
*Por Giresse Contini, Diretor de Marketing, Growth e Canais Digitais do MB | Mercado Bitcoin
Mergulhando no universo cripto em 2025, posso contar como minha visão sobre bitcoin, criptomoeda e ativos digitais mudou. E por que a sua, investidor tradicional, pode mudar também.
Dólar parado não trabalha por você
Por muitos anos, eu mesmo vivi isso na prática. Recebia ações da empresa multinacional onde trabalhava, esperava o período de vesting, vendia e… o dinheiro caía em dólar direto na conta. E ali ficava. Parado. Sem render nada, a não ser quando a cotação resolvia ajudar.
Foi só quando conheci o dólar digital que esse cenário mudou. O mesmo dólar que antes ficava imóvel passou a gerar rentabilidade de até 5% ao ano. Pense em 100 mil dólares (hoje, cerca de 554 mil reais): ao final de 1 ano, rendem 5 mil dólares, algo como 27,6 mil reais – sem você fazer absolutamente nada!
A liberdade de mover dinheiro sem o peso do IOF
Por anos, toda vez que eu fazia uma operação internacional, já vinha o desgaste: aquele IOF inevitável que mordia uma parte do valor de forma automática, silenciosa e inevitável. Aquela sensação de perder dinheiro antes mesmo de começar. Quando descobri que stablecoins, como o dólar digital, não têm IOF nem na compra nem na venda, percebi que existia um jeito mais inteligente de mover dinheiro.
Para visualizar: em uma operação de câmbio tradicional de 500 mil reais, o IOF levaria 17,5 mil. Se esse valor de IOF ficasse aplicado por 12 meses em um CDB modesto a 105% do CDI, renderia quase 2 mil reais. No fim, são 19,5 mil reais preservados. Um custo que simplesmente deixa de existir quando você usa dólar digital. Dica: Essa isenção de IOF para stablecoins pode não durar muito tempo.
Dinheiro que não derrete com o tempo
Meu maior choque ao estudar Bitcoin não veio da tecnologia, mas sim da economia. A maioria de nós lê notícias sobre inflação com alguma frequência, mas é impossível não olhar o dinheiro com outros olhos quando vemos a imagem a seguir, em que o real já perdeu mais de 80% de poder de compra desde 1994. Ah, mas meu investimento é dolarizado! Bem, o dólar também já perdeu quase 94% do seu valor desde 1920. A gente entende aí que inflação não é acidente: é parte do sistema… global.
O melhor livro que li em 2025, O Padrão Bitcoin, de Saifedean Ammous, explica com didática porque o bitcoin é a forma mais sólida de dinheiro. Escasso, descentralizado e resistente à manipulação política. Não é só uma moeda digital, mas uma alternativa real a sistemas que corroem poder de compra ao longo dos anos. Foi aí que percebi que o Bitcoin não é sobre especulação, é sobre proteção. É uma reserva de valor, mais potente que o próprio ouro.
Quando os números começam a falar mais alto
Olhando para os últimos anos, fica claro por que o Bitcoin ganhou espaço nas conversas sobre investimento. Ele foi o ativo mais rentável em 8 dos últimos 12 anos e, no acumulado, entrega mais que o dobro do segundo colocado.
E o efeito na carteira do investidor é ainda mais interessante. Ao adicionar pequenas participações de Bitcoin a uma alocação tradicional, a rentabilidade sobe de maneira consistente enquanto a volatilidade quase não muda, fragilizando também o argumento de aversão a risco. Faça o teste: um ganho adicional de cerca de 33% no longo prazo transforma qualquer planejamento financeiro.
Renda fixa com menos intermediários (e mais retorno)
Para quem gosta de renda fixa, e eu me incluo nessa lista, a Renda Fixa Digital do Mercado Bitcoin abre uma porta interessante. Criada após a Resolução CVM 88, em 2022, ela funciona como uma debênture em infraestrutura blockchain, o que reduz pela metade os intermediários que normalmente encarecem e atrasam o processo. O resultado é simples: menos etapas, menos custo, mais retorno.
E é aí que fica claro o diferencial: sem a cadeia tradicional de intermediários, a rentabilidade melhora, com opções como 18% ao ano pré-fixado, IPCA+13% ou CDI+4%. Além disso, há isenção de Imposto de Renda para pagamentos de até 35 mil reais por mês.
Na prática, um investimento de 30 mil reais por 12 meses a 18% ao ano gera um ganho líquido de 5,4 mil reais. Difícil encontrar uma renda fixa tradicional entregando isso hoje. Faça o teste e compare com seus investimentos em renda fixa.
