* Giovanni Oliveira é diretor de operações da Farma Ventures
As startups já se consagraram como um potente motor para a inovação dos mais diversos setores, e na área da saúde, em que está inserido o segmento farmacêutico, não seria diferente. Querendo ou não, a pandemia acelerou o engajamento de novas tecnologias e modelos de negócios inovadores. Por outro lado, também evidenciou o quanto grandes players de setores diversos estavam há tempos resilientes e adaptáveis ao mercado.
Por isso, novos modelos de negócios, que envolvem o universo digital para criar soluções aos desafios do mundo real, estão em ascensão. O segmento de startups farmacêuticas, inclusive, está aquecido, tem potencial e ainda é pouco explorado. Portanto, mapeá-las se faz cada vez mais necessário. E eu posso provar os porquês:
1. As dores do setor farmacêutico
Acredito que os maiores desafios do segmento são aqueles que impedem as redes farmacêuticas tanto de conquistarem vantagem competitiva e uma economia de escala para ampliarem suas lojas quanto de investirem em novas tecnologias. Em resumo: são os obstáculos que interferem no aumento de receita, na transformação digital e na oportunidade de criação de um cenário em que a rede de farmácia pode liderar o setor.
Ou seja, as dores estão relacionadas, principalmente, à falta de automação de processos; de tecnologias de IA; à ausência de diversificação na forma de pagamento e outros serviços; à escassez de novas experiências para os clientes; à falta de conexão com diferentes canais integrados (omnichannel); à ausência de integração com toda a cadeia de valor; e à implementação de novas tecnologias, como a realidade aumentada e o metaverso, por exemplo.
2. Inovação é o caminho
Para diminuir as dores do setor farmacêutico, a inovação se mostra como saída certeira. Nesse processo, podem surgir transformações únicas por meio do empreendedorismo interno (intraempreendedorismo), do empreendedorismo em si (startups) e de novos modelos de negócios que trabalham com inovações. Avalio que o nicho de venture building consegue desenvolver mais resultados no processo porque ajuda as startups a se desenvolverem, ao mesmo tempo que auxilia o setor a se transformar digitalmente.
Além disso, VBs têm mais expertise para orientar a área no mapeamento e na priorização das necessidades, evitando, assim, investimentos que demoram a trazer resultados, bem como um produto que não esteja tão conectado com as dores específicas do ramo.
3. A tecnologia é nossa melhor amiga
Convenhamos que, nos dias de hoje, uma dor só existe quando não há uma tecnologia, pois desenvolver uma solução requer custo e conhecimento acumulado. Por isso, uma inovação normalmente surge como algo incremental ou disruptivo e, nesses pontos, normalmente as empresas não atuam porque o retorno imediato é baixo, o custo é alto e falta capital intelectual para atuação.
Já para uma startup funciona totalmente diferente. O retorno imediato para é muito bem aceito, o custo é diluído ao longo do ciclo de desenvolvimento e da captação de investimentos e o capital intelectual necessário já faz parte da sua constituição inicial.
4. Mapeamento na prática
Existem diversas bases de dados abertas e pagas para fazermos pesquisas. Além disso, estão surgindo marketplaces e empresas que trabalham com startups focadas em conectar quem precisa com quem resolve. Apesar do potencial dessas soluções, existem também venture builders com um ponto focal bem interessante para encontrar inovações para o setor. Por trás do trabalho que desenvolvem, há diariamente entrevistas com várias startups, além de atuação direta na seleção e no desenvolvimento de soluções que realmente atendem às necessidades e às expectativas do segmento.
Agora, você me pergunta: quais são os pontos positivos, os benefícios frente a tudo aqui apresentado?
É justamente o poder do canal, principalmente para dar acesso às startups e outras empresas. Outro ponto-chave, claro, é o acúmulo de capital. Afinal, o varejo farmacêutico consegue entregar retornos significativos, que vão se evidenciar cada vez mais com o poder de soluções inovadoras – leia-se: startups.