada liderada pela SoftBank, em novembro/19. “O objetivo sempre foi ter isso como uma reserva para tomar mais risco operacional, mas sem alavancar a operação”, afirmou. Em uma outra conversa, em 2018, Gomide e Geraldo Thomaz, ou outro fundador, haviam dito que o plano era fazer uma listagem da companhia fora do Brasil em um prazo de três a quatro anos.
Mesmo com as turbulências no meio do caminho, o plano ainda parece factível.