Uma renda passiva que recompensa você
No universo cripto, o staking é uma forma simples de gerar renda passiva: você mantém suas moedas, como Ethereum, Solana ou dólar digital, alocadas na rede e, em troca, recebe recompensas anuais (ou mensais), geralmente próximas de 5%. É literalmente deixar o dinheiro trabalhando a seu favor, com o adicional de participar da valorização do próprio ativo ao longo do tempo.
No Mercado Bitcoin, por exemplo, o staking de Solana rende 4,45% ao ano. Isso significa que um investimento de 10 mil reais gera, em 12 meses, 445 reais em recompensas, sem esforço adicional. Para quem busca diversificar e criar novas formas de retorno, é um caminho simples e acessível.
Dicas: I) Se você compra ETFs de criptomoedas, você não ganha essa renda passiva. II) A maioria dos bancos tradicionais que começaram a oferecer criptomoedas recentemente, não oferecem staking.
Cripto também é crédito
Quem já possui criptoativos como Bitcoin e Ethereum pode usar esses valores como garantia para obter um empréstimo totalmente digital, rápido, sem burocracia e sem necessidade de análise de crédito. É uma jornada simples e com taxas a partir de 1,79% ao mês. Na prática, alguém com 10 mil reais em Ethereum pode usar esses ativos como custódia e liberar aproximadamente 5 mil reais na hora, direto na conta.
É uma forma rápida de acessar liquidez sem precisar vender o ativo, mantendo o potencial de valorização do investimento original. Se você acha que isso é coisa de um pequeno nicho de mercado formado por early adopter de criptomoedas, vale ler esse artigo. Veja que o assunto crédito com colateral em cripto chegou ao mercado tradicional regulado e institucional.
Dica: Nem todo lugar que oferece cripto tem esse tipo de produto. Considere isso na hora de escolher onde você vai comprar ativos digitais.
O poder do 24/7
Quem nunca ficou contrariado por não conseguir movimentar investimentos fora do horário comercial, quando você tem mais tempo e cabeça? O mundo cripto funciona 24 horas por dia. 7 dias por semana (sábado, domingo, feriado, dia santo). A liberdade de resolver a vida em pleno domingo de noite não tem preço. Sem falar do famoso e ineficiente swift, para operações internacionais. Quem já usou o swift sabe a dor de cabeça que é (decorar IBAN, código SWIFT, etc).
Quem se acostumou e amou o Pix, quando descobrir o poder do 24/7 do mundo cripto não voltará ao mercado tradicional. Ou então passará a exigir essa mesma experiência dele em tudo, inclusive nos investimentos.
Nem Onshore, nem Offshore
Talvez você já tenha ouvido falar que pode guardar seu dinheiro no seu próprio pen drive. Na prática, os ativos digitais ficam “estacionados” em uma prateleira diferente, isenta, isolada, mais protegida, difusa, transparente e independente: o blockchain — algo que não se compara a nada que existe no mundo tradicional.
No universo dos investimentos, há os chamados onshore, feitos dentro do próprio país e seguindo as leis locais, como CDBs, Tesouro Direto e fundos regulados pela CVM no Brasil, e os offshore, realizados fora do país de residência do investidor, por meio de contas internacionais e estruturas mais sofisticadas e caras, como fundos internacionais, ações e ETFs no exterior; em ambos os casos, trata-se de um sistema que depende dos bancos.
Já no mundo cripto, dos ativos digitais, é possível levar consigo o próprio patrimônio usando uma “cold wallet”, um “pen drive” físico como Trezor, Ledger ou similares, o que representa um caminho libertador e absolutamente único para quem confia apenas em si mesmo.
Cartão cripto e cashback em Bitcoin
Já existem cartões que funcionam na função crédito, mas como débito. Na prática, o cliente tem um saldo em criptomoedas e pode fazer pagamentos debitando diretamente de seus investimentos, como bitcoin, ethereum, solana, dólar digital e outros. No mundo tradicional, seria algo similar a você poder escolher debitar suas compras de um dinheiro que está investido em ações, por exemplo.
Além disso, a maioria dos cartões cripto oferecem cashback a cada compra feita. Você ganha cashback para fazer Pix? Não seria bom? O Mercado Bitcoin possui um cartão que devolve até 2% de cashback… em bitcoin.
Ou seja, você vai na loja e faz uma compra que pagaria com Pix (sem ganhar nada) e ganha 2% de cashback no ativo que mais valorizou na última década. Uma compra de 500 reais usando seu cartão, rende 10 de cashback. Esses 10 reais, no acumulado dos últimos 12 anos, teriam virado 1.571 reais. Nada mal, né?
Bora testar, sem medo!