*Por Nina Schick, referência global em IA, e Luis Felipe Monteiro, VP da Unico e ex-secretário de Governo Digital
Em um cenário de hiperconectividade, a inteligência artificial, como ferramenta tecnológica, se transformou em um novo vetor de poder global. Assim como o petróleo e semicondutores moldaram eras passadas, a IA inaugura o momento da “inteligência industrial”. Esse contexto, impulsionado pela AI Scaling Law, tem feito as capacidades de IA dobrarem a cada seis meses – a um custo próximo de zero para o usuário final, e o movimento transforma a IA em recurso barato e abundante, que passará a sustentar toda a economia e os sistemas de segurança.
No entanto, o mesmo poder que torna a IA transformadora, também pode significar uma ameaça à segurança. Deepfakes e manipulações digitais desafiam a confiança em imagens e identidades, enquanto fraudes online e crimes cibernéticos se multiplicam. É neste ponto que a discussão sobre a corrida da IA encontra uma urgência: como garantir confiança no mundo digital?
O campo de batalha da confiança
Na corrida global pela IA, três frentes são decisivas: energia, semicondutores e talentos. Já para o cidadão comum e empresas, a frente que mais importa é a da confiança. Sem mecanismos seguros de autenticação, todo o progresso tecnológico fica vulnerável a fraudes.
É aqui que a biometria facial com prova de vida (liveness detection) assume protagonismo. Trata-se de uma tecnologia capaz de verificar se existe de fato um ser humano real e presente por trás de uma câmera – não uma fotografia, vídeo manipulado ou avatar sintético.
O exemplo Brasil
No Brasil, a Unico, maior rede de verificação de identidade, tem observado de perto a escalada da demanda por soluções robustas de prova de vida. Somente no primeiro semestre de 2025, as transações de liveness com interação dobraram em relação ao semestre anterior, alcançando 486 milhões de validações.
Os números impressionam não apenas pelo volume, mas pela precisão: a tecnologia atinge 99,9% de assertividade, com 0% de falso positivo. Além disso, em 97% dos casos, a validação acontece na primeira tentativa, reduzindo erros, desistências e oferecendo fluidez em cadastros digitais, compras online e concessão de crédito.
Um novo padrão de segurança digital
No ambiente regulatório internacional, normas como o GDPR e as diretrizes de combate à lavagem de dinheiro (AML) já exigem processos mais rigorosos de verificação de identidade (KYC). Isso reforça a importância de soluções que combinem biometria facial e prova de vida como camada essencial de defesa contra fraudes financeiras e manipulações com IA.
Com identidades falsas sendo construídas mediante ação de softwares generativos, a validação biométrica com liveness, mais que uma ferramenta de conveniência, é uma infraestrutura crítica, criada para atender as dores da sociedade digital.
A convergência entre geopolítica e segurança individual
Se no palco global a corrida por chips, energia e talentos irá definir quem lidera a era da IA, no cotidiano o que traz essa definição é a capacidade de garantir que cada identidade digital é confiável. Governos e empresas precisam responder a essa ameaça com a mentalidade de que a confiança é o verdadeiro campo de batalha do embate em relação à IA.
Ao mesmo tempo em que existem riscos estratégicos da inteligência artificial, tecnologias concretas, como a prova de vida, podem proteger milhões de pessoas contra fraudes diárias. É essa convergência entre o olhar geopolítico e a aplicação prática que evidencia o caminho para uma digitalização realmente segura.
No fim, a lição é nítida: em um cenário redefinido pela IA, a tecnologia de liveness é a nova senha que viabiliza a segurança das pessoas, sendo capaz de reduzir erros, eliminar inconsistências e estabelecer um padrão robusto de confiança, o ativo do século